Valores e prioridades (Marcos 12, 38-44)
6 de junho de 2015Bem-aventurados! (Mt 5,1-12)
8 de junho de 2015LECTIO DIVINA
Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo – Ano B
Domingo, 7 de junho de 2015
“Levarei ao Senhor uma oferta de vinho.”
Salmo 116.13
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Rei celestial, Consolador,
Espírito da verdade,
que estás presente em todas as partes e tudo plenificas,
tesouro de todo o bem e Fonte de vida,
vem e faze de nós tua morada,
purifica-nos de toda mancha
e salva nossas almas,
Tu que és bom.[1]
TEXTO BÍBLICO: Marcos 14.12-16,22-26
Jesus comemora a Páscoa
Mateus 26.17-25; Lucas 22.7-16,21-23; João 13.21-30
12No primeiro dia da Festa dos Pães sem Fermento, em que os judeus matavam carneirinhos para comemorarem a Páscoa, os discípulos perguntaram a Jesus:
— Onde é que o senhor quer que a gente prepare o jantar da Páscoa para o senhor?
13Então Jesus enviou dois discípulos com a seguinte ordem:
— Vão até a cidade. Lá irá se encontrar com vocês um homem que estará carregando um pote de água. Vão atrás desse homem14e digam ao dono da casa em que ele entrar que o Mestre manda perguntar: “Onde fica a sala em que eu e os meus discípulos vamos comer o jantar da Páscoa?” 15Então ele mostrará a vocês no andar de cima uma sala grande, mobiliada e arrumada para o jantar. Preparem ali tudo para nós.
16Os dois discípulos foram até a cidade e encontraram tudo como Jesus tinha dito. Então prepararam o jantar da Páscoa.
A Ceia do Senhor
Mateus 26.26-30; Lucas 22.14-20; 1Coríntios 11.23-25
22 Enquanto estavam comendo, Jesus pegou o pão e deu graças a Deus. Depois partiu o pão e o deu aos discípulos, dizendo:
— Peguem; isto é o meu corpo.
23Em seguida, pegou o cálice de vinho e agradeceu a Deus. Depois passou o cálice aos discípulos, e todos beberam do vinho. 24Então Jesus disse:
— Isto é o meu sangue, que é derramado em favor de muitos, o sangue que garante a aliança feita por Deus com o seu povo.25Eu afirmo a vocês que isto é verdade: nunca mais beberei deste vinho até o dia em que beber com vocês um vinho novo no Reino de Deus.
23Então eles cantaram canções de louvor e foram para o monte das Oliveiras.
1. LEITURA
Que diz o texto?
P. Daniel Kerber[2]
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
O que se comia no primeiro dia da festa? Que disse Jesus aos discípulos que preparariam a ceia? Como encontrariam o lugar da ceia de Páscoa? Que lhes disse Jesus enquanto comiam? O que lhes garantiu?
Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
Neste domingo, celebramos a Solenidade do Corpo e Sangue de Cristo. Embora Jesus tenha instituído a Eucaristia na Quinta-Feira Santa, a Igreja quer também celebrar em outro dia, plenamente festivo, a maravilha do Senhor que permanece em seu Corpo e Sangue.
O texto do evangelho relata a instituição da Eucaristia na ceia pascal de Jesus com seus discípulos. Os vv. 12-16 estão relacionados com os vv. 17-21 (que não fazem parte da leitura litúrgica), nos quais se anuncia a traição de Judas. Nos vv. 22-25, narra-se a instituição eucarística por parte de Jesus, e o v. 26 funciona como conclusão e transição para a seção seguinte.
Jesus já desenvolveu quase toda a sua vida pública na Galileia e formou o grupo de seus discípulos. Ele já havia anunciado sua própria entrega (Marcos 8.31ss; 9.30ss; 10,33ss) e agora, em Jerusalém, reúne-se com seus discípulos para celebrar a páscoa judaica que rememorava a libertação que Deus havia trazido a seu povo escravizado no Egito. Nesta ceia pascal, com o pão “partido” (v. 22) e o sangue “derramado” (v.2 24), Jesus antecipa sua própria páscoa, que se realizará no dia seguinte, com sua morte na cruz.
Os preparativos que se mostram nos vv. 12-16 indicam que o que Jesus realiza não é algo improvisado, mas que entra no projeto de salvação de Deus. Cada gesto está preparando a entrega com que ele fará a nova páscoa e a nova aliança que libertará a humanidade do pecado e da morte.
Nos vv. 22-25, Jesus toma do pão e do vinho e dá a seus discípulos como “seu corpo” e “seu sangue”, ou seja, sua pessoa que se entrega. Na tradição judaica da páscoa, lê-se o texto de Deuteronômio 16.3: “Comam somente pão feito sem fermento, pois era assim o pão que vocês comeram quando saíram às pressas do Egito”. Os discípulos podiam entender que seu Senhor via a si mesmo presente no pão partido. Comer desse pão e beber desse cálice significava entrar em comunhão com seu mestre, que estava a ponto de entregar-se até à morte, e que, conforme havia anunciado, ressuscitaria (veja-se Marcos 8.31; 9.31; 10.33).
Tal como Moisés tinha aspergido com sangue o povo, como confirmação da Aliança (Êxodo 24.6-8), assim também, nesta nova aliança, Jesus entrega seu sangue simbolizado no cálice com vinho, em favor de “muitos” (v. 24). Não devemos entender este “muitos” como excludente, que deixa alguns de fora, mas um “muitos” que alcança a totalidade.
A promessa de não beber de novo do fruto da videira até “até o dia em que beber com vocês um vinho novo no Reino de Deus” (v. 25) mostra que Jesus espera que se realize plenamente o que ele está anunciando na Ceia Pascal. Este corpo e este sangue entregues e recebidos por seus discípulos geram comunhão, são uma antecipação do reino de Deus que já está presente na vida, palavra e obra de Jesus.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
A Igreja celebra neste domingo a presença de Jesus Cristo no meio dela, através de seu corpo e de seu sangue, que são Santíssimo Sacramento do Altar, ou seja, a Eucaristia. Neste dia, costuma-se expor a Hóstia Santa, colocada para a adoração de todos os cristãos em um recipiente a que chamamos custódia, e que mostra a glória do amor de Deus através dela. A custódia percorre nossas ruas com a procissão da qual estamos convidados a participar.
Pessoalmente, aproveite este dia especial para que, de seu coração, se manifeste a gratidão a Jesus presente na Eucaristia. Deus Pai cumpre seus planos nele, e oferece a você completa salvação. Como não expressar-lhe nosso amor e nossa adoração? Este é um dia de festa! A humanidade inteira tem fome e sede de Deus, e Deus apresenta-se diante dela como alimento e bebida para a vida eterna.
O beato Papa Paulo VI no-lo recorda da seguinte maneira: “Assim, portanto, cabe a nós, cristãos, ser, em meio às demais pessoas, testemunhas desta realidade, anunciadores desta esperança. O Senhor, presente na verdade do sacramento, não repete, por acaso, para nossos corações em cada Missa: ‘Não tenham medo. Eu sou o Primeiro e o Último. Eu sou aquele que vive’ (Apocalipse 1.17-18)? Aquilo de que mais necessita o mundo de hoje é que os cristãos ergam bem alto, com humilde audácia, a voz profética de sua esperança… Irmãos e filhos queridíssimos, reunamo-nos em torno do altar! Aqui está presente Aquele que, tendo partilhado nossa condição humana, reina agora glorioso na felicidade sem sombras do céu”[3].
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
O que sinto quando estou diante do Sacrário? Quando participo da Eucaristia, mantenho-me atento ou distraído? Recordo que Jesus está ali presente? Quando comungo, sinto que me estou unindo a Jesus e a sua Igreja?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Ó Jesus, Pão Verdadeiro!
Único alimento de nossas vida,
recolhe todos os povos em torno à tua mesa:
ela é uma realidade divina sobre a terra,
ela nos antecipa teu amor divino,
ela te dá a conhecer plenamente entre todas as pessoas
e faz avançar a paz,
para que se realize o verdadeiro progresso da sociedade.
Nutridos por Ti e de Ti, ó Jesus,
todos nós viveremos fortes na fé, alegres na esperança,
ativos em nossos múltiplos gestos de caridade.[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Jesus, estás vivo na Eucaristia; obrigado por me convidares à tua Santa Mesa.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Convido um amigo a rezar diante de Jesus Eucaristia, partilhando com ele a razão pela qual creio que Ele está ali.
“Sou trigo de Cristo, para ser triturado
e converter-me no pão de Cristo”
Santo Inácio de Antioquia
[1] Oração da liturgia bizantina.
[2] É sacerdote da Arquidiocese de Montevidéu (Uruguai) e administrador paroquial da Paróquia de são Alexandre de são Pedro Claver. Colabora também com as Sociedades Bíblicas Unidas no trabalho de tradução da Bíblia para as línguas indígenas e prestou serviço como “auditor” para o Sínodo dos Bispos sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja (2008). É membro da equipe de apoio da escola bíblica do Cebipal (Centro Bíblico para a América Latina, do CELAM).