14 de abril de 2022 – Quinta Feira Santa In Cena Domini

Jo 13, 1-15 – “Se Eu não te lavar, não terás parte comigo”

• Leitura: O que o texto diz?

João dá uma perspectiva única em relação ao acontecido daquela ceia que antecipava a Páscoa: o gesto de lavar os pés. Era um jantar que antecipava a páscoa judaica, Jesus estava ciente de tudo o que precisava fazer, certamente via os seus escolhidos felizes, mas ainda com incertezas em relação ás coisas que viriam. A traição já estava tramada, mas a justiça divina já estava instaurada. Ele voltaria ao Pai.

Não era costume lavar os pés uns dos outros. As purificações judaicas para o jantar são feitas antes de se sentar a mesa. Jesus toma a posição de um servo, cinge-se com uma toalha e começa a lavar os pés dos amigos. Eles não entendiam e Pedro até questiona. Está claro que não é um gesto de purificação ritual, mas é para algo mais. É o mandamento do amor, aquele primeiro e principal que se faz gesto.

• Meditação: O que o texto me diz?

É quase impossível não se deparar com esse texto e ficar curioso. Os pés? Parece que até mesmo Pedro teve essa impressão. De fato há um mistério grandioso naquele gesto que, inclusive, se faz memória de forma litúrgica na Missa In Cena Domini (da Ceia do Senhor).

Que representam os pés? Sem pensar muito, pode-se dizer que representam o sustento do corpo, o ir e vir, a liberdade de fazer algum trajeto, o caminho feito e a ser trilhado… Podem ter muitos sentidos simbólicos. Mas nesse texto, alguns estudiosos preferem dizer que os pés são o contato com a terra, são a humanidade tal e qual e todos os afetos do ser humano. E Deus se abaixa para purificar os afetos, os corações feridos, os pés cansados, mas para colocar num caminho diferente, no seu Caminho. Por isso “tomar parte” com Jesus é refazer seus passos, é caminhar com Ele e mais: caminhar Nele.

Os impuros, os que desistem Dele, por força do pecado, deixam de lado o Projeto principal pelos projetos pessoais. A impureza de Judas significa isso. “Vós estais limpos, mas não todos”, ou seja, quem não se deixou encontrar verdadeiramente, pode até estar na presença de Jesus, pode até ser tocado, uma vez que toda humanidade foi tocada misteriosamente pela Redenção, mas ainda viver isolado, fechado e sem vínculos.

Jesus vincula a cada um numa comunidade para ter parte com Ele no serviço á humanidade toda reunida em seu Corpo Místico. O exemplo está dado: é Ele mesmo na totalidade de suas ações, gestos e palavras. Os pés da humanidade estão lavados, os batizados estão incorporados Nele.

• Oração: O que o texto me faz dizer a Deus?

Senhor que lavas os pés da humanidade toda em cada celebração litúrgica e em cada gesto de amor daqueles que vos seguem. Hoje reconheço que há sim sujeiras em meus afetos e muito ainda precisa ser limpo para meu seguimento de Vós. Agradeço a oportunidade e a possibilidade de fazer parte do teu Caminho e colaborar em lavar os pés dos irmãos e irmãs que te aceitam e anunciam. Amém.

• Contemplação: O que Deus, através do texto, faz em mim?

Tomar consciência do limites é próprio de que se aproxima de Jesus. Mas hoje o convite é ajudar os outros, ou seja, aproximar-se da fragilidade dos outros e ver-se igual, na mesma condição de pessoa, mesmo que os limites sejam diferentes e amar, mesmo que seja somente através de uma prece. Deus que teve misericórdia dos seus me faz ser misericordioso com os meus.

• Ação: O que o texto me impulsiona a fazer?

Este ano refletimos, no Brasil, sobre a importância da Educação na Campanha da Fraternidade e como a Fé nos ajuda a viver bem a dimensão do ensino pela Sabedoria e com Amor. Amemos os educadores e valorizemos seu trabalho. Jesus deu o exemplo e o chamamos de Mestre e Senhor. Como seguidores, façamos o mesmo, amemos como o Mestre ensinou: com proximidade, liberdade e simplicidade.

Que você faça um caminho bonito com Jesus!

Antonio C. dos Santos Jr. – Seminarista diocesano da etapa da Configuração e membro da Equipe Diocesana da Animação Bíblico-Catequética da Diocese de Ponta Grossa-PR.