PREPARAÇÃO ESPIRITUAL

Espírito Santo, és a alma de minha alma,

adoro-te humildemente.

Ilumina-me, fortifica-me, guia-me, consola-me.

E na medida em que corresponder ao plano eterno, Deus Pai,

revela-me teus desejos.

Dá-me conhecer o que devo fazer.

Dá-me conhecer o que devo sofrer.

Dá-me conhecer o que com silenciosa modéstia

e em oração, devo aceitar, carregar e suportar.

Sim, Espírito Santo,

dá-me conhecer tua vontade e a vontade do Pai.

Pois durante toda a minha vida, outra coisa não quero ser

senão um contínuo e perpétuo Sim

aos desejos e ao querer do eterno Deus Pai.[1]

Jesus aparece aos discípulos

Mateus 28.16-20; Marcos 16.14-18; Lucas 24.36-49

¹⁹Naquele mesmo domingo, à tarde, os discípulos de Jesus estavam reunidos de portas trancadas, com medo dos líderes judeus. Então Jesus chegou, ficou no meio deles e disse:

— Que a paz esteja com vocês!

²⁰Em seguida lhes mostrou as suas mãos e o seu lado. E eles ficaram muito alegres ao verem o Senhor. ²¹Então Jesus disse de novo:

— Que a paz esteja com vocês! Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês.

²²Depois soprou sobre eles e disse:

— Recebam o Espírito Santo. ²³Se vocês perdoarem os pecados de alguém, esses pecados são perdoados; mas, se não perdoarem, eles não são perdoados.

P. Cesar Buitrago[2]

ü  Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…

Por que os discípulos estavam reunidos com as portas fechadas? Qual é a saudação que Jesus dirige aos discípulos? Como se sentiram os discípulos? O que Jesus lhes disse e como lhes comunicou o dom do Espírito?

Algumas considerações para uma leitura proveitosa…

Com este texto de João 20.19-23, a Igreja celebra a festa de “Pentecostes”. Pentecostes quer dizer o dia de número 50 ou “o quinquagésimo dia”. Festa judaica, chamada de “a festa das semanas”, tem sua origem como festa camponesa. O trabalhador agrícola agradece a seu Criador os primeiros frutos da colheita (Êx 26.16). Mais tarde, passa a ser uma festa cristã com o sentido de celebrar o grande fruto da Páscoa. O triunfo de Cristo sobre a morte, vitória que é selada com o dom do Espírito Santo que os discípulos recebem (João 20.22).

Depois da sepultura, o capítulo 20 do evangelho de João relata-nos duas aparições de Jesus ressuscitado: a Maria Madalena, a Pedro e ao discípulo que Jesus amava (vv. 1-18), e aos discípulos que se haviam reunido de portas fechadas por medo das autoridades judaicas (vv. 19-23). Não se diz o lugar, mas pode ser o cenáculo (At 1.4). De repente, Cristo aparece no meio deles com o dom da paz (v. 19b). Como sinal de que é ele mesmo, que havia morrido na cruz, mostra-lhes as mãos e o lado (v. 20). Imediatamente, os discípulos passam do medo à alegria, ao júbilo (v. 20b). A presença do Ressuscitado e o poder da Palavra operam neles uma grande transformação. Da tristeza à alegria, do medo à confissão.

Uma vez que o medo é vencido pela força do Ressuscitado, estão aptos para a missão; agora Jesus lhes pode dizer: “Que a paz esteja com vocês!” Significa que ele comunica o melhor de Deus aos discípulos: a vida que vence a morte. A Paz é, por excelência, o dom do Ressuscitado, e agora esta Paz é comunicada aos discípulos. Os discípulos recebem a missão de ir pelo mundo comunicando “a vida do Ressuscitado”.

É uma missão que não parte de uma iniciativa pessoal, não se faz com o poder das forças humanas, nem somente com instrumentos materiais. Para que os discípulos possam ser portadores de paz, eles recebem o Dom do Espírito: “Depois soprou sobre eles e disse: — Recebam o Espírito Santo” (v. 22). Isto é: recebam minha vida em plenitude, recebam o “hálito divino” que lhes dará vida para sempre. Quando a vida estiver ameaçada, defendam-na; com este poder, recriem os espíritos intimidados pelo pecado: “Perdoem os pecados” (v. 23).

Este evangelho fala-nos da festa de Pentecostes; é festa porque com a chegada do Espírito Santo se cumpre a promessa de Jesus: “Não vou deixá-los abandonados, mas voltarei para ficar com vocês” (João 14.18). O Espírito Santo é quem nos acompanha todos os dias, ajuda-nos a crescer na fé, na caridade e na esperança.

Existem circunstâncias na quais o Espírito atuará, e começaremos a fazer coisas que não acreditávamos conseguir; encontraremos palavras e respostas acertadas, as ideias fluirão e as pessoas se aproximarão de nós por verem “algo” especial, e descobriremos que Ele nos deu um presente, um dom para que o coloquemos a serviço da Igreja. Por isso, devemos invocar sua presença, pedir sua assistência, deixar que ele ore por nós.

O Papa Bento XVI faz-nos um convite a receber de Jesus esse santo impulsionador de nossa missão: “… a Eucaristia é um ‘Pentecostes perpétuo’, porque cada vez que celebramos a Santa Missa recebemos o Espírito Santo que nos une mais profundamente a Cristo e nele nos transforma. Queridos jovens, se participardes frequentemente na Celebração eucarística, se consagrardes um pouco do vosso tempo à adoração do Santíssimo Sacramento, da Fonte do amor, que é a Eucaristia, haveis de receber aquela alegre determinação de dedicar a vida ao seguimento do Evangelho. Experimentareis, ao mesmo tempo, que quando as nossas forças não são suficientes, é o Espírito Santo que nos transforma, que nos cumula com a sua força e nos torna testemunhas repletas do ardor missionário de Cristo ressuscitado”.[3] Com Ele é que daremos resposta a nossa missão, seja em nossa família, seja com nossos amigos, seja em um lugar específico de missão aonde tenhamos sido enviados, nunca teremos dúvida de sua assistência.

Continuemos nossa meditação com estas perguntas:

Pedi a Jesus que me acompanhe com seu Espírito Santo? Em que ocasiões experimentei sua assistência? Vi como outras pessoas agem sob sua ação? Quero deixar que ele atue em mim? O Espírito Santo ilumina o agir de meu grupo paroquial ou de minha comunidade?

Ouvi falar de ti;

sei que eras a força de Jesus,

sei que apaziguaste os discípulos

e lhes permitiste usar teu poder miraculoso.

Sei que inundas tudo, que sopras ao ouvido

e que ardes no coração dos que são fiéis a Jesus,

e sei que és a promessa cumprida.

Espírito Santo,

que não baste a meu espírito saber pouco a teu respeito,

que meu espírito seja saciado por ti,

que minha fé seja confirmada diariamente

e dê como furto o ardor missionário

que teus amigos experimentaram em Pentecostes.[4]

Espírito Santo, aqui me tens disposto a receber-te.

Reviso os dons do Espírito Santo (sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus) e na oração pessoal, peço a Jesus que me conceda um espírito dócil para permitir que tais dons germinem e ajam em mim.

“O Espírito Santo, como forte furacão,

em uma hora faz o barquinho de nossa alma avançar rumo à santidade mais do que teríamos conseguido durante meses e anos remando somente com nossas forças”.

Santa Teresa de Jesus