“Somente os sacerdotes têm o direito de fazer isso”
19 de janeiro de 2016“Enlouqueceu!”
23 de janeiro de 2016Leitura: Marcos 3, 1-6
Jesus foi outra vez à sinagoga. Estava ali um homem que tinha uma das mãos aleijada. Estavam também na sinagoga algumas pessoas que queriam acusar Jesus de desobedecer à Lei; por isso ficaram espiando Jesus com atenção para ver se ele ia curar o homem no sábado. Ele disse para o homem:
— Venha cá!
E perguntou aos outros:
— O que é que a nossa Lei diz sobre o sábado? O que é permitido fazer nesse dia: o bem ou o mal? Salvar alguém da morte ou deixar morrer?
Ninguém respondeu nada. Então Jesus olhou zangado e triste para eles porque não queriam entender. E disse para o homem:
— Estenda a mão!
O homem estendeu a mão, e ela sarou. Logo depois os fariseus saíram dali e, junto com as pessoas do partido de Herodes, começaram a fazer planos para matar Jesus.
Oração:
Hoje, novamente, o evangelho nos convida a contemplar a atitude de Jesus em relação à norma referente ao sábado. Hoje, ao invés de estar no centro da discussão o comportamento de seus discípulos, tem-se um homem que tinha uma mão aleijada.
Que bonito é perceber que Jesus não se preocupa em agradar a dois lados, não fica em cima do muro, não pensa em si em primeiro lugar, não teme a reprovação e o embate. Poderia ter curado o homem no dia seguinte: o aleijado ficaria feliz por ter novamente os movimentos das mãos e os seus opositores ou meros cumpridores da lei mais estrita não teriam motivo para recrimina-lo. Mas Jesus cura naquele instante. Seu amor é impetuoso, a vida em abundância é urgente e seu ensinamento não serve a qualquer discurso, mas é preciso em seu conteúdo.
Que bonito, mas que desafiador! Nós, cristãos, olhamos tantas vezes para a realidade e, quando se pergunta a nós se é permitido fazer o bem ou o mal, deixar morrer ou viver, tantas vezes titubeamos. Sabemos a resposta teoricamente, mas, ao lidar com a vida concreta, ficamos sem respostas, ou respondemos que a vida plena pode esperar, que o sofrimento pode continuar, que o bem deve ser feito, mas aos pouquinhos, modicamente, sem que encoste na minha segurança, no meu privilégio, no meu conforto e, no fundo, sem que eu tenha de abrir mão da minha mesquinhez e autocentramento.
É preciso enfrentar essas divisões internas, encarar o olhar triste com o qual Jesus olhou as pessoas silenciosas daquela sinagoga. Contemplar, no seu olhar triste, a causa dessa tristeza, que é seu Amor infinito, sua misericórdia, que deseja nos abraçar e fazer felizes, mas bate à porta, sem invadir; deseja conversar, mas não vai gritar; quer conviver, mas não vai perseguir. Jesus se entristece “porque não queriam entender”.
Jesus, que nossa incapacidade de compreender bem não retire de nós a vontade de compreender cada vez mais e melhor. Que não tenhamos medo de entender nossas incoerências e dubiedades. Que a oração transforme nossa vida e que possamos ver seu olhar alegre! Que sua urgência em tornar plena toda vida nos contagie!
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte