Treinado para amar (Jo 19,25-27)
15 de setembro de 2016Qual terreno sou? (Lucas 8,4-15)
17 de setembro de 2016Leitura: Lucas 8, 1-3
Algum tempo depois Jesus saiu e viajou por cidades e povoados, anunciando a boa notícia do Reino de Deus. Os doze discípulos foram com ele, e também algumas mulheres que haviam sido livradas de espíritos maus e curadas de doenças. Eram Maria, chamada Madalena, de quem tinham sido expulsos sete demônios; Joana, mulher de Cuza, que era alto funcionário do governo de Herodes; Susana e muitas outras mulheres que, com os seus próprios recursos, ajudavam Jesus e os seus discípulos.
Oração:
Quem olhar com as lentes de hoje os três versículos com os quais Lucas nos dá um detalhe tão bonito e fundamental sobre Jesus pensará que se trata de uma simples descrição: entre os que seguiam Jesus e o ajudavam havia também mulheres.
Com o Espírito, é possível olhar com mais profundidade… “Os doze discípulos foram com ele”… Até aqui, tudo normal! “TAMBÉM algumas mulheres…” Por que parece se assustar o evangelista? Por que destacar? Falar que tantos discípulos o seguiam não bastaria para que soubéssemos que também mulheres estavam lá? O evangelista até dá nome às mulheres!
As mulheres, no tempo de Jesus, eram seres humanos de segunda categoria. A cultura judaica as considerava inferiores aos homens, que deveriam ser por elas servidos. Em casa, mandavam os homens. Fora de casa, deveriam estar acompanhadas de um, proibidas de falar a outros homens, cobertas pelo véu. Além do mais, havia muitos escritos apontando as impurezas da mulher, que poderia ser a causa da queda do homem, seduzido por sua sensualidade ou traído por sua desordem ou fofoca.
Que quis Jesus ao aceitar tão questionável companhia? Qual foi o choque cultural que o cristianismo incipiente causou ao admitir que também as mulheres construíam o Reino? Até as mulheres eram filhas amadas por Deus, em nada menores que os homens em sua dignidade! Até as mulheres podiam trabalhar ao lado de Deus! Deus queria as mulheres, gostava de caminhar com elas e precisava delas!
Na oração de hoje, faço-me a pergunta: quais são os seres humanos de segunda categoria de hoje? Vou entendendo que são todas as pessoas a quem eu digo, por gestos ou palavras: “Veja, você é uma pessoa que merece respeito, mas Deus não deve amar você tanto assim… Veja, Deus até ama você, mas não faz sentido que você caminhe com Ele…. Veja, Deus pode até amar você, mas Ele prescinde dos seus talentos, de tudo aquilo que você é e pode oferecer ao Reino”.
Em oração, peço perdão. Perdão por toda vez que meu olhar, minhas palavras, meus gestos ou até meus pensamentos colocam-me no time daqueles que, no tempo de Jesus, rechaçavam a dignidade plena da mulher. Hoje, o mesmo time agride, às vezes sem querer e ainda que em silêncio, outros grupos. Na oração, peço a Ele: “dê-me o seu Amor! Dê à sua Igreja o seu Amor! Dê aos cristãos o seu Amor! Dê à humanidade o seu Amor, pois só assim entenderemos que TODXS estão chamados a construir seu Reino, a caminhar ao seu lado, a ouvir que são preciosos e amados incondicionalmente de verdade.”
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte