Confiar plenamente
7 de agosto de 2017A fé não costuma “faiá” (Mateus 15, 21-28)
9 de agosto de 2017Leitura: Mateus 14, 22-36
Logo depois, Jesus ordenou aos discípulos que subissem no barco e fossem na frente para o lado oeste do lago, enquanto ele mandava o povo embora. Depois de mandar o povo embora, Jesus subiu um monte a fim de orar sozinho. Quando chegou a noite, ele estava ali, sozinho. Naquele momento o barco já estava no meio do lago. E as ondas batiam com força no barco porque o vento soprava contra ele. Já de madrugada, entre as três e as seis horas, Jesus foi até lá, andando em cima da água. Quando os discípulos viram Jesus andando em cima da água, ficaram apavorados e exclamaram:
— É um fantasma!
E gritaram de medo. Nesse instante Jesus disse:
— Coragem! Sou eu! Não tenham medo!
Então Pedro disse:
— Se é o senhor mesmo, mande que eu vá andando em cima da água até onde o senhor está.
— Venha! — respondeu Jesus.
Pedro saiu do barco e começou a andar em cima da água, em direção a Jesus. Porém, quando sentiu a força do vento, ficou com medo e começou a afundar. Então gritou:
— Socorro, Senhor!
Imediatamente Jesus estendeu a mão, segurou Pedro e disse:
— Como é pequena a sua fé! Por que você duvidou?
Então os dois subiram no barco, e o vento se acalmou. E os discípulos adoraram Jesus, dizendo:
— De fato, o senhor é o Filho de Deus!
Jesus e os discípulos atravessaram o lago e chegaram à região de Genesaré. Ali o povo reconheceu Jesus e avisou todos os doentes das regiões vizinhas. Então muitas pessoas levaram doentes a ele, pedindo que deixasse que os doentes pelo menos tocassem na barra da sua roupa. E todos os que tocavam nela ficavam curados.
Oração:
Nesta terça, a Igreja nos convida à oração por meio do evangelho de Mateus. No texto, vários elementos podem conduzir-nos à conversa com Deus. Para orar com o texto, posso começar imaginando a cena: Jesus tinha multiplicado os pães e, como desejava ir ao outro lado do lago, pede aos discípulos que sigam à frente, pois ele dispensaria as pessoas da multidão. Ele, contudo, ao invés de se despedir das pessoas e ir imediatamente ao encontro dos discípulos, fica um tempo a orar. Depois, encontra-os em alto-mar. Escolhamos alguns versículos para ler e reler, perguntando: Senhor, o que você tem para me dizer?
Depois de mandar o povo embora, Jesus subiu um monte a fim de orar sozinho. Esse versículo revela-nos o tipo de relação que Jesus tinha com o Pai. Quem ama deseja estar a sós com a(o) amada(o), partilhar o que é íntimo, estar perto, conversar e estar em silêncio. Jesus, embora sempre em união com a vontade do Pai, sentia também a necessidade de estar sozinho. Na solidão, encontrava-se com Aquele por quem ia às multidões. No primeiro momento da oração, posso olhar para Jesus: ele está sozinho, no escuro da noite, no silêncio do monte. Não há multidão e não há julgamento externo. Ele é o que o Pai nele vê. Ele pode falar tudo com o Pai. Ele e o Pai se encontram no silêncio. Devo perguntar-me: como lido com os momentos de solidão? Escolho estar a sós com Deus? Quando faço isso, sinto-me mais unido a Ele? O que digo? O que ouço?
Já de madrugada, entre as três e as seis horas, Jesus foi até lá, andando em cima da água. Quando os discípulos viram Jesus andando em cima da água, ficaram apavorados e exclamaram: — É um fantasma! Ao nosso encontro vem sempre Deus. Isso nos ensina também a catequese da Igreja. Nós procuramos Deus, mas Ele próprio deseja nos encontrar e vem ao nosso encontro. O nosso movimento é facultativo, mas o do Pai sempre ocorre: Ele sempre se aproxima. Há momentos em que a presença de Deus nos enche de susto, medo… Pode ser que Deus nos venha em hora na qual sua presença não é esperada. Posso perguntar-me: na minha vida, que é a noite, quais são as ondas e qual é a travessia na qual, ao avistar Deus, talvez eu pense tratar-se de um fantasma? Quais as noites do meu coração? Quais as ondas da vida? Quais são meus lugares mentais onde a presença de Deus é muito improvável? Quais são as agitações do meu coração que colocam em dúvida a capacidade de Deus permanecer de pé? A tudo isso, o versículo apresenta a mesma imagem: Deus vem ao nosso encontro, de pé, caminhando sobre tudo o que é instável, caótico, ameaçador. Ele não precisa de chão firme. Ele é.
Pedro saiu do barco e começou a andar em cima da água, em direção a Jesus. Porém, quando sentiu a força do vento, ficou com medo e começou a afundar. Jesus tinha vindo ao encontro dos discípulos, andando sobre as águas, e eles tinham se assutado, pensando que pudesse ser um fantasma. Jesus tranquilizara-os, dizendo que era ele. Pedro, duvidoso, pede, no caso de tal ser verdade, que Jesus lhe dissesse para ir ao seu encontro, andando sobre as águas. Jesus disse: “Vem”. O versículo conta que, ao sentir a força do vento, Pedro teve medo e começou a afundar. Mesmo quando confio, mesmo quando avisto Deus, minhas dificuldades continuam. Deus diz: venha! Ande sobre a água agitada! Como filho meu, não há situação que você não possa superar. Para você, as ondas podem ser chão firme, pois Eu estou com você. Eu vou, mas, às vezes, duvido. Quando duvido, sinto o chão ceder e o vento a me derrubar. À oração, posso trazer minhas maiores dúvidas, maiores medos, maiores tristezas, maiores decepções: tudo é vento e onda que desejam fazer-me esquecer que fui feito à imagem d’Ele. Quando me esqueço, afundo.
Então os dois subiram no barco, e o vento se acalmou. E os discípulos adoraram Jesus, dizendo: — De fato, o senhor é o Filho de Deus! Temos a sorte de não precisar sermos filhos de Deus a atravessar o mar sozinhos. Quando nos esquecemos – ou duvidamos – de que somos filhos, imagem do Pai, temos mãos que podem nos socorrer e colocar de novo na barca. Temos quem se dispõe a entrar em nossa barca para navegar junto. No final da oração, podemos ficar com a imagem de Jesus que, ouvindo nossos pedidos, segura nossa mão e entra na barca da nossa vida para nos dizer que Eles – Trindade – estão sempre conosco.
Peçamos ao Espírito, hoje, o crescimento espiritual que nos leva aos momentos a sós com o Pai e o Filho. Peçamos ao Espírito que nossos medos, inseguranças e dúvidas não sejam causa de “afogamentos”, mas oportunidades para confiarmos cada vez mais na presença da Trindade, verdadeira garantia de cada ser humano.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte