Se vós não vos converterdes, ireis morrer todos do mesmo modo.
27 de outubro de 2018Uma cura num sábado (LC 13,10-17)
29 de outubro de 2018PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, vem e toca meus sentidos para receber a Boa-Nova.
Espírito Santo, vem e faze com que a força da Palavra renove minha vida.
Espírito Santo, vem e sopra para que
junto a Jesus Vivo, eu possa encarnar a Palavra
em meus gestos, juntamente com minha comunidade.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Marcos 10.45-52
Jesus cura o cego Bartimeu
Mateus 20.29-34; Lucas 18.35-43
46Jesus e os discípulos chegaram à cidade de Jericó. Quando ele estava saindo da cidade, com os discípulos e uma grande multidão, encontrou um cego chamado Bartimeu, filho de Timeu. O cego estava sentado na beira do caminho, pedindo esmola. 47Quando ouviu alguém dizer que era Jesus de Nazaré que estava passando, o cego começou a gritar:
— Jesus, Filho de Davi, tenha pena de mim!
48Muitas pessoas o repreenderam e mandaram que ele calasse a boca, mas ele gritava ainda mais:
— Filho de Davi, tenha pena de mim!
49Então Jesus parou e disse:
— Chamem o cego.
Eles chamaram e lhe disseram:
— Coragem! Levante-se porque ele está chamando você!
50Então Bartimeu jogou a sua capa para um lado, levantou-se depressa e foi até o lugar onde Jesus estava.
51 — O que é que você quer que eu faça? — perguntou Jesus.
— Mestre, eu quero ver de novo! — respondeu ele.
52 — Vá; você está curado porque teve fé! — afirmou Jesus.
No mesmo instante, Bartimeu começou a ver de novo e foi seguindo Jesus pelo caminho.
1. LEITURA
Que diz o texto?
* Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Que cidade Jesus atravessa e para onde se dirige?
2. Quem é Bartimeu, onde se encontra e qual é sua situação?
3. O que ele pede a Jesus?
4. O que lhe dizem as pessoas e como ele reage?
5. O que faz Bartimeu quando Jesus o chama?
6. O que Jesus lhe pergunta e o que Bartimeu reponde?
7. O que Jesus lhe diz e o que acontece com Bartimeu?
* Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini1
Com este evangelho, conclui-se a seção do caminho de Jesus para Jerusalém (8.27–10.52). Jesus e seus discípulos estão cruzando Jericó, localidade que está situada a 28km a noroeste de Jerusalém, e que é a última etapa obrigatória no caminho para Jerusalém. A multidão segue-o, enquanto um cego está à beira do caminho (cf. a semente que cai ali em Mc 4.4,15). A cegueira marginaliza-o tanto no âmbito social, pois precisa mendigar, quanto no religioso, porquanto não pode entrar no tempo por ser considerado um homem impuro. O cego “ouviu alguém dizer que era Jesus de Nazaré”. Escutar é sempre o primeiro passo na conversão à fé (cf. 5.27), e aqui se enfatiza mais a primazia do escutar sobre o ver a fim de chegar a conhecer Jesus.
À escuta, segue-se a palavra do cego, e mais do que palavra, é um grito de súplica. A expressão “Filho de Davi, tenha pena de mim!” é, ao mesmo tempo, um grito de angustiosa súplica, como uma confissão de fé.
A multidão quer fazê-lo calar-se e impede, assim, sua conversão. O cego, porém, grita ainda mais, indicando a firmeza de sua decisão. Jesus manda-o chamar, e as pessoas informam o cego. Agora a multidão colabora, faz-se de intermediária. Bartimeu jogou sua capa para um lado, o que poderia ser um sinal de desprendimento. Quando se aproxima, Jesus pergunta-lhe: “O que é que você quer que eu faça?”, criando, assim, um vínculo com o cego. Não há cura sem diálogo, o que nos revela que, para Jesus, o fundamental é o encontro pessoal com ele.
Então Jesus lhe diz: “Vá; você está curado porque teve fé!” Qual foi o ato de fé do cego? A confissão messiânica de Filho de Davi (cf. c 8.29; 12.35) e o esforço para superar os obstáculos que o impediam de aproximar-se de Jesus. Neste relato, não há nenhum gesto de cura senão apenas a referência à fé que salva. Isto indica que se trata de algo mais do que recuperar a vista física: trata-se do acesso a Jesus e de uma união
pessoal com ele pela fé. O final do relato confirma este sentido profundo: “No mesmo instante, Bartimeu começou a ver de novo e foi seguindo Jesus pelo caminho”.
O cego converteu-se em seguidor de Jesus, ou seja, em discípulo, e o caminho que ele começa acompanhando Jesus é o da paixão. Esta é a preocupação de Marcos, e nisto se cristaliza a fé.
O que o Senhor me diz no texto?
Para meditar esta Palavra de Deus, podemos partir de uma certeza: todos amamos a luz e tememos a escuridão. E isto porque todos temos necessidade da luz para poder anda na vida. Todos queremos “ver”; contudo, este “ver” abarca não somente a visão física, mas o saber para onde ir, saber que decisões tomar para seguir o caminho correto em nossa vida, e para poder encontrar sentido no que fazemos cada dia.
Andar na escuridão, na cegueira espiritual, é andar na tristeza, na confusão, na solidão. Por outro lado, caminhar na luz é ter encontrado a salvação, o sentido e a alegria de viver, a comunhão com os demais, a amizade com Deus. Por isso, Jesus responde ao cego Bartimeu dizendo-lhe: “Vá; você está curado porque teve fé!”. E imediatamente começou a ver e a segui-lo pelo caminho.
Jesus oferece-nos a luz da fé, que nos ajuda a olhar a realidade sem negá-la nem mutilá-la; e que tem a capacidade de iluminar toda a existência do homem (Francisco, Lumen fidei, nº 4). E esta luz, nós a recebemos de Jesus quando ele nos revela o grande amor de Deus que nos transforma interiormente e nos dá olhos novos para ver a realidade (LF, nº 26).
Hoje somos convidados a desejar esta luz que vem de Deus e a pedi-la humildemente na oração, como o fazia o Cardeal Newman: “Guia-me, luz bondosa; as trevas me rodeiam, guia-me para frente. Protege-me ao caminhar. Não te peço ver claramente o futuro, mas um passo aqui e agora: somente um passo, somente o pão para hoje”. E pedimo-lo com confiança, sabendo que “a fé não é luz que dissipa todas as nossas trevas, mas lâmpada que guia os nossos passos na noite, e isto basta para o caminho. Ao homem que sofre, Deus não dá um raciocínio que explique tudo, mas oferece a sua resposta sob a forma duma presença que o acompanha, duma história de bem que se une a cada história de sofrimento para nela abrir uma brecha de luz. Em Cristo, o próprio Deus quis partilhar conosco esta estrada e oferecer-nos o seu olhar para nela vermos a luz” (LF, nº 57).
E, por fim, os que gozamos desta luz cálida da fé, temos agora a missão de levar outros até Jesus, como fonte da luz e da visão. Como nos diz o Papa Francisco: “A isto são chamados os discípulos de Jesus, também hoje, especialmente hoje: pôr o homem em contato com a Misericórdia compassiva que salva. Quando o grito da humanidade se torna, como o de Bartimeu, ainda mais forte, não há outra resposta senão adotar as palavras de Jesus e, sobretudo, imitar o seu coração. As situações de miséria e de conflitos são para Deus ocasiões de misericórdia. Hoje é tempo de misericórdia! (Papa Francisco, Homilia de 25 de outubro de 2015).
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. O que me é mais custoso aceitar no seguimento de Jesus?
2. Como reajo quando não posso ver por onde vai meu caminho?
3. Peço a Jesus a graça de poder ver, de poder crer?
4. Os outros ajudam ou atrapalham minha aproximação a Jesus?
5. Minhas palavras e ações distanciam ou aproximam Jesus dos demais?
6. Já experimentei alguma graça de “iluminação” por parte de Jesus que me permitiu continuar a crer e a esperar nele?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, estares atento a mim.
Juntamente com Bartimeu, grito a ti: tem piedade de mim!
Apresento-te minhas cegueiras: o que não quero ver,
o que ainda não posso ver.
Dá-me a luz da fé.
Arranca todo orgulho que impeça de estar perto de ti
e de meus irmãos.
Tira-me da exclusividade de querer possuir-te somente para mim
e evitar que os outros se aproximem de ti.
Que eu veja, Mestre!
Somente assim poderei dar um salto e seguir-te
pelo caminho que tens preparado para mim.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Mestre, que eu possa ver!”
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, pedirei com fé a graça de poder descobrir Jesus no cotidiano.
“Cego é aquele que não conhece a Cristo,
e a cura é o dom da fé”.
São Jerônimo