Marcos 2,18-22
18 de janeiro de 2016O amor de Jesus
20 de janeiro de 2016Leitura: Marcos 2, 23-28
Num sábado, Jesus e os seus discípulos estavam atravessando uma plantação de trigo. Enquanto caminhavam, os discípulos iam colhendo espigas. Então alguns fariseus perguntaram a Jesus:
— Por que é que os seus discípulos estão fazendo uma coisa que a nossa Lei proíbe fazer no sábado?
Jesus respondeu:
— Vocês não leram o que Davi fez, quando ele e os seus companheiros não tinham comida e ficaram com fome? Ele entrou na casa de Deus, na época do Grande Sacerdote Abiatar, comeu os pães oferecidos a Deus e os deu também aos seus companheiros. No entanto, é contra a nossa Lei alguém comer desses pães; somente os sacerdotes têm o direito de fazer isso.
E Jesus terminou:
— O sábado foi feito para servir as pessoas, e não as pessoas para servirem o sábado. Portanto, o Filho do Homem tem autoridade até mesmo sobre o sábado.
Oração:
Mais de uma vez em sua vida, Jesus descumpre uma regra muito clara e cara aos judeus: o sábado é o dia do descanso, o dia dedicado ao Senhor, que também tinha descansado no sétimo dia. Sempre que “age“ no sábado, seja curando doentes, seja permitindo que seus discípulos colham as espigas de trigo, Jesus dá dois recados ao mesmo tempo: em primeiro lugar, que Ele é o próprio Deus, quem pode modificar a Lei, mas que, ao invés de alterá-la, revela-lhe o sentido mais profundo; em segundo lugar, que esse sentido mais profundo é o bem-estar do homem, sua felicidade plena, que é a alegria do Pai.
Na oração, somos também convidados a (res)significar nossas leis, sejam individuais, sociais ou espirituais. O evangelho nos convida a ser Cristo e, com Ele, convida-nos a questionar: por que tenho seguido esse padrão de comportamento? Por que divinizei essas condutas? O que desejo com tais regras? Como devo cumprir os mandamentos? Quais são, hoje, as proibições e os imperativos que devo seguir?
Em meio a tantas perguntas, podemos nos sentir perdidos. Afinal, podemos flexibilizar? Até que ponto não estou adulterando? E se não reinterpretar for corromper? Como, entre tantas possibilidades, encontrar o caminho que não engessa e não relativiza o essencial?
A resposta de Jesus aos fariseus, quando Ele recorda o que Davi fez, responde-me na oração. Jesus relembra que Davi comeu dos pães oferecidos a Deus e os deu de comer aos seus companheiros, pois tinham fome e não tinham o que comer. Jesus relembrou que era proibido comer desses pães, que só os sacerdotes deveriam comer. Quando Ele não revoga a lei do sábado, mas permite que seus discípulos colham as espigas nesse dia, está dizendo que Ele – e os que o seguem – colocam-se como sacerdotes, isto é, como pessoas que são ponto de encontro entre o Pai e a humanidade, entre a mensagem do Pai e os que estão sedentos de sua Palavra.
Do evangelho nos vem a pista para responder a tantas perguntas. Para sermos também quem dá sentido à lei, temos de estar entre aqueles que convivem com o Pai, que lhe falam e tentam ouvir sua Palavra. Quando somos elo entre o Pai e seus filhos, somos sacerdotes, e aí podemos comer do pão que é dado a quem vai além da lei – sem descumpri-la e, além disso, obedecendo-lhe com perfeição.
A oração nos torne companheiros de Jesus e sacerdotes com Ele, a fim de que o mais breve possível o mundo entenda – e viva – que as igrejas, as religiões, os governos e as políticas devem ser para a alegria de todos os homens, mulheres e crianças e não o contrário.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte