Quem quiser a vida verdadeira (Lucas 9 22-25)
11 de fevereiro de 2016Vim chamar os pecadores (Lc 5,27-32)
13 de fevereiro de 2016Mt 9, 14-15
Então os discípulos de João Batista chegaram perto de Jesus e perguntaram:
_ Por que é que nós e os fariseus jejuamos muitas vezes, mas os discípulos do senhor não jejuam?
Jesus respondeu:
_ Vocês acham que os convidados de um casamento podem estar tristes enquanto o noivo está com eles? Claro que não! Mas chegará o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; então sim eles vão jejuar!
Oração:
Na quarta-feira de cinzas o Papa Francisco, dando início à Quaresma, propôs a todos os cristãos: reconciliar-se com Deus e retornar a Ele com todo o coração. Disse que os três remédios para curar as feridas são a oração, a caridade e a penitência.
O Papa Francisco explicou que não se trata de um aconselhamento paterno a reconciliação com Deus, mas uma súplica em nome de Cristo que sabe o quanto o ser humano é frágil e pecador e precisa sentir-se amado para fazer o bem.
Necessitamos sentir-nos amados para que sejamos capazes de amar. Que possamos fazer o exercício de experimentar a misericórdia de Deus, reconciliando-nos com Ele.
A primeira leitura (Is 58, 1-9) de hoje nos orienta neste sentido. Nela, Deus questiona com dureza o modo como o povo realiza o jejum. “Vocês passam os dias de jejum discutindo e brigando e chegam até a bater uns nos outros. Será que vocês pensam que, quando jejuam assim, eu vou ouvir suas orações ?” (Is 58, 4). Do que adiantam ações (jejum, penitências) vazias de sentido?
Em Is 58, 6-7 Deus diz que o que o agrada é o jejum que liberta os que foram presos injustamente, que acaba com a escravidão, que reparte a comida com os famintos, que acolhe os desabrigados, que deem roupas aos que não têm e que socorram aos parentes. Trata-se da caridade que o Papa nos fala.
Como temos vivenciado a quaresma nestes últimos anos?
Um dos passos para caminharmos na fé neste período quaresmal é tornar-nos conscientes de que o jejum, a penitência não são suficientes para alcançarmos plenamente a misericórdia de Deus. É necessário que sejam acompanhadas da oração em profundidade, do diálogo sincero e aberto com Deus, da abertura de coração para praticar a caridade.
O evangelho também evidencia a necessidade em se cumprir o jejum unido a Cristo. “Vocês acham que os convidados de um casamento podem estar tristes enquanto o noivo está com eles? Claro que não!” (Mt 9,15)
Os fariseus e os discípulos de João não conseguiram experimentar a alegria em estar na presença de Jesus simplesmente porque viviam a tradição pela tradição, apenas cumprindo os rituais religiosos. Só vive a verdadeira misericórdia e a alegria da ressurreição aquele que busca aprofundar seu relacionamento com Deus. Quem caminha, amadurecendo na fé.
Como queremos viver a quaresma deste ano?
Se o nosso desejo é poder desfrutar da misericórdia divina em plenitude, não deixemos que a vergonha limite o diálogo com Deus. Muito menos que ela seja motivo para minimizar a nossa situação de pecado. Que sejamos capazes de entregar nosso tempo à oração pelos mais necessitados, auxiliar as pessoas próximas sem esperar algum reconhecimento. Que sejamos capazes de ajudar, de acolher aquele que mais necessita não colocando condições ou fazendo pré-julgamentos.
Que o Espírito Santo nos ilumine para que possamos caminhar sem medo, sem a vergonha de reconhecer-nos pobres, limitados, hipócritas. Que Ele oriente nos no diálogo sincero com o Pai. Que Jesus ajude nesta caminhada para que possamos ser fiéis e gozar da graça de sentir-nos amados, tornando-nos capazes de amar quando humanamente não amaríamos.
Norma Parreiras – FaMVD – BH