O caminho da conversão (Mc 6, 14-29)
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10 de fevereiro de 2014LEITURA
“Os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram-lhe tudo o que tinham feito e ensinado. Ele disse: ‘Vinde vós, sozinhos, a um lugar deserto e descansai um pouco’. Com efeito, os que chegavam e os que partiam eram tantos que não tinham tempo nem de comer. E foram de barco a um lugar deserto, afastado. Muitos, porém, os viram partir e, sabendo disso, de todas as cidades, correram para lá a pé, e chegaram antes deles. Assim que ele desembarcou, viu uma grande multidão e ficou tomado de compaixão por eles, pois estavam como ovelhas sem pastor. E começou a ensinar-lhes muitas coisas”.
TOMADO DE COMPAIXÃO
Em um primeiro momento, a leitura de hoje nos convida à contemplação. Jesus e os apóstolos tinham o árduo trabalho de saciar as carências de uma multidão que buscava na novidade de Jesus o alívio de suas mazelas. Exaustos do trabalho, resolveram, de barco, encontrar um lugar afastado para descansarem e se alimentarem. Após desembarcarem nesse lugar, que deveria estar deserto, Jesus se depara com inúmeras pessoas que, chegando ali a pé, transmitiam a insistência em encontrá-lo. Quando o cansaço, o sono, a fome e a dor de cabeça deveriam ter vindo à tona, a beleza desse cenário, na verdade, tem seu auge com Jesus “tomado de compaixão”.
Essa reação de Jesus deve, hoje, nos encher de esperança quando também nós vamos ao seu encontro. Tantas vezes somos levados a evitar um momento de oração que nos leve a expor as nossas fraquezas e necessidades. Isso acontece especialmente porque aquilo que nos incomoda muitas vezes nos envergonha tanto que imaginamos Jesus, após nos escutar, também tomado de vergonha, de decepção e de desânimo. E Jesus não é assim, de modo que o texto de hoje nos emociona quando tentamos imaginar o rosto de um Deus tomado por compaixão, por misericórdia, quando percebe o entusiasmo de uma multidão que tanto sofre, e que busca nele o alívio de todos os incômodos. De fato, o amor de Jesus é tão intenso que ele é capaz de enxergar com olhos de compaixão uma multidão de pecadores, simplesmente porque ela foi capaz de procurá-lo com fé, com vontade e com esperança. Devemos rezar, então, pensando ser escutados por Jesus compassivo, pronto para nos perdoar, à espera de nos reconstituir.
Aquela multidão vista por Jesus era uma multidão de ovelhas sem pastor. Hoje também comumente nos comportamos como essas ovelhas perdidas. E isso acontece por nossa incapacidade de reconhecer Jesus como aquele que quer ser o nosso mestre, que nos convida à sua santidade. Tanto ele se identifica como o pastor que nos quer conduzir e ser o nosso guia para a Verdade, mas muitas vezes preferimos caminhar sozinhos, desorientados pelo mundo, ou acabamos por escolher pastores errados. De fato, as ovelhas de hoje muitas vezes são guiadas pelos vícios, sedutores pastores – o dinheiro, o materialismo, a competição e os prazeres efêmeros. Se agora nos percebemos como essas ovelhas, lembremo-nos, no entanto, que por sermos assim, há Jesus que nos observa tomado de compaixão e pronto para nos oferecer o seu reino, bastando que o procuremos, e o sigamos na prática da caridade e na propagação da fé.
Após a leitura do texto de hoje, surgem algumas perguntas, que precisam ser refletidas individualmente:
- Eu consigo perceber que o Deus que me encontra na oração é Jesus tomado por compaixão?
- Tenho vivido como ovelha sem pastor? Em quais momentos?
- Vivo o seguimento de pastores errados? Quais são eles?
Marcelo Camargos. Estudante de medicina na UFMG. Fraternidade Missionária Verbum Dei.