O poder de ser leve…
30 de junho de 2016Vinho novo em odres novos (Mateus 9, 14-17)
2 de julho de 2016Naquele tempo, Jesus viu um homem chamado Mateus, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: “Segue-me!” Ele se levantou e seguiu a Jesus. Enquanto Jesus estava à mesa, em casa de Mateus, vieram muitos cobradores de impostos e pecadores e sentaram-se à mesa com Jesus e seus discípulos.
Alguns fariseus viram isso e perguntaram aos discípulos: “Por que vosso mestre come com os cobradores de impostos e pecadores?” Jesus ouviu a pergunta e respondeu: “Aqueles que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. Aprendei, pois, o que significa: ‘Quero misericórdia e não sacrifício’. De fato, eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”. (Tradução CNBB, utilizada nas missas)
Espírito Santo de amor, nós suplicamos que você nos acompanhe neste momento de oração, sendo nosso guia e aumentando em nós o dom da sabedoria, que só você possui e a todos concede, para alcançarmos, por sua graça, um maior entendimento da palavra.
Querido Mestre, hoje quero reafirmar meu compromisso de segui-lo. Lendo este texto, pude sentir, uma vez mais, o seu chamado: “Segue-me!”
Reconheço que, nem sempre, sinto facilidade de abrir as portas de minha casa para você vir cear comigo. Nossos encontros a sós são sempre muito bons, como agora, quando posso falar com você intimamente, recolhido no meu quarto. Acontece que você gosta de reunir muita gente em torno da mesa e, com frequência, há pessoas no meio que me incomodam.
Muitas vezes, sua exigência de permitir que todos os pecadores se sentem conosco me parece dura demais. Contudo, hoje, nesta palavra que leio, você diz que veio para estar no meio deles. Nossa! É como um “tapa de luvas”, afinal, quando olho para você, percebo o quanto sou pecador também. Por que, então, preocupar-me em me misturar com os outros? Entendo que seus olhos veem o que é essencial em cada um de nós e é por isso que sempre me chama. Nunca estive pronto, mas você me chama, eu vou e caminho um pouquinho mais. Você sabe bem que é com muita dificuldade, porém me encanta a sua paciência em esperar meus passos. Você insiste e eu vou, pouco a pouco, caminhando em sua direção.
Assim, hoje você me chama e declara algo que deseja: “Quero misericórdia e não sacrifício”.
Para tentar dar mais um passo na direção deste chamado, busco compreender melhor o que é misericórdia. O que você, profundamente, quer dizer quando declara “quero misericórdia”?
Aproveitando que estamos vivendo o ano do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, percorro a bula de proclamação e me apoio nas palavras do Papa Francisco para aprofundar mais no que você está me pedindo. Detenho-me, principalmente, no início da bula, que me diz que você, meu Senhor, é o rosto da misericórdia do Pai.
Entendo o seu chamado assim: conhecer, cada vez mais, suas ações e, daí, conformar minhas atitudes àquelas que você tomaria se estivesse aqui, vivendo as situações que vivo hoje.
Compreendendo que me tornar misericordioso como o Pai é um caminho, também chamou minha atenção para as etapas da peregrinação proposta pelo Papa, que diz assim: “O Senhor Jesus indica as etapas da peregrinação através das quais é possível atingir esta meta: ‘Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai e sereis perdoados. Dai e ser-vos-á dado: uma boa medida, cheia, recalcada, transbordante será lançada no vosso regaço. A medida que usardes com os outros será usada convosco’ (Lc 6, 37-38)”.
Senhor, apesar de rezarmos constantemente o “Pai Nosso” e pedirmos para sermos perdoados, assim como perdoamos aos outros, como é comum esquecermos disso! Agora, vejo que a única oração que o Senhor nos deixou também nos mostra, de forma vigorosa, que o caminho da misericórdia passa pela comunhão com todos os que vivem em nossa Casa Comum e é o que nos permite chamar a Deus de “nosso Pai”.
Não me resta dúvida de que, para conviver bem e ser feliz, é necessário perdoar a todos e também compreender e aceitar as diferenças de cultura, cor, credo, sexo, orientação sexual etc, além de me doar no serviço a todos que necessitem. O Senhor nos deu o exemplo maior, fazendo-se o último e doando toda sua vida, a recebeu de volta, ressuscitou primeiro, abrindo-nos um novo caminho e uma nova esperança.
Obrigado, Senhor, por indicar um caminho particular para que cada um de nós possa ficar mais próximo de você. Obrigado pela paciência de nos esperar com as nossas limitações e no nosso tempo. Por nos chamar, a cada um, de maneira muito pessoal e por nos capacitar a todos, pela ação do Espírito Santo, para produzir os frutos para o bem de todos. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte