E seus olhos se abriram (At 9,1-20)
9 de maio de 2014“O Senhor é meu pastor; nada me faltará”
11 de maio de 2014Muitos dos discípulos de Jesus, que o escutaram, disseram: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?” Sabendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso mesmo, Jesus perguntou: “Isto vos escandaliza? E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes? O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida. Mas entre vós há alguns que não creem”. Jesus sabia, desde o início, quem eram os que não tinham fé e quem havia de entregá-lo.
E acrescentou: “É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim a não ser que lhe seja concedido pelo Pai”. A partir daquele momento, muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele. Então, Jesus disse aos doze: “Vós também vos quereis ir embora?” Simão Pedro respondeu: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.
Hoje, na minha oração, sou convidado a contemplar Pedro, observando o desenrolar de todos aqueles acontecimentos e, no final, ao ser questionado, responder com esta profissão de fé.
Pedro, que já havia presenciado outros sinais, presencia a multiplicação dos cinco pães e dos dois peixinhos que alimentaram cinco mil homens. Depois, vê Jesus caminhar sobre o mar e se dirigir até a outra margem.
Jesus o encanta. Ele sabe que ali está alguém diferente de todos os que já conheceu e além de qualquer possibilidade imaginável.
Cada vez se torna mais forte, em seu coração, a certeza de que Jesus é o messias.
Pedro acompanha a revelação de Jesus, de que Ele é o verdadeiro pão descido do céu para dar vida ao mundo. Que se deve esforçar e trabalhar por este pão que não perece. Escuta, também, Jesus explicar que é o Pai que dá o dom da fé.
Pedro vai à loucura quando a multidão pede sinais para poder crer em Jesus.
Como querem sinais? Não viram tudo o que Jesus havia feito?
Jesus continua explicando, de várias formas, que ele é o alimento que dá vida ao mundo. Que sua carne é verdadeira comida e seu sangue verdadeira bebida e quem não come sua carne e bebe seu sangue não tem a vida nele.
As pessoas na multidão, e até alguns discípulos, começam a murmurar que aquilo é um absurdo. Como poderiam comer a carne de Jesus? Beber seu sangue?
Pedro começa a pensar se ele “caiu no conto do vigário”, e seguiu alguém desmiolado, como as pessoas estavam dizendo.
Não. Algo muito forte dizia que não.
Pedro também não compreende o que aquelas palavras significavam, mas, vindas de Jesus, pareciam fazer sentido. O brilho no olhar, a firmeza com que Jesus falava, além de todos os sinais que já presenciara, transmitiam confiança.
Por um tempo, Pedro se lembra de sua infância, de seu pai lhe explicando os segredos da pesca. Naquela época, ele também não compreendia muita coisa a respeito, mas seu pai falava de um jeito que, mesmo sem compreender, ele concordava. Ficou pensando que depois, aos poucos, as coisas foram se encaixando e, naquele momento, ele conhecia, como poucos, os segredos do mar.
Ao se lembrar disso, Pedro sorriu levemente e pensou: quero compreender e viver essas coisas que Jesus fala. Apesar de não compreender, isso faz sentido e me deixa feliz.
Voltando de seus pensamentos, Pedro percebeu que todos estavam muito agitados e alguns estavam indo embora, reclamando de como foram idiotas de terem acompanhado um louco por tanto tempo.
Tentou conversar com alguns, dissuadi-los da ideia de abandonarem Jesus, mas eles não davam ouvidos e ainda diziam que ele também deveria estar enlouquecido por concordar com o Nazareno.
Quando ouve de Jesus se também não quer partir, o pensamento de Pedro acelera, ele fecha os olhos, respira fundo e recorda, rapidamente, de tudo que tinha vivido, até então, ao lado do Mestre. Pensa que, apesar de não compreender muitas coisas, todas aquelas palavras, gestos e sinais, o faziam se sentir cheio de vida. Uma sensação indescritível, tão forte e real que ele não acreditava ser possível experimentá-la em nenhum outro lugar.
Ao abrir os olhos, um segundo depois, Pedro já está com a resposta na ponta da língua: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.
Contemplando, dessa forma, a experiência de Pedro, podemos nos perguntar: o que essa experiência diz para mim? Quando as exigências do evangelho ficam muito fortes, como tenho me comportado? Acho que é loucura a radicalidade que o evangelho me exige? Prefiro ficar somente com aquele Jesus bonitinho, que diz coisas lindas, mas que não incomoda, ou aceito permanecer firme, mesmo me sentindo incomodado?
Que o Pai nos conceda a graça da fé, para vivermos plenamente as exigências do evangelho e, aumentando em nós a esperança e confiança da vida eterna, possamos anunciar, principalmente com nosso testemunho de vida, que Jesus é o Santo de Deus que tem as palavras de vida eterna. Amém!
João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG