Partilha (Lc 14, 12-14)
6 de novembro de 2017Liberdade para seguir
8 de novembro de 2017Leitura: Lucas 14, 15-24
Um dos que estavam à mesa ouviu isso e disse para Jesus:
— Felizes os que irão sentar-se à mesa no Reino de Deus!
Então Jesus lhe disse:
— Certo homem convidou muita gente para uma festa que ia dar. Quando chegou a hora, mandou o seu empregado dizer aos convidados: “Venham, que tudo já está pronto!” Mas eles, um por um, começaram a dar desculpas. O primeiro disse ao empregado: “Comprei um sítio e tenho de dar uma olhada nele. Peço que me desculpe.” Outro disse: “Comprei cinco juntas de bois e preciso ver se trabalham bem. Peço que me desculpe.” E outro disse: “Acabei de casar e por isso não posso ir.” O empregado voltou e contou tudo ao patrão. Ele ficou com muita raiva e disse: “Vá depressa pelas ruas e pelos becos da cidade e traga os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos.” Mais tarde o empregado disse: “Patrão, já fiz o que o senhor mandou, mas ainda está sobrando lugar.” Aí o patrão respondeu: “Então vá pelas estradas e pelos caminhos e obrigue os que você encontrar ali a virem, a fim de que a minha casa fique cheia. Pois eu afirmo a vocês que nenhum dos que foram convidados provará o meu jantar!”
Oração:
Jesus muitas vezes compara o Reino a um banquete, uma refeição. No tempo de Jesus, os judeus eram o povo de Deus, os escolhidos. Sim, foram os primeiros convidados para o banquete, pois no caminho daquele povo nasce para todo(a)s o Caminho. Que queria dizer Jesus com aquela imagem do banquete, os convidados que recusam o convite e os outros, que ocupam seus lugares? Naquele tempo, Jesus aludia ao não reconhecimento de que ele era um com o Pai. Jesus é o Reino. Mas, no tempo dele, nem todos – na verdade, bem poucos – do seu povo perceberam que ele era o enviado do Pai.
Também hoje é viva essa Palavra. Para nós, ganha outro significado: a Igreja, povo de Deus, também pode correr o risco de recusar o convite para o banquete. Os fiéis podem estar na Igreja e, diante do convite para o banquete – o Reino, Jesus –, dizer “não”. “Comprei um sítio e tenho de dar uma olhada nele. Peço que me desculpe”. Ou: “comprei cinco juntas de bois e preciso ver se trabalham bem. Peço que me desculpe”. Há inúmeras formas de colocarmos nossos bens, posses e poderes à frente do que mais importa, que é a comunhão, a intimidade com Ele. Sim, tudo importa! Importa que cuidemos de nossas coisas – nossos “bois”, nossas “terras” –, mas é importante que tenhamos claras na mente e no coração nossas prioridades… Se Ele nos convida à intimidade, vamos recusar esse convite? “Acabei de casar e por isso não posso ir”. Deus obviamente não é contra as relações humanas, muito pelo contrário… Mas Jesus sabe que a vida sem a relação com Deus não é uma vida inteira, daí porque adverte: cuidem da relação com as pessoas, mas não recusem a conversa – o banquete – com Deus.
Após a imagem da renúncia de alguns convidados, Jesus apresenta outra imagem. O patrão ordena ao empregado que convide pessoas que, a princípio, não tomariam lugar no banquete. A verdade é que o Pai sempre preparou lugares suficientes para todos da humanidade e, caso falte um ser humano que seja, um lugar estará sempre vago. Jesus apresenta essa imagem, no entanto, para advertir os que o ouviam: vocês pensam que o banquete é para um número reduzido, para poucos privilegiados, como costuma acontecer com as festas que vocês dão; mas a festa que Deus dá não tem “camarote”, não tem área “VIP”. “Vá depressa pelas ruas e pelos becos da cidade e traga os pobres, os aleijados, os cegos e os coxos“. E, como permaneciam lugares vazios, continua o patrão: “Então vá pelas estradas e pelos caminhos e obrigue os que você encontrar ali a virem, a fim de que a minha casa fique cheia“. No tempo de Jesus, cria-se que os aleijados, os cegos e os coxos não participariam do banquete escatológico. Também se excluíam da comunhão com Deus os pobres e pagãos, isto é, os “de fora da cidade”. Jesus, com a imagem desse patrão, que a todo(a)s manda chamar, é categórico: TODO(A)S estão convidado(a)s. TODO(A)S têm lugar no banquete. O Pai e eu queremos conversar e ter relação com TODO(A)S. CADA UM(A) é destinatário(a) do nosso amor. Ninguém ficará de fora, exceto talvez os que, por sua vida, digam, consciente ou inconscientemente, “não” ao convite.
Hoje, na oração, peçamos ao Espírito ouvidos que ouçam os convites da Trindade e fortaleza e sabedoria para dizer sempre “sim”. Peçamos, também, um coração amoroso, que reconhece – e com isto se alegra! – que à mesa do Pai temos todo(a)s assento e alimento.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte