“Venham, fiquemos de joelhos e adoremos o Senhor. Vamos nos ajoelhar diante do nosso Criador”.
3 de setembro de 2017Santo de casa não faz milagres?
4 de setembro de 2017PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito de Jesus, Espírito Santo de Deus,
força de vida nova, encoraja-nos,
dá-nos esperança,
constrói um coração novo em cada um,
para que façamos juntos a grande fraternidade
sonhada, vivida, oferecida pela entrega de Jesus
e confirmada pelo Pai na Ressurreição.
Vem a nós, para que aprendamos a ser comunidade,
para que mudemos de vida, para que sigamos Jesus.
Vem, Espírito, vem!
TEXTO BÍBLICO: Mt 16.21-27
Jesus fala da sua morte e da sua ressurreição
Marcos 8.31—9.1; Lucas 9.22-27
21Daí em diante, Jesus começou a dizer claramente aos discípulos:
— Eu preciso ir para Jerusalém, e ali os líderes judeus, os chefes dos sacerdotes e os mestres da Lei farão com que eu sofra muito. Eu serei morto e, no terceiro dia, serei ressuscitado.
22Então Pedro o levou para um lado e começou a repreendê-lo, dizendo:
— Que Deus não permita! Isso nunca vai acontecer com o senhor!
23Jesus virou-se e disse a Pedro:
— Saia da minha frente, Satanás! Você é como uma pedra no meu caminho para fazer com que eu tropece, pois está pensando como um ser humano pensa e não como Deus pensa.
24E Jesus disse aos discípulos:
— Se alguém quer ser meu seguidor, esqueça os seus próprios interesses, esteja pronto para morrer como eu vou morrer e me acompanhe. 25Pois quem põe os seus próprios interesses em primeiro lugar nunca terá a vida verdadeira; mas quem esquece a si mesmo por minha causa terá a vida verdadeira. 26O que adianta alguém ganhar o mundo inteiro, mas perder a vida verdadeira? Pois não há nada que poderá pagar para ter de volta essa vida. 27Pois o Filho do Homem virá na glória do seu Pai com os seus anjos e então recompensará cada um de acordo com o que fez.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
O que Jesus explicou e anunciou a seus discípulos sobre seu futuro? Como Pedro reage diante deste anúncio de Jesus? Qual é a resposta de Jesus diante da reação de Pedro? Segundo Jesus, como Pedro vê as coisas? Que exigências Jesus coloca para os que querem segui-lo, ou seja, os discípulos?
Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini
Com este anúncio, inicia-se uma nova seção do evangelho de Mateus (16,21-20), onde Jesus começa a mostrar abertamente que sua missão vai-se realizar pelo caminho da paixão; ou seja, que se apresenta como um Messias sofredor, um Salvador sofredor. Levará a bom termo esta salvação através da humilhação, do sofrimento e da morte. Isto explica a insistência nos anúncios de sua paixão aos discípulos, que não entendem. A paixão indica um fracasso real, embora não definitivo: a rejeição por parte de seu próprio povo Israel. Contudo, este caminho da cruz terminará bem, pois depois da morte, virá a ressurreição, que é também anunciada aqui, mesmo que tampouco compreendida.
Este anúncio da paixão é introduzido em grego pela partícula dei, que se traduz por “devia”. Mateus usa-a para referir-se a algo que tem que acontecer assim porque está previsto por Deus, é Seu plano. Imediatamente depois deste anúncio, Pedro leva Jesus para um lado “e começa a repreendê-lo”, dizendo-lhe que Deus não pode permitir isso.
A forte reação de Jesus – que além de chamá-lo de Satanás, pede-lhe que saia da sua frente, o que em sentido exato da expressão, significa “vai para trás de mim” – recorda-nos o convite ao seguimento que Jesus já havia feito a Pedro e a André em Mt 4,19: “Venham comigo”; e a que fará a todos os que querem segui-lo posteriormente (Mt 16,24). Contudo, lembra-nos também a frase de Jesus a Satanás, no final da terceira tentação no deserto, em Mt 4,10: “Vá embora, Satanás!”.
As palavras e a atitude de Pedro são para Jesus um “escândalo”. Esta expressão significa “induzir ao pecado”, ser “pedra de tropeço”. Levando-se em conta este sentido da palavra “escândalo”, alguns autores veem uma clara contraposição com Mt 16,18, onde Jesus chamou a Pedro de “rocha” sobre a qual edificará sua Igreja. Aqui, por outro lado, Pedro, em vez da pedra firme para edificar, tornou-se “pedra de tropeço” que faz cair. É importante esta comparação visto que, enquanto em sua confissão de fé, a verdade não foi revelada a Pedro “por nenhum ser humano, mas veio diretamente do meu Pai, que está no céu”, aqui Pedro sente, pensa e fala como humano: “você está pensando como um ser humano pensa e não como Deus pensa” (Mt 16,23). O caminho de Jesus é também o caminho da Igreja, de seus discípulos. Por isso, Jesus apresenta a seus discípulos o caminho da cruz como passagem obrigatória para “quem quiser segui-lo”. Como bem o disse Ulrich Luz em seus comentários bíblicos, “a paixão de Jesus e o seguimento dos discípulos se entrelaçam”.
São três as ações que Jesus pede aos que querem “ser seus seguidores”: “esquecer os próprios interesses”, ou seja, “negar-se a si mesmo” (este verbo se usa para as negações de Pedro em Mt 26,34.35.75); “estar pronto para morrer como ele vai morrer” (a mesma expressão descreve a ação de Simão de Cirene em Mt 27,32) e “acompanhá-lo”. Assim como a núncio da paixão terminava fazendo referência à ressurreição ao terceiro dia, de igual modo o caminho da cruz do discípulo termina com a promessa da recompensa por parte do “Filho do Homem” no juízo final.
O que o Senhor me diz no texto?
Esquecer os próprios interesses e assumir a cruz implica estar disposto a perder a vida, mas para salvá-la. Trata-se da aceitação de todo sofrimento por causa de Cristo e a aceitação de Cristo como modelo de vida. Então a cruz aparece como a vida feita doação, um perder-se a si mesmo por amor a Jesus. É o convite do Evangelho de hoje: para ser discípulo, é preciso deixar-se a si mesmo, aos próprios projetos de realização e de salvação pessoal, e optar por Ele.
Há um verdadeiro “dinamismo pascal” na autêntica vida cristã, onde morremos a nós mesmos para renascer para uma vida nova no amor. Este movimento é próprio da missão, tal como nos ensina o Papa Francisco quando nos diz que “quando a Igreja convoca para a tarefa evangelizadora, outra coisa não faz senão indicar aos cristãos o verdadeiro dinamismo da realização pessoal”: “Aqui descobrimos outra profunda lei da realidade: ‘A vida se alcança e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros’. Isto é, definitivamente, a missão» (EG nº 10).
E também adverte do perigo de cair em uma “frouxidão, por não saber esperar e querer dominar o ritmo da vida. A ânsia hodierna de chegar a resultados imediatos faz com que os agentes pastorais não tolerem facilmente o que signifique alguma contradição, um aparente fracasso, uma crítica, uma cruz. (EG nº 82).
De fato, “precisamos de uma certeza interior, ou seja, da convicção de que Deus pode atuar em qualquer circunstância, mesmo no meio de aparentes fracassos, porque ‘trazemos este tesouro em vasos de barro’ (2Cor 4.7). Esta certeza é o que se chama ‘sentido de mistério’, que consiste em saber, com certeza, que a pessoa que se oferece e entrega a Deus por amor, seguramente será fecunda (cf. Jo 15.5). Muitas vezes esta fecundidade é invisível, incontrolável, não pode ser contabilizada. A pessoa sabe com certeza que a sua vida dará frutos, mas sem pretender conhecer como, onde ou quando; está segura de que não se perde nenhuma das suas obras feitas com amor, não se perde nenhuma das suas preocupações sinceras com os outros, não se perde nenhum ato de amor a Deus, não se perde nenhuma das suas generosas fadigas, não se perde nenhuma dolorosa paciência. Tudo isto circula pelo mundo como uma força de vida. Às vezes invade-nos a sensação de não termos obtido resultado algum com os nossos esforços, mas a missão não é um negócio nem um projeto empresarial, nem mesmo uma organização humanitária, não é um espetáculo para que se possa contar quantas pessoas assistiram devido à nossa propaganda. É algo de muito mais profundo, que escapa a toda e qualquer medida. Talvez o Senhor Se sirva da nossa entrega para derramar bênçãos noutro lugar do mundo, aonde nunca iremos. O Espírito Santo trabalha como quer, quando quer e onde quer; e nós gastamo-nos com grande dedicação, mas sem pretender ver resultados espetaculares. Sabemos apenas que o dom de nós mesmos é necessário. No meio da nossa entrega criativa e generosa, aprendamos a descansar na ternura dos braços do Pai. Continuemos para diante, empenhemo-nos totalmente, mas deixemos que seja Ele a tornar fecundos, como melhor lhe parecer, os nossos esforços. (EG nº 279).
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
À luz do Evangelho, pondero meus pensamentos e minhas ações, ou sigo espontaneamente meus impulsos ou o que vejo todo o mundo fazer? Meu modo de enfrentar a vida é “segundo o mundo” ou “segundo o Evangelho”? Como se traduz o negar-nos a nós mesmos e o assumir nossa cruz no concreto de minha vida pessoal, comunitária e social? Já tive alguma vez a feliz experiência de perder-me a mim mesmo para encontrar-me no Senhor? Tenho algum testemunho pessoal da alegria e do júbilo de viver a cruz?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Senhor, dá-nos a sabedoria
que julga desde cima e vê ao longe;
dá-nos o Espírito que omite
o insignificante em favor do essencial.
Ensina-nos a serenar-nos
diante da luta e dos obstáculos
e a prosseguir na fé, sem agitação,
o caminho traçado por ti.
Dá-nos uma atividade serena
que abarque, com uma visão
unitária, a totalidade.
Ajuda-nos a aceitar a crítica
e a contradição.
Faze que saibamos evitar
a desordem e a dispersão.
Que amemos todas as coisas
juntamente contigo.
Oh Deus, fonte do ser,
une-nos a Ti
e a tudo o que converge para Ti,
rumo à alegria e à eternidade.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Senhor, quero perder minha vida para ganhá-la tem ti“.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
A cada dia, escrevo as vezes que puder agir, pensar ou falar regido/a por Deus, ou seja, sob sua inspiração. Agradeço a Deus por isso e pelos momentos em que meus impulsos humanos não me permitem ser-lhe agradável.
“Fora da cruz, não há outra escada por onde subir ao céu.”
Santa Rosa de Lima