O Pai que está em mim realiza suas obras (Jo 14, 7-14)
2 de maio de 2015O amor leva à escuta, a escuta fecunda o amor (Jo 14,21-26)
4 de maio de 2015LECTIO DIVINA
Quinto Domingo de Páscoa – Ano B
26 de abril de 2015
“Ó Senhor Deus, nós te louvaremos
por causa de teu poder.”
Salmo 21.14
PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, és a alma de minha alma,
adoro-te humildemente.
Ilumina-me, fortifica-me, guia-me, consola-me.
E na medida em que corresponder ao plano eterno, Deus Pai,
revela-me teus desejos.
Dá-me conhecer o que devo fazer.
Dá-me conhecer o que devo sofrer.
Dá-me conhecer o que com silenciosa modéstia
e em oração, devo aceitar, carregar e suportar.
Sim, Espírito Santo,
dá-me conhecer tua vontade e a vontade do Pai.
Pois durante toda a minha vida, outra coisa não quero ser
senão um contínuo e perpétuo Sim
aos desejos e ao querer do eterno Deus Pai.[1]
TEXTO BÍBLICO: João 15.1-8
Jesus, a videira
1Jesus disse:
— Eu sou a videira verdadeira, e o meu Pai é o lavrador. 2Todos os ramos que não dão uvas ele corta, embora eles estejam em mim. Mas os ramos que dão uvas ele poda a fim de que fiquem limpos e deem mais uvas ainda. 3Vocês já estão limpos por meio dos ensinamentos que eu lhes tenho dado. 4Continuem unidos comigo, e eu continuarei unido com vocês. Pois, assim como o ramo só dá uvas quando está unido com a planta, assim também vocês só podem dar fruto se ficarem unidos comigo.
5— Eu sou a videira, e vocês são os ramos. Quem está unido comigo e eu com ele, esse dá muito fruto porque sem mim vocês não podem fazer nada. Quem não ficar unido comigo será jogado fora e secará; será como os ramos secos que são juntados e jogados no fogo, onde são queimados. 7Se vocês ficarem unidos comigo, e as minhas palavras continuarem em vocês, vocês receberão tudo o que pedirem. 8E a natureza gloriosa do meu Pai se revela quando vocês produzem muitos frutos e assim mostram que são meus discípulos.
1. LEITURA
Que diz o texto?
P. Cesar Buitrago[2]
ü Algumas perguntas para ajudar-te em uma leitura atenta…
Quem é a videira? Quem são os ramos? O que acontece se permanecem unidos a Jesus? Quem é aquele que corta os ramos que não produzem uvas? O que faz com aqueles ramos que dão uvas? O que acontecerá com quem for jogado fora?
Algumas considerações para uma leitura proveitosa…
Com o capítulo 15 de são João, começa o segundo discurso de despedida de Jesus. Estamos, portanto, em um contexto de adeus, de intimidade, em que Jesus vai revelando a seus discípulos todo o seu amor e seus segredos mais íntimos. Ele lhes revela a chave do êxito, da perseverança, de uma vida plena e fecunda. Ensina-nos como deve ser nosso relacionamento com Ele.
O texto começa com uma grande afirmação: “Eu sou a videira verdadeira, e o meu Pai é o lavrador” (v. 1). A simples imagem da “videira”, no povo de Israel, já estava carregada de rico conteúdo. Desde o Antigo Testamento, os profetas recorreram a essa imagem para designar o povo de Deus (cf. Ez 119.10-12; Jr 2.21-22). E sempre existiu uma forte conexão entre vinha, videira e fecundidade. Quando Jesus afirma que Ele é a “videira” verdadeira, significa que o verdadeiro povo eleito será, mais adiante, a comunidade fundada por Jesus. Para ser seu povo (sua comunidade), é necessário manter uma relação viva com Ele e com seu Pai. Relação Vida + vinha = Fecundidade.
Depois da afirmação “eu sou a videira”, são-nos indicadas as duas ações que o Pai realiza: corta os ramos que não dão uvas (frutos) e poda os frutíferos, para que produzam mais frutos (v. 2). O vinhateiro vai sempre esperar uma colheita abundante: quanto mais numerosos forem os frutos, maior será a alegria do vinhateiro. Daí, o cuidado, a dedicação; o podar, o cuidar e o retirar o que é estéril. O v. 3 afirma que os discípulos já estão limpos: “…por meio dos ensinamentos que eu lhes tenho dado”. Dever-se-á entender essa limpeza em chave da vida e, em última instância, na disposição para dar frutos. Não se trata aqui de uma limpeza em sentido moral. É o poder da Palavra que nos limpa e nos capacita para todo fruto bom.
Jesus revela que o segredo para dar frutos é “permanecer com Ele” (v. 4). Oito vezes se menciona o verbo “permanecer” nesses versículos. É o que defino o discípulo: estar com Ele, a ponto de que, sem essa permanência, tudo sera esterilidade na vida do crente (v. 4b). Assim se chega ao ponto culminante de todo o discurso: “Eu sou a videira, e vocês são os ramos”(v. 5a). Ele é a totalidade de todo o ser, seu fundamento e razão de existir, “porque sem mim vocês não podem fazer nada” (v. 5c). Definitivamente, fica claro que não há fecundidade alguma sem permanecer nele, nem existe nenhuma comunhão duradoura com Jesus que, no decorrer do tempo, mostre-se infecunda (v. 6).
Jesus, uma vez mais, deixa no coração dos seus discípulos o dom da oração (v. 7); o permanecer se define por esse estar em comunhão com Ele, com a certeza de que a oração será ouvida em todo o seu alcance. Também a oração é parte essencial do dar fruto.
Deus nos quer fecundos (v. 8); sua glória é a vida plena e cheia de sentido de seus filhos. Uma vida que se realiza produzindo e distribuindo frutos. É a vida cristã vivida com a liberdade e com a novidade que o Espírito Santo traz. Permaneçamos nele e levemos outros também a conhecer e a amar a vida boa que provém de Jesus.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
O evangelho deste domingo nos lembra que vivemos a salvação como fruto da palavra de Jesus. Isto acontece em nossa vida porque reconhecemos que Jesus nos falou e fala a todo momento; Ele é palavra permanente, palavra que não se pronuncia somente com a boca; é palavra viva, e no exercício que fazemos com a Lectio Divina, saboreamos e aprofundamos essa salvação que nos chegou por meio do Filho de Deus. É por isso que, ao meditar cada texto de nossa Bíblia, estamos tecendo sempre mais a relação amorosa que Cristo quer ter conosco e que hoje nos recorda com a palavra “permanecer”. Ele nos faz saber que, se estivermos com ele e o levarmos em conta em nosso viver cotidiano, daremos frutos, e essa salvação com que fomos agraciados nos prepara para que nossos frutos sejam agradáveis a Deus.
O Papa Francisco fala-nos de como deve ser essa permanência com Jesus: “…quem coloca Cristo no centro da sua vida, descentraliza-se! Quanto mais você se une a Jesus e Ele se torna o centro de sua vida, tanto mais Ele o faz sair de si mesmo, descentraliza-o e o abre aos outros. Este é o verdadeiro dinamismo do amor, este é o movimento do próprio Deus! Sem deixar de ser o centro, Deus é sempre dom de si, relação, vida que se comunica”.[3] Esse comunicar indica oferecer a outros o que recebemos dele: amor, palavra, misericórdia. Se permanecermos nele, como o ramo na videira, não será difícil produzir e repartir o fruto que, por natureza têm os amigos que vivem com o Senhor.
Agora perguntemo-nos:
Como faço para crescer em meu modo de rezar e assim permanecer em Jesus? Minha relação com Jesus deu fruto para meus amigos, minha família e minha comunidade? Como posso permanecer mais ligado à Videira Verdadeira? Vivi momentos em que me dou conta de que, sem Jesus, nada sou?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Senhor,
sou um ramo jovem,
que nasceu à luz de teu amor;
tenho medo de separar-me de ti,
porque, na vida, chega o vento forte, o sol cansa
e o embater da chuva me enfraquece.
Peço-te que me fortaleças
com a seiva de tua misericórdia,
para que meus frutos alegrem e agradem
a nosso Deus,
e tornem rica a vinha de tua Igreja.[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, me minha vida, os ensinamentos do texto?
Senhor, tu és o centro de minha vida;
conta comigo para dar frutos de serviço aos que me estão próximos.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Faço uma oração escrita a Jesus e a coloco em um lugar visível; nela digo que estou disposto a dar bons frutos esta semana: fruto de paz, de tranquilidade e de colaboração em minha casa.
“Jesus estimula-nos a não separar-nos dele, que é a ‘Videira Verdadeira’, ou seja, a não perder a graça, para não converter-nos em ramos secos e inúteis”.
São João Paulo II
[1] P. José Kentenich, Sacerdote Palotino, alemão, fundador do Movimento Apostólico de Schoenstatt.
[2] É licenciado em Teologia pela Faculdade de Teologia do Uruguai (2007). Atualmente é Secretário Executivo da Comissão Nacional da Animação Bíblica da Pastoral (Conferência Episcopal do Uruguai) e Delegado para a Animação Bíblica na Diocese de Flórida-Durazno.
[3] Discurso do Papa Francisco aos participantes do Congresso Internacional sobre a Catequese, no 27 de setembro de 2013 (http://m2.vatican.va/content/francesco/pt/speeches/2013/september/documents/papa-francesco_20130927_pellegrinaggio-catechisti.html)
[4] Equipe Lectionauta.