A leveza da misericórdia (Mt 9, 9-13)
4 de julho de 2014Ó Senhor, o que é o ser humano, para que penses nele? Que é um simples mortal, para que te preocupes com ele?
6 de julho de 2014Os discípulos de João aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?” Disse-lhes Jesus: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão.
Ninguém põe remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo repuxa a roupa e o rasgão fica maior ainda. Também não se põe vinho novo em odres velhos, senão os odres se arrebentam, o vinho se derrama e os odres se perdem. Mas vinho novo se põe em odres novos, e assim os dois se conservam”.
Minha atenção se volta, desde o início da leitura, para o fato dos discípulos de João se aproximarem e, de forma direta, questionarem Jesus sobre o jejum.
No trecho do evangelho que rezamos ontem, os fariseus não questionaram Jesus diretamente a respeito dele comer com cobradores de impostos e pecadores, mas perguntaram aos discípulos de Jesus, em uma atitude suspeita, como de alguém que quer espalhar a discórdia.
João se primou pela autenticidade. Não usava de subterfúgios. Ia direto às questões essenciais que precisavam ser tratadas. Exatamente por causa disto teve sua cabeça colocada, literalmente, a prêmio.
Os discípulos de João honraram seu mestre e foram diretamente questionar Jesus sobre algo que lhes era muito caro, afinal João havia sido um homem de costumes rígidos, vivia no deserto e se alimentava de gafanhotos e mel silvestre (Mt 3, 4).
Quando nossa pergunta é sincera, quando buscamos, com sinceridade, esclarecer aquilo que não entendemos, Jesus se revela o mestre dos mestres.
O momento é de festa, pois Jesus está no meio deles.
Jesus é a grande novidade. Novidade que requer uma nova mentalidade. Havia chegado o momento para o qual João preparou o coração de todos que o ouviram: “O machado já está posto na raiz das árvores. E toda árvore que não der bom fruto, será cortada e jogada no fogo” (Mt 3, 10).
Os discípulos de João querem dar bons frutos. Deviam admirar Jesus, de quem seu mestre havia dado testemunho, portanto procuram esclarecer o que não compreendem.
Jesus lhes mostra o caminho. Há tempo específico para cada coisa. No momento oportuno o jejum será necessário. Jesus não tira a importância do jejum, mas a relativiza. Festejar a presença do noivo é mais importante. Se o noivo faltar o jejum é importante.
Jesus prepara os discípulos para eles entenderem que há uma importante dinâmica de renovação que deve ser incorporada em nossas vidas: Noivo, festa, novidades, perdas, jejum, noivo, festa, novidades e assim por diante. Lógico que podemos incorporar outras coisas importantes, como oração e ação. Mas, no contexto do evangelho, entendo que Jesus quer chamar a atenção deles para que não se prendam às práticas antigas. Elas são importantes e muitas serão conservadas, porém devemos nos abrir para coisas novas e para darmos nova roupagem às coisas antigas. Estamos em construção, a caminho, portanto o processo de transformação é permanente, como observamos em toda a natureza, com suas estações, chuvas e secas, tempo de florescimento e de desfolhamento.
Hoje o convite da oração é nos colocarmos na posição dos discípulos de João e perguntar à Jesus, com sinceridade, tudo que não compreendemos e, depois, no silêncio do nosso coração, entender o que já não produz bons frutos e que deve ser cortado e jogado ao fogo. Que neste silêncio possamos renovar o coração, preparando-o para receber as novidades que o Senhor nos apresenta.
Maria, sempre aberta às novidades que a vida lhe apresentava, nos acompanhe e nos sirva de exemplo neste momento. Amém!
João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG