Venham a mim todos os cansados (Mateus 11,28-30)
17 de julho de 2014Projeto Lectionautas capacita jovens em Guarapuava
18 de julho de 2014“Naquele tempo, Jesus passou por uns campos de trigo, num dia de sábado. Seus discípulos ficaram com fome, e começaram a apanhar espigas para comer.
Vendo isso, os fariseus disseram: ‘Eis que os teus discípulos estão fazendo o que não é permitido fazer em dia de sábado!’
Jesus perguntou aos fariseus: ‘Vocês nunca leram o que Davi e seus companheiros fizeram, quando estavam sentindo fome? Como ele entrou na casa de Deus, e eles comeram os pães oferecidos a Deus? Ora, nem para Davi, nem para os que estavam com ele, era permitido comer os pães reservados apenas aos sacerdotes.
Ou vocês não leram também, na Lei, que em dia de sábado, no Templo, os sacerdotes violam o sábado, sem cometer falta?
Pois eu digo a vocês: aqui está quem é maior do que o Templo.
Se vocês tivessem compreendido o que significa: ‘Quero a misericórdia e não o sacrifício’, vocês não teriam condenado estes homens que não estão em falta. Portanto, o Filho do Homem é senhor do sábado.’”
Uma chave de leitura deste Evangelho é a pergunta: O que Deus quer? Podemos entrar com ela na oração de hoje, pedindo-lhe a graça de compreender profundamente a sua vontade.
“Quero a misericórdia e não o sacrifício.”
A Lei do sábado tinha o sentido profundo de consagrar aquele dia a Deus, de recompor nele as forças da semana de trabalho para si e para os menos favorecidos, os “empregados”. De frear a ganância do ganhar mais e mais para reconhecer o Criador, Senhor de tudo, Senhor das nossas vidas, e reconhecer-nos parte da Sua criação, que também precisava repousar. O sétimo dia, em que Deus repousou da sua obra criadora, e nós repousamos nEle como sinal da plenitude desta criação, do paraíso perdido mas neste repouso por Sua graça retomado.
O sábado era, então, sinal da vida plena, apontando para a promessa de Redenção que o Messias traria. Com a melhor das boas intenções – preparar um povo bem disposto, fiel, para a vinda do Messias – os fariseus multiplicaram os preceitos, de forma a envolver a Lei, tentando assim assegurar a fidelidade a ela (o povo seria fiel aos preceitos que a envolviam, até chegar à fidelidade ao núcleo). No entanto, perderam o núcleo, o principal, ficaram na letra. Perderam a pergunta “O que Deus realmente quer?” e transformaram em opressor o que seria sinal de vida e oportunidade de vida. A fidelidade a um sacrifício vivido de forma opressora era exatamente o contrário à vontade de Deus, que Jesus vem ensinar: “Quero a misericórdia e não o sacrifício.”
Como estão nossas comunidades? Temos vivido a religião de forma opressora e imposto aos outros também regras e normas que ao invés de levar a uma vida plena baseada na misericórdia fazem exatamente o contrário, na melhor das boas intenções? Como acolhemos a fome do irmão quando ele passa por nossa seara? O que impomos a ele? Qual a capacidade de acolhida das suas ações quando elas saem da nossa caixinha?
É verdade, não podemos ser omissos ou relativizar tudo. O Senhor nos constitui educadores na fé. Mas qual o critério do nosso discernimento? A nossa interpretação estreita e fechada dos mandamentos ou a busca sincera da vontade do Senhor, da essência do que Ele quer dizer, da Vida que deseja para nós e para o irmão?
“Quero a misericórdia e não o sacrifício.” A misericórdia tem sido a marca da nossa vivência pessoal e comunitária? Como a temos vivido? E como é, Senhor, este coração que abraça a miséria do outro para elevá-la à Vida que Você nos convida a ter?
Oremos por toda a nossa Igreja, para que seja sinal não de opressão, mas de verdadeira misericórdia no nosso mundo.
Tania Pulier, comunicadora social – Palavra Acesa Editora – Família Missionária Verbum Dei e pré-CVX Cardoner