No meio da escuridão (Jo 6,16-21)
18 de abril de 2015João 6,22-29
20 de abril de 2015LECTIO DIVINA
Terceiro Domingo de Páscoa ou da Divina Misericórdia – Ano B
19 de abril de 2015
“Ó Senhor Deus, olha para nós com bondade.”
Salmo 4.7
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, estimula-nos,
para que trabalhemos santamente.
Espírito Santo, atrai-nos,
para que amemos as coisas santas.
Espírito Santo, inspira-nos,
para que pensemos santamente.
Espírito Santo, fortalece-nos,
para que defendamos as coisas santas.
Espírito Santo, ajuda-nos,
para que não percamos jamais as coisas santas.[1]
TEXTO BÍBLICO: Lucas 24.35-48
35Então os dois contaram o que havia acontecido na estrada e como tinham reconhecido o Senhor quando ele havia partido o pão.
Jesus aparece aos discípulos
36Enquanto estavam contando isso, Jesus apareceu de repente no meio deles e disse:
— Que a paz esteja com vocês!
37Eles ficaram assustados e com muito medo e pensaram que estavam vendo um fantasma.
38Mas ele disse:
— Por que vocês estão assustados? Por que há tantas dúvidas na cabeça de vocês? 39Olhem para as minhas mãos e para os meus pés e vejam que sou eu mesmo. Toquem em mim e vocês vão crer, pois um fantasma não tem carne nem ossos, como vocês estão vendo que eu tenho.
40Jesus disse isso e mostrou as suas mãos e os seus pés. 41Eles ainda não acreditavam, pois estavam muito alegres e admirados. Então ele perguntou:
— Vocês têm aqui alguma coisa para comer?
42Eles lhe deram um pedaço de peixe assado, 43que ele pegou e comeu diante deles.
44Depois disse:
— Enquanto ainda estava com vocês, eu disse que tinha de acontecer tudo o que estava escrito a meu respeito na Lei de Moisés, nos livros dos Profetas e nos Salmos.
45Então Jesus abriu a mente deles para que eles entendessem as Escrituras Sagradas
46e disse:
— O que está escrito é que o Messias tinha de sofrer e no terceiro dia ressuscitar. 47E que, em nome dele, a mensagem sobre o arrependimento e o perdão dos pecados seria anunciada a todas as nações, começando em Jerusalém. 48Vocês são testemunhas dessas coisas.
1. LEITURA
Que diz o texto?
P. Daniel Kerber[2]
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Com que saudação Jesus se apresentou? Qual foi a reação dos discípulos? Que questionamentos Jesus lhes faz e a que os convida? Que fez Jesus com o pedaço de peixe que lhe ofereceram? Qual foi a ação de Jesus para que compreendessem as Escrituras e o que elas dizem a respeito dele? O que os discípulos devem anunciar e por onde devem começar?
Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
Neste terceiro domingo de Páscoa nos é apresentado outro encontro do Ressuscitado com sua comunidade, e acontece imediatamente depois da aparição aos discípulos de Emaús.
O texto começa fazendo a ligação com o relato anterior da aparição no caminho de Emaús (v. 35) e, em seguida, dá-se o encontro com a comunidade de Jerusalém em duas partes: na primeira (vv. 36-42), Jesus apresenta-se aos discípulos e dá sinais de sua presença real, desfazendo, assim, o medo e as dúvidas deles; na segunda (vv. 44-48), recorda-lhes o anúncio das Escrituras, faz com que as compreendam e estabelece-os como testemunhas de tudo o que aconteceu.
Jesus, uma vez mais, coloca-se no meio de seus discípulos e lhes dá a paz (v. 36). A primeira reação dos discípulos é de medo e dúvidas (v. 37). Ele leva em conta essa situação e, como bom mestre, mediante palavras e gestos, faz com que o temor se transforme em admiração e alegria (v. 41).
Em seguida, volta a fazer referência ao que lhes havia ensinado durante seu ministério: tudo o que foi anunciado sobre Ele na Bíblia, descrita em suas três partes (Moisés, ou seja, a Lei; os livros dos profetas e os salmos = livros proféticos e sapienciais), devia cumprir-se, assim como se cumpre no início de seu ministério na sinagoga de Nazaré (cf. 4.21). Jesus parece estar aludindo particularmente aos anúncios de sua paixão e ressurreição, repetidos três vezes no evangelho (9.22-27; 43-45; 18.31-34), onde também se refere à incompreensão dos discípulos: “Mas eles não entenderam isso, pois o que essas palavras queriam dizer tinha sido escondido deles para que não as entendessem. E eles estavam com medo de fazer perguntas a Jesus sobre o assunto” (9.45; cf. também 18.34).
Então fez com que entendessem as Escrituras (literalmente se diz que “Jesus abriu a mente deles para que eles entendessem…”). Isto nos mostra que a compreensão da Escritura é obra de Deus, e que é a partir da ressurreição de Jesus que podemos começar a compreender o sentido do que diz a Palavra.
As Escrituras tinham anunciado o que se cumpriria em Jesus, mas agora o Mestre lhes diz que a obra continua e que “em nome dele, a mensagem sobre o arrependimento e o perdão dos pecados seria anunciada a todas as nações, começando em Jerusalém”. Os discípulos deveriam ser testemunhas dessas coisas.
Uma vez mais a Escritura nos estimula a ser testemunhas, aqueles que estão presentes a um acontecimento e anunciam-no. O evangelho lido com fé se transforma no lugar de encontro a partir do qual nos tornamos testemunhas para “todas as nações”.
De fato, a segunda obra de Lucas, os Atos dos Apóstolos, começará em Jerusalém, onde nasce a Igreja, e culminará com a viagem do apóstolo Paulo a Roma. Para Lucas, chegar à capital do império era tornar possível que o Evangelho alcançasse todas as nações.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
Hoje estamos celebrando o terceiro domingo de Páscoa. Avançamos em um processo que começou com o grande acontecimento da Vigília Pascal, na qual chegaram à plenitude as promessas da Escritura, com a Ressurreição de Jesus. Durante esses domingos, escutamos, nos evangelhos, diversos acontecimentos que a Igreja nos apresenta e talvez nos tenhamos identificado com as diferentes reações dos discípulos durante as aparições do Ressuscitado.
Os evangelhos mostram-nos como Jesus, depois da Páscoa, faz-se presente nos distintos momentos de nossa vida, de nossas famílias e de nossa comunidade. Talvez tenhamos sentido medo, dúvidas e não saímos do assombro diante do que está acontecendo. Jesus apresenta-se a nós crucificado e ressuscitado ao mesmo tempo: partilhando nossas vivências cotidianas (como o ato de comer), mas também renovando nossa fé e dispondo nosso coração para escutá-lo e segui-lo.
No final desta mensagem evangélica, Jesus recorda-nos que o sentido de todo o seu caminho pascal é a salvação e o perdão dos pecados; é uma notícia que não podemos calar; é seu pedido ao dizer: “Vocês são testemunhas dessas coisas”.
Agora perguntemo-nos:
Experimentei a presença de Jesus Ressuscitado em algum momento de minha vida? Mesmo sentindo medo e insegurança, percebo a companhia do Senhor quando falo dele aos demais?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Senhor Jesus:
experimento incerteza e dúvidas,
quando me aproximo para falar contido.
Desejo encontrar-te em tua Palavra,
reconhecer-Te e experimentar a alegria
e a paz que somente Tu podes dar.
Ajuda-me, Senhor,
a descobrir Teu rosto de amor em comunidade,
fortalece minha fé para ser Tua testemunha.
E que decididamente diga a todos
que Tu és a Salvação.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Senhor Jesus, tua ressurreição me leva a conhecer teu rosto de amor
e fortalece minha vocação missionária.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Convido minha comunidade a organizar uma ação missionária com jovens do lugar em que vivemos, e levamos-lhes esta grande mensagem da ressurreição.
“Enquanto viviam neste mundo, os santos estavam sempre alegres,
como se sempre estivessem celebrando a Páscoa”.
Santo Atanásio
[1] Santo Agostinho.
[2] É sacerdote da Arquidiocese de Montevidéu (Uruguai) e administrador paroquial da Paróquia de são Alexandre de são Pedro Claver. Colabora também com as Sociedades Bíblicas Unidas no trabalho de tradução da Bíblia para as línguas indígenas e prestou serviço como “auditor” para o Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja (2008). É membro da equipe de apoio da escola bíblica do Cebipal (Centro Bíblico para a América Latina, do CELAM).