Obedecer a Deus (At 5,27-33)
16 de abril de 2015No meio da escuridão (Jo 6,16-21)
18 de abril de 2015Naquele tempo, Jesus foi para o outro lado do mar da Galileia, também chamado de Tiberíades. Uma grande multidão o seguia, porque via os sinais que ele operava a favor dos doentes. Jesus subiu ao monte e sentou-se aí, com seus discípulos. Estava próxima a Páscoa, a festa dos judeus.
Levantando os olhos, e vendo que uma grande multidão estava vindo ao seu encontro, Jesus disse a Filipe: “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?” Disse isso para pô-lo à prova, pois ele mesmo sabia muito bem o que ia fazer. Filipe respondeu: “Nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um”.
Um dos discípulos, André, o irmão de Simão Pedro, disse: “Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes. Mas o que é isso para tanta gente?” Jesus disse: “Fazei sentar as pessoas”. Havia muita relva naquele lugar, e lá se sentaram, aproximadamente, cinco mil homens.
Jesus tomou os pães, deu graças e distribuiu-os aos que estavam sentados, tanto quanto queriam. E fez o mesmo com os peixes. Quando todos ficaram satisfeitos, Jesus disse aos discípulos: “Recolhei os pedaços que sobraram, para que nada se perca!”
Recolheram os pedaços e encheram doze cestos com as sobras dos cinco pães, deixadas pelos que haviam comido. Vendo o sinal que Jesus tinha realizado, aqueles homens exclamavam: “Este é verdadeiramente o Profeta, aquele que deve vir ao mundo”. Mas, quando notou que estavam querendo levá-lo para proclamá-lo rei, Jesus retirou-se de novo, sozinho, para o monte.
Começo minha oração observando a primeira atitude de Jesus, de ir para o outro lado do mar. O outro lado não é apenas uma mudança de caminho, mas uma abertura que revela o amor daquele que veio para todos. A multidão que o seguia buscava sinais. Jesus sabia, mas parece ver nisso a oportunidade de realizar algo mais importante: dar um ensinamento novo. Ele sobe ao monte e se senta. Levantando os olhos, vê a multidão que vem a seu encontro. Penso que seja a multidão que caminhava em direção a Jerusalém, para a festa iminente da Páscoa. Todos os anos, os judeus maiores de 12 anos se dirigiam a Jerusalém para a festa da Páscoa judaica. Essa festa rememora a saída dos judeus do Egito e a passagem pelo Mar Vermelho, em direção à terra prometida.
Jesus se compadece da multidão faminta, bem mais faminta da palavra de Deus que de pão. Mas Jesus é a Palavra encarnada e o que se apresenta é uma situação de necessidade: como alimentar uma multidão de cinco mil pessoas? Jesus interpela Filipe, provoca-o com sua pergunta. O que Filipe estaria disposto a fazer? Mas Filipe não vê nada além da limitação: “Nem duzentas moedas de prata bastariam para dar um pedaço de pão a cada um”. André se aproxima e fala do menino que ali estava com cinco pães e 2 peixes, mas não vê além da impossibilidade: “…Mas o que é isso para tanta gente?” Jesus não vê limitação, nem impossibilidade. Jesus vê uma oportunidade de que se manifeste ali a glória de Deus. Tomando os pães e os peixes, abençoa-os e os distribui. Vai fazendo da partilha um sinal maior que o esperado. Neste ponto da oração, vêm-me à mente as situações de calamidade por que passam tantas pessoas nas enchentes que inundam suas casas, deixando-as desprovidas de tudo. Perdem móveis, eletrodomésticos, roupas e lhes falta até mesmo o alimento. E é bem nessa hora que se vê a solidariedade das pessoas despontar dos mais diversos cantos. O gesto de Jesus é revivido cada vez que aceitamos o convite à solidariedade, à fraternidade. Acredito que, a cada dia, é como se ele repetisse a pergunta feita a Filipe: “Onde vamos comprar pão para que eles possam comer?” No entanto, não nos deixa sem rumo. Mostra além da limitação e da impossibilidade. Evidência disso é a oração que nos ensinou, do Pai Nosso, em que tudo é de todos: o Pai, o reino, o pão, o perdão, a libertação. Este evangelho realça para mim o quanto Jesus conta conosco, o quanto nos quer atuantes e colaboradores na construção do reino. Aonde quer que se vá haverá fome e a maior de todas é a fome de Deus. Sempre teremos o que partilhar, mesmo com aqueles que não precisam de comida.
Que o exemplo de partilha de Jesus nos abra os olhos para tantas realidades de pobreza à nossa volta, fazendo-nos solidários, capazes de doar o que temos e o que somos. Amém!
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Regina Maria – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte