VI Domingo do Tempo Comum – Ano B
15 de fevereiro de 2015Fermento (Mc 8, 14-21)
17 de fevereiro de 2015Os fariseus vieram e começaram a discutir com Jesus. E, para pô-lo à prova, pediam-lhe um sinal do céu. Mas Jesus deu um suspiro profundo e disse: “Por que esta gente pede um sinal? Em verdade vos digo, a esta gente não será dado nenhum sinal”. E, deixando-os, Jesus entrou de novo na barca e se dirigiu para a outra margem.
Na minha oração, lembrei-me de que, no evangelho segundo Lucas, Simeão disse a Maria que o menino Jesus seria um sinal de contradição.
Jesus escancarou várias contradições da época, como por exemplo aquelas relacionadas à observação do sábado, quando permitiam a tarefa para tirar um boi que caía num poço, mas não a que fosse para curar um homem (Lc 14,1-6).
Porém, aqui observo algo mais profundo. O próprio Jesus é o sinal. Sua maneira de ser, sua misericórdia, seu cuidado com os mais necessitados, sua fraternidade. Tudo nele é um sinal do céu!
Todos aqueles que, movidos pela fé, aproximavam-se de Jesus eram satisfeitos em suas necessidades, porém os fariseus, não conseguindo perceber no próprio Jesus o sinal do céu, aproximam-se movidos por sentimentos de competição. Necessitavam destruir a imagem daquele que apresentava algo novo e que ameaçava seus privilégios.
Jesus poderia mandar cair raios, mover estrelas, sei lá, fazer grandes sinais e submeter aqueles fariseus a seu domínio, porém aquele pedido tinha a mesma raiz das propostas do diabo, quando lhe tentou no deserto. Se Jesus caísse nessa armadilha, estaria cedendo à tentação de mostrar que Ele era poderoso de uma forma que não se encaixava na sua proposta de servir, e não de ser servido.
Seu poder somente é exercido para servir àquilo para o qual Ele veio: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me consagrou com a unção, para anunciar a Boa Notícia aos pobres; enviou-me para proclamar a libertação aos presos e aos cegos a recuperação da vista; para libertar os oprimidos, e para proclamar um ano de graça do Senhor” (Lc 4,18-19).
Utilizar seu poder para satisfazer interesses mesquinhos, conquistar fama e respeito, seria desviar-se do plano de Deus.
Penso que, na oração de hoje, além de buscarmos aumentar nossa fé para reconhecer em Jesus os sinais do céu e que somente isso nos basta, podemos, aprendendo com o Ele, caminhar por duas vias.
A primeira nos leva a investigar quando somos tentados a mostrar que podemos, que somos mais, para satisfazer desejos de outros ou para suprir nossas carências de sermos reconhecidos. Como nos comportamos nessas situações? O que podemos aprender com Jesus? Temos sabido não entrar nessa armadilha? Temos sabido ir para a outra margem? Para a margem que nos reconduz à humildade de sermos o que somos, sem a necessidade de ficar fazendo coisas somente para provar?
A segunda via nos levaria a investigar quando somos superficiais no reconhecimento daqueles que nos cercam. Quando não prestamos atenção àquilo que eles são e exigimos deles demonstrações de valor.
Que o Espírito Santo nos conduza em nossa oração e nos ajude a valorizar nosso ser como realmente somos, considerando também o próximo como que ele é, sem a necessidade de pedir provas. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG