Exaltação da Santa Cruz (Jo 3, 13-17)
14 de setembro de 2016“E também algumas mulheres…”
16 de setembro de 2016Perto da cruz de Jesus estavam a sua mãe, e a irmã dela, e Maria, a esposa de Clopas, e também Maria Madalena. Quando Jesus viu a sua mãe e perto dela o discípulo que ele amava, disse a ela:
— Este é o seu filho.
Em seguida disse a ele:
— Esta é a sua mãe.
E esse discípulo levou a mãe de Jesus para morar dali em diante na casa dele.
Hoje celebramos Nossa Senhora das Dores. Que ela seja presença em nossa oração e, por sua intercessão, o Espírito Santo nos conceda, abundantemente, os dons da sabedoria e do discernimento, para melhor proveito deste momento de escuta atenta da Palavra.
Acredito que este texto, para ser bem orado, faz-se necessário contemplarmos bem a cena. Jesus está no alto da cruz, muito machucado. Depois de longas horas de tortura, ele já se encontra praticamente sem vida. De todos os que o seguiram, poucos, muito poucos estão ali, para reconfortá-lo. Podemos imaginar que seu sentimento seja de completo abandono, a ponto de Ele dizer “meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” (Mt 27, 46).
Também nos ajuda muito lembrar que Ele viveu completamente a condição humana, com todas as nossas dificuldades e limitações, embora não tenha pecado. Portanto, não há razão nenhuma para imaginarmos que, intrinsecamente, Ele tinha algo a mais do que nós para ajudá-lo a suportar tudo aquilo, pois, se assim pensarmos, estaremos negando sua completa humanidade.
Com esta cena, já bem contemplada, somos convidados a orar com este amor que segue transbordando da vida de Jesus. Ele olha para aqueles que estão ao pé da cruz e se pergunta: o que ainda dá tempo de fazer por estes que me seguiram até aqui? O que fazer por minha mãe, já viúva, que ficará sem filhos para cuidar dela? O que fazer por este discípulo, para que ele não se sinta abandonado como eu estou me sentindo agora? Então, Jesus faz este gesto de amor e de zelo, diminuindo a dor de sua mãe e a de seu discípulo.
Há um filme que, apesar de eu não o ter assistido, seu título, “Treinado para matar”, chamou muito a minha atenção. Hoje, colocando-me diante desta cena e da inquietude que ela traz, lembrei-me deste título e não tive dúvida de que podemos dizer que Jesus foi treinado para amar.
Por esta razão, mesmo vivendo um momento angustiante de sofrimento e dor, quando, normalmente, voltamo-nos instintivamente para nós mesmos, Jesus continua olhando para os outros e buscando o amor. Durante toda sua vida Ele buscou o amor e o experimentou das mais diversas maneiras e modos. Seu objetivo sempre foi amar sem medidas, se doar por completo, como um grão que cai na terra e morre para gerar mais vida. Ele sabia, praticou e nos deixou o ensinamento de que falamos e fazemos aquilo de que está cheio o coração.
A vida de Jesus nos ensina que, como um atleta treina para executar com perfeição os movimentos que sua modalidade esportiva exige, também podemos e devemos nos treinar para amar.
Não me parece que nascemos prontos para amar, uma vez que o amor exige que nos abramos para a necessidade dos outros e, quando nascemos, estamos, de maneira oposta, completamente voltados para nossas necessidades. Assim, inicialmente com a ajuda de nossos pais, vamos, pouco a pouco, aprendendo a amar e sendo treinados para amar.
Jesus nos dá hoje mais uma lição para nosso treinamento. Não importando qual seja a situação, devemos olhar para o outro e nos perguntar: o que posso fazer por este irmão?
Se, a cada dia, buscarmos fazer uma, duas ou mais ações em benefício de alguém, estaremos nos treinando para amar, estaremos nos conformando a Jesus, modelo perfeito da humanidade que Deus planejou para nós.
Maria, mãe de Jesus e nossa mãe, hoje celebrada como Nossa Senhora das Dores, acompanhe-nos neste treinamento para o amor, aponte-nos sempre o seu filho e nos lembre de que devemos fazer tudo o que Ele nos disser. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte