Mateus 13,44-46 – Santidade
30 de julho de 2014O olhar de Deus (Mt 13, 54-58)
1 de agosto de 2014Palavra dirigida a Jeremias, da parte do Senhor: “Levanta-te e vai à casa do oleiro, e ali te farei ouvir minhas palavras”. Fui à casa do oleiro, e eis que ele estava trabalhando ao torno; quando o vaso que moldava com barro se avariava em suas mãos, ei-lo de novo a fazer com esse material um outro vaso, conforme melhor lhe parecesse aos olhos.
Fez-se em mim a palavra do Senhor: “Acaso não posso fazer convosco como este oleiro, casa de Israel? diz o Senhor. Como é o barro na mão do oleiro, assim sois vós em minha mão, casa de Israel”.
Jr 18,1-6
“O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam. Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são justos, e lançarão os maus na fornalha de fogo. E aí, haverá choro e ranger de dentes. Compreendestes tudo isso?” Eles responderam: “Sim”. Então Jesus acrescentou: “Assim, pois, todo mestre da Lei, que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”. Quando Jesus terminou de contar essas parábolas, partiu dali.
Mt 13,47-53
Este texto da primeira leitura de hoje sempre me encanta.
Perceber-me nas mãos de Deus como a argila nas mãos do oleiro me acalenta, me traz esperança e me dá força para continuar sempre, pois sei que Deus vai me moldando de acordo com as necessidades da vida. Suas mãos ágeis e misericordiosas trabalham no meu barro e me preparam para os desafios que vão surgindo. Percebo os acontecimentos da vida como as rodas do torno, que Deus utiliza para moldar a pessoa que Ele quer construir.
Muitas vezes escuto pessoas dizendo que Deus não manda dificuldades acima da nossa capacidade para enfrentá-las. Contudo, rezando este texto, percebo que Deus é muito maior e melhor que isso. As pessoas são livres e as coisas acontecem sem, necessariamente, ser da vontade de Deus, porém Ele pode nos moldar para que estejamos preparados para enfrentar e superar todos os desafios que se nos apresentam.
Fico pensando é o quanto eu posso cooperar ou não nessa tarefa de Deus. O quanto sou argila mole ou argila dura? O quanto sou argila refratária ou aquela que permite ser amolecida com uma molhadinha de Deus?
Hoje, em especial, chamou-me a atenção o fato de que Deus conduziu Jeremias à casa do oleiro.
Deus se utiliza de coisas simples, que conhecemos bem, para nos ensinar coisas profundas, transcendentais, que necessitariam grandes tratados para serem concebidas e que estariam fora do alcance de pessoas humildes.
Mas Deus se dá a conhecer a todas as pessoas que o procuram na simplicidade. Observando a natureza, as coisas que acontecem, as pessoas mais humildes ouvem e aprendem de Deus seus ensinamentos.
Eu me encho de alegria, na minha oração, e agradeço a Deus que seja assim: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos”. (Mt 11, 25b)
Nessa linguagem simples, utilizando das coisas que todos conheciam, Jesus compara o Reino dos Céus a uma rede que é lançada ao mar e que apanha peixes de todos os tipos.
Chama a minha atenção o fato de que a rede apanha peixes de todos os tipos e que ela só é puxada de volta quando está cheia e, então, os peixes bons são recolhidos e os que não prestam são jogados fora.
Ora, o Reino dos Céus não faz distinção dos peixes, pois apanha peixes de todos os tipos.
A parábola me diz sobre fraternidade, sobre a convivência com o diferente. A missão de separar não é minha, ela caberá aos anjos e somente no fim dos tempos. Por ora, importa que eu esteja na mesma “rede” com todo tipo de pessoa.
Nessa jornada dentro da rede, temos a oportunidade de ir nos moldando, como o barro nas mãos do oleiro, nos transformando e nos aprimorando para sermos recolhidos como bons peixes.
Hoje, dia em que a igreja celebra a memória de Santo Inácio de Loyola, sinto mais forte ainda este poder de Deus de aproveitar os acontecimentos da nossa vida e ir nos moldando, nos transformando e nos aperfeiçoando, como o oleiro com seu vaso. Assim como Santo Inácio, lembro-me também de outras histórias de conversões fantásticas, como as de São Paulo, Santo Agostinho e São Francisco e fico imaginando que falta nos faria se eles não pudessem ter convivido na mesma rede até se transformarem nos peixes bons em que se transformaram.
Estes são os casos conhecidos universalmente, mas, provavelmente, todos conhecem algum caso particular que assim se sucedeu.
Pois bem, hoje o convite da oração é contemplar este mundo de pessoas tão diversas e perceber que a história de cada uma é uma história única na mão do oleiro, que moldará um vaso maravilhoso, embora no momento eu esteja vendo tão somente um monte de barro disforme. Não nos cabe julgar se aqueles que estão à nossa volta serão recolhidos como peixes bons ou serão jogados fora. Por ora, nós devemos viver na mesma rede.
Que Santo Inácio interceda para que nós possamos, vivendo a fraternidade, ser maleáveis nas mãos do oleiro. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG