Fé! (Mt 8, 5-17)
30 de junho de 2018“Estenda a mão e ponha no meu lado”
3 de julho de 2018PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, ilumina meu entendimento
para que, ao encontrar-me com a Palavra,
sinta a presença de Jesus que me fala.
Espírito Santo, toca meu coração e conduze-me
para ser testemunha do Evangelho.
Espírito Santo, envolve-me junto a outros irmãos para anunciar,
com palavras e gestos, que o Reino está perto.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Marcos 5.21-43
O pedido de Jairo
Mateus 9.18-19; Lucas 8.40-42
21Jesus voltou para o lado oeste do lago, e muitas pessoas foram se encontrar com ele na praia. 22Um homem chamado Jairo, chefe da sinagoga, foi e se jogou aos pés de Jesus, 23pedindo com muita insistência:
— A minha filha está morrendo! Venha comigo e ponha as mãos sobre ela para que sare e viva!
24E Jesus foi com ele. Uma grande multidão foi junto e o apertava de todos os lados.
Jesus e a mulher doente
Mateus 9.20-22; Lucas 8.43-48
25Chegou ali uma mulher que fazia doze anos que estava com uma hemorragia. 26Havia gastado tudo o que tinha, tratando-se com muitos médicos. Estes a fizeram sofrer muito; mas, em vez de melhorar, ela havia piorado cada vez mais. 27Ela havia escutado falar de Jesus; então entrou no meio da multidão e, chegando por trás dele, tocou na sua capa, 28pois pensava assim: “Se eu apenas tocar na capa dele, ficarei curada.” 29Logo o sangue parou de escorrer, e ela teve certeza de que estava curada. 30No mesmo instante Jesus sentiu que dele havia saído poder. Então virou-se no meio da multidão e perguntou:
— Quem foi que tocou na minha capa?
31Os discípulos responderam:
— O senhor está vendo como esta gente o está apertando de todos os lados e ainda pergunta isso?
32Mas Jesus ficou olhando em volta para ver quem tinha feito aquilo. 33Então a mulher, sabendo o que lhe havia acontecido, atirou-se aos pés dele, tremendo de medo, e contou tudo. 34E Jesus disse:
— Minha filha, você sarou porque teve fé. Vá em paz; você está livre do seu sofrimento.
Jesus e a filha de Jairo
Mateus 9.23-26; Lucas 8.49-56
35Jesus ainda estava falando, quando chegaram alguns empregados da casa de Jairo e disseram:
— Seu Jairo, a menina já morreu. Não aborreça mais o Mestre.
36Mas Jesus não se importou com a notícia e disse a Jairo:
— Não tenha medo; tenha fé!
37Jesus deixou que fossem com ele Pedro e os irmãos Tiago e João, e ninguém mais. 38Quando entraram na casa de Jairo, Jesus encontrou ali uma confusão geral, com todos chorando alto e gritando. 39Então ele disse:
— Por que tanto choro e tanta confusão? A menina não morreu; ela está dormindo.
40Então eles começaram a caçoar dele. Mas Jesus mandou que todos saíssem e, junto com os três discípulos e os pais da menina, entrou no quarto onde ela estava. 41Pegou-a pela mão e disse:
— “Talitá cumi!” (Isto quer dizer: “Menina, eu digo a você: Levante-se!”)
42No mesmo instante, a menina, que tinha doze anos, levantou-se e começou a andar. E todos ficaram muito admirados. 43Então Jesus ordenou que de jeito nenhum espalhassem a notícia dessa cura. E mandou que dessem comida à menina.
1. LEITURA
Que diz o texto?
* Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
· O que pede o chefe da sinagoga a Jesus, e de que maneira o faz?
· O que acontecia àquela mulher e por que procurava tocar em Jesus?
· O que lhe acontece quando ela o toca e como Jesus reage?
· Quando realmente aquela mulher encontrou a cura/salvação?
· O que aconteceu com a filha de Jairo e o que Jesus faz quando fica sabendo?
· O que fazem as pessoas e o que faz Jesus com a filha de Jairo?
* Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini1
O relato situa-nos novamente à margem judaica do mar da Galileia. Jesus permanece ali mesmo, e uma multidão o rodeia. Nestas circunstâncias, aparece um pai desesperado pela vida de sua filha. Trata-se de Jairo, um dos chefes da sinagoga, que se lança aos pés de Jesus e lhe suplica por sua filhinha. Concretamente, diz a Jesus: “: “A minha filha está morrendo! Venha comigo e ponha as mãos sobre ela para que sare e viva!” Trata-se, portanto, de uma situação limite; por isso, este “chefe da sinagoga” (e, por conseguinte, autoridade religiosa em Israel) dirige-se a Jesus como último recurso. O gesto de prostrar-se e o tom do pedido denotam seu desespero.
Jesus consente com ir à casa de Jairo e, para isso, precisa atravessar “uma grande multidão que o apertava por todos os lados”. Nesta nova circunstância, aparece em cena uma mulher. Seu nome não é mencionado, mas o narrador se estende bastante na descrição de sua desesperada situação: sofre de “fluxo de sangue ou hemorragia” desde os doze anos e, tendo gastado toda a sua fortuna com os médicos, não pôde livrar-se da enfermidade, mas ia de mal a pior. Naquela época, esta situação tornava impura a mulher; assim, além de sofrer o mal da enfermidade, padece uma marginalização social e religiosa. Esta mulher encontra-se igualmente em uma situação limite de desespero, e recorre a Jesus porque “havia escutado falar “ dele.
Diferentemente de Jairo, esta mulher não se atreve a dirigir-se diretamente a Jesus. Mui provavelmente, sua condição de mulher e de “impura” levantava uma barreira insuperável para aproximar-se abertamente de Jesus. Por isso, vai por trás e, sem dizer palavra, toca o manto de Jesus, movida por uma grande fé/confiança: “Se eu apenas tocar na capa dele, ficarei curada”.
O relato fala de uma cura instantânea da mulher, que o percebe no próprio corpo. Indica também que Jesus, no mesmo instante, dá-se conta da força que havia saído dele e começa a buscar a mulher. Jesus pergunta e olha. Os discípulos não compreendem o acontecido. A mulher sim, compreende-o e, com temor e tremor, aproxima-se agora de Jesus, prostra-se diante dele e lhe conta toda a verdade.
A frase de Jesus que encerra toda esta cena é importante, e é preciso prestar-lhe muita atenção: “Minha filha, você sarou porque teve fé. Vá em paz; você está livre do seu sofrimento”. Por meio desta frase, Jesus
declara publicamente que a salvação/cura da mulher veio de sua fé, de sua atitude confiante no poder de Jesus, e não pelo simples gesto de tocar seu manto.
O diálogo é interrompido pela inesperada aparição de “empregados” da casa do chefe da sinagoga para anunciar-lhes a morte da filha de Jairo. Com esta intervenção, voltamos ao primeiro relato. Jesus não dá atenção a estas palavras – assim como não fez caso das palavras de seus discípulos pouco antes – e pede a Jairo que vença o temor e tenha fé.
Em seguida, a narrativa desenvolve-se com rapidez, ao mesmo tempo enfatizando a busca da privacidade por parte de Jesus: presenciam a cura somente três discípulos escolhidos e os pais da menina. Aqui também Jesus não se importa com aqueles que apenas julgam pelas aparências e caçoam dele.
O milagre implica um gesto (tomar pela mão) e uma ordem de Jesus (conservada em sua língua original, o aramaico). Não há nenhuma resistência: a menina põe-se de pé no mesmo instante e caminha. Depois de pedir-lhe discrição sobre o acontecido, Jesus ordena que lhe deem de comer. Estas últimas palavras indicam uma atitude de ternura da parte de Jesus, de preocupação pela situação concreta da menina. Soam em claro contraste com a repreensão dos discípulos a Jesus durante a tempestade no lago: “Mestre! Nós vamos morrer! O senhor não se importa com isso?” (Mc 4.38). Neste detalhe, Jesus mostra quanto lhe importa a vida dos outros, em todos os sentidos.
Em síntese: “O evangelho reuniu estes dois milagres porque é um encontro de Jesus com a morte manifestada em duas formas diferentes: um morto em vida e um morto fisicamente. E Jesus demonstrou seu poder diante desta morte, contra a qual os homens não podem fazer nada “ (L. H. Rivas).
O que o Senhor me diz no texto?
Uma primeira de apropriar-nos do evangelho de hoje é colocar-nos no lugar da mulher e da menina doentes. Ambas se encontram em uma situação limite, e praticamente nos braços do desespero. A filha de Jairo, pela gravidade de sua enfermidade; e a mulher com fluxos de sangue durante doze anos, porque havia tentando curar-se de mil maneiras, mas sem poder conseguir. Esta mulher coloca sua confiança em Jesus e busca a cura nele e somente ele. Jairo também recorre com fé a Jesus, pedindo a cura de sua filha em estado terminal.
Crer em Jesus é confiar nele, esperar dele, como filho de Deus, o que nada nem ninguém pode dar-nos, que é a vida eterna. É que tais curas são um sinal que nos mostra que Jesus pode vencer o mal em sua raiz e, por isso, pode fazer com que a menina de doze anos, já falecida, levante-se caminhe. Estes relatos de curas milagrosas realizadas por Jesus são fundamentalmente um convite a crer nele, a confiar-nos e a abandonar-nos a ele nas situações limites, de morte, que nos podem afetar. Não tenhamos medo da rejeição, porque o Senhor sempre nos recebe, escuta-nos e cura-nos.
E para convencer-nos disto, busquemos como alternativa para apropriar-nos do evangelho de hoje o colocar-nos ao lado de Jesus, contemplando suas atitudes para imitá-lo. Observemos como Jesus recebe Jairo em sua busca desesperada de um milagre que salve sua filha moribunda; sua disponibilidade para ir com ele até sua casa para curá-la. A partir deste momento, a situação desta menina enferma passou a ser o mais importante e prioritário para Jesus. E se por acaso se demora é porque lhe aparece outro caso desesperado para ser atendido: o da mulher com o fluxo de sangue e desenganada pelos médicos. Aqui importa observar como Jesus busca o vínculo pessoal e consegue, assim, que esta mulher anônima e sem palavras, embora crente, se abra a um diálogo confiante e verdadeiro. Portanto, somente quando chega a esta situação de comunhão pessoal com Jesus, pode dizer-se que foi salva por sua fé e pode “ir-se em paz”, pois recuperou, depois de
longos doze anos, sua saúde integral, física e espiritual. Por isso, para além da cura física, está a salvação pessoal, que consiste no vínculo com Jesus.
Por fim, contemplemos as atitudes e dos gestos de Jesus com a filha de Jairo. Nunca perde a esperança, toma-a pela mão e faz com que a menina se levante e caminhe. E se preocupa até com o detalhe de que lhe dessem algo para comer. O Senhor está atento até aos mínimos pormenores, cuidando e protegendo a vida. Como bem diz o Papa Francisco: “O olhar de Jesus se volta para o grande e para o pequeno. Assim olha Jesus: vê-nos a todos, mas olha para cada um de nós. Vê nossos grandes problemas, nossas grandes alegrias, e vê também nossas coisas pequenas. Porque está perto. Jesus não se assusta com as grandes coisas, mas também leva em conta as pequenas. É assim que Jesus nos olha”.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
· Como reajo quando eu ou algum ente querido se encontra em uma situação limite? A quem recorro?
· Em que etapa de meu caminho de fé me encontro? Já passei da busca de um benefício pessoal para uma relação de amizade com Jesus?
· Atrevo-me a apresentar a Jesus minhas enfermidades e problemas mais ocultos e pessoais?
· Creio realmente que Jesus tem poder para colocar-me de pé e fazer com que volte a caminhar pela vida?
· Em minha relação com os outros jovens, procuro levantar, animar, ajudar a continuar caminhando?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por estares sempre disposto a caminhar e a chegar às margens de nossa vida.
Hoje também quero tocar teu manto.
Ainda que o “que vão dizer?” e os olhares por tentar seguir-te me apertem.
Aqui estão minhas perdas, minhas dores, minhas mortes em vida.
Somente tu podes curar-me.
Já não posso arrastar-me mais.
Quero escutar esse sempre vigente Talitá Kum
e viver a vida nova que tu me trazes.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, concede-me uma fé audaciosa para pedir-te que me cures e, em seguida, poder seguir-te sem colocar condições”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Visito e compartilho um momento com alguém enfermo ou com alguém que esteja desanimado.
“Não tenhamos medo! Corramos por esse caminho, com o olhar sempre fixo em Jesus e nos encontraremos com esta bela surpresa: há de deixar-nos cheios de admiração, porque o próprio Jesus fixou seu olhar em mim”.
Papa Francisco