“Os amaste, como me amaste a mim”
21 de maio de 2015Solenidade de Pentecostes – Ano B
24 de maio de 2015Leitura: João 21,15-19
Jesus manifestou-se aos seus discípulos e, depois de comerem, perguntou a Simão Pedro: ‘Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?’ Pedro respondeu: ‘Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo’. Jesus disse: ‘Apascenta os meus cordeiros’. E disse de novo a Pedro: ‘Simão, filho de João, tu me amas?’ Pedro disse: ‘Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo’. Jesus disse-lhe: ‘Apascenta as minhas ovelhas’. Pela terceira vez, perguntou a Pedro: ‘Simão, filho de João, tu me amas?’ Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava. Respondeu: ‘Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo’. Jesus disse-lhe: ‘Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: quando eras jovem, tu te cingias e ias para onde querias. Quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres ir.’ Jesus disse isso, significando com que morte Pedro iria glorificar a Deus. E acrescentou : ‘Segue-me’.
Oração:
Depois de rezar durante a semana com o Amor da Trindade, a Igreja nos convida a contemplar a declaração de amor de Pedro. A oração de hoje pode passar pela contemplação dessa declaração e resposta a esta pergunta: amamos e podemos declarar o amor?
A declaração de amor de Pedro não é como dita a poesia desses dias. É uma declaração feita em companhia de testemunhas, depois de todos terem comido e estarem reunidos. É uma declaração feita em meio ao constrangimento da lembrança de ter negado conhecer quem ele amava. Uma declaração que confessa que o amor precisa de exercício, de repetição, para que não caia nos movimentos de fuga e desespero.
Pedro cria. Largou a pesca de peixes para se dedicar à outra à qual Jesus o convidou. Pedro começa uma luta para que Jesus não fosse preso e levado. Pedro, depois, nega. Pedro é cada um de nós em nossas pequenas e grandes corrupções. O encontro de Jesus com ele, permitindo-lhe que declare seu amor tantas vezes quanto negou, nos diz que Deus tem misericórdia dos que se corrompem. É difícil aceitar isso, pois a corrupção nossa de cada dia, das menores às maiores, faz passar fome o pobre, faz passar frio quem não tem abrigo, faz não ter acesso à saúde o excluído, faz morrer.
Deus, morto, como Jesus, em cada um que não tem como se livrar das consequências de nossas negações, volta-se para nós para ouvir de nós, que o negamos – e matamos – uma declaração de amor. Ele sabe que a corrupção é fruto de medo e insegurança, que só existem quando não conhecemos o Amor com o qual somos amados. Ele se volta para os corruptos e pergunta: você me ama?
Que a cada dia mais corruptos (e nós estamos aí) encontrem o olhar de Jesus, se constranjam com o amor desse olhar e declarem, finalmente, seu amor, que se materializa no cuidado do rebanho (no qual também se incluem).
João Gustavo Henriques de Morais Fonseca, estudante de Direito na UFMG e membro da Família Verbum Dei de BH