“Tu me salvaste da morte”
1 de julho de 2018Dá-me fé viva e coragem de deixar-me integrar!
4 de julho de 2018Leitura: João 20, 24-29
Acontece que Tomé, um dos discípulos, que era chamado de “o Gêmeo”, não estava com eles quando Jesus chegou. Então os outros discípulos disseram a Tomé:
— Nós vimos o Senhor!
Ele respondeu:
— Se eu não vir o sinal dos pregos nas mãos dele, e não tocar ali com o meu dedo, e também se não puser a minha mão no lado dele, não vou crer!
Uma semana depois, os discípulos de Jesus estavam outra vez reunidos ali com as portas trancadas, e Tomé estava com eles. Jesus chegou, ficou no meio deles e disse:
— Que a paz esteja com vocês!
Em seguida disse a Tomé:
— Veja as minhas mãos e ponha o seu dedo nelas. Estenda a mão e ponha no meu lado. Pare de duvidar e creia!
Então Tomé exclamou:
— Meu Senhor e meu Deus!
— Você creu porque me viu? — disse Jesus. — Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram!
Oração:
Hoje a Igreja celebra a vida de São Tomé. Com esse apóstolo, podemos fazer nossa oração.
Tomé encontrou-se com seus amigos depois da breve dispersão que se seguiu à morte de Jesus. Os amigos de Tomé dizem a ele que viram o Senhor. Aquilo é inacreditável. Tomé soubera da morte. Assim como hoje, naquele tempo não era comum que fossem vistos aqueles que já tinham falecido. O que sente Tomé? Pensa que seus amigos estão loucos? Sente que é verdade, mas fica ressabiado? Ele diz que só vai acreditar se vir as marcas dos pregos, se tocar com a mão o lado transpassado de Jesus.
É bonita a cena que se dá na semana seguinte. Jesus coloca-se no meio deles, quando está Tomé, e então diz a ele que veja suas mãos e que toque nelas, que toque também no lado, que não duvide, que creia. Contemplemos a cena. Deus revela seu corpo, o que nele doeu, a marca que a humanidade lhe imprimiu. Deus permitiu que o ferissem e que ficasse a marca desse contato. Tomé quis saber se poderia haver vida depois da dor, da injustiça, da tortura, da crueldade. Ele não podia crer. Deus disse a ele que sim, que, apesar das marcas, a vida continuava. A vida, quando está cheia de amor, supera mesmo a morte. Essa vida continua apesar de tudo; continua com tudo, marcada. Tomé viu e creu.
Na oração, estejamos ao lado de Tomé. Como reage meu coração quando ouço o evangelho? Acredito? Duvido? Há uma mensagem de vida, de vida em plenitude, de vida que supera a morte… Dizem isso a mim, mas o que vejo em vários cantos é a morte banalizada, a dor lancinante, a desesperança. Apesar do que vejo e do que ainda não vi, creio? Dizem que a vida é a última palavra, que o amor é vínculo eterno… Duvido? Tomé teve coragem de expor aquilo de que necessitava para crer na vida. Queria ver as mãos e o lado de Jesus. E eu? Qual é a parte de Deus que eu desejo ver para crer sem titubear? Qual é a parte de Deus que eu preciso tocar para saber que a vida continua? Digamos à Trindade o que desejamos ver, o que queremos tocar do Amor.
Pode demorar um pouco até que toquemos ou vejamos. Para Tomé, demorou uma semana. Seus amigos haviam relatado o encontro com o Senhor e ele havia dito que creria apenas se visse, se tocasse. Só pôde ver e tocar depois de uma semana. Que fez Tomé enquanto isso? Permaneceu ali, conversando com os amigos, vivendo em comunidade, pois, quando Jesus apareceu novamente, lá estava ele, entre os demais. Aí encontramos a conduta para viver o tempo de espera. Não se espera disperso, mas em vigília. Espera-se porque se sabe que Alguém vem. A forma de esperar é a unidade, o encontro com quem, assim como nós, também está esperando o reencontro.
Hoje, dia em que celebramos sua vida, peçamos a Tomé que nos ajude a identificar o que de Deus queremos ver, o que de Deus desejamos tocar. Peçamos a perseverança da espera em unidade. Peçamos a graça de caminhar mesmo quando ainda não tocamos, mesmo quando ainda não vimos com nossos próprios olhos, mesmo quando parece que Deus está escondido.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte