“O Senhor me livra de todo perigo; não ficarei com medo de ninguém”.
26 de janeiro de 2020“A luz brilha na escuridão para aqueles que são corretos, para aqueles que são bondosos, misericordiosos e honestos.”
9 de fevereiro de 2020PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, vem e prepara meu coração.
Espírito Santo, abranda minhas rudezas.
Espírito Santo, dá-me a vida nova que trazes.
Espírito Santo, que eu possa viver a Boa Nova
que hoje escuto.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Lc 2.22-38
Jesus é apresentado no Templo
22Chegou o dia de Maria e José cumprirem a cerimônia da purificação, conforme manda a Lei de Moisés. Então eles levaram a criança para Jerusalém a fim de apresentá-la ao Senhor. 23Pois está escrito na Lei do Senhor: “Todo primeiro filho será separado e dedicado ao Senhor.” 24Eles foram lá também para oferecer em sacrifício duas rolinhas ou dois pombinhos, como a Lei do Senhor manda.
25Em Jerusalém morava um homem chamado Simeão. Ele era bom e piedoso e esperava a salvação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele, 26e o próprio Espírito lhe tinha prometido que, antes de morrer, ele iria ver o Messias enviado pelo Senhor. 27Guiado pelo Espírito, Simeão foi ao Templo. Quando os pais levaram o menino Jesus ao Templo para fazer o que a Lei manda, 28Simeão pegou o menino no colo e louvou a Deus. Ele disse:
29— Agora, Senhor, cumpriste a promessa
que fizeste
e já podes deixar este teu servo
partir em paz.
30Pois eu já vi com os meus próprios olhos
a tua salvação,
31que preparaste na presença
de todos os povos:
32uma luz para mostrar o teu caminho
a todos os que não são judeus
e para dar glória ao teu povo de Israel.
33O pai e a mãe do menino ficaram admirados com o que Simeão disse a respeito dele. 34Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus:
— Este menino foi escolhido por Deus tanto para a destruição como para a salvação de muita gente em Israel. Ele vai ser um sinal de Deus; muitas pessoas falarão contra ele, 35e assim os pensamentos secretos delas serão conhecidos. E a tristeza, como uma espada afiada, cortará o seu coração, Maria.
36Havia ali também uma profetisa chamada Ana, que era viúva e muito idosa. Ela era filha de Fanuel, da tribo de Aser. Sete anos depois que ela havia casado, o seu marido morreu. 37Agora ela estava com oitenta e quatro anos de idade. Nunca saía do pátio do Templo e adorava a Deus dia e noite, jejuando e fazendo orações. 38Naquele momento ela chegou e começou a louvar a Deus e a falar a respeito do menino para todos os que esperavam a libertação de Jerusalém.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Quem deve purificar-se e por quê?
2. O que ordena a lei de Moisés a respeito?
3. Quem era Simeão e que esperança nutria?
4. Quem guiou Simeão e para onde? A quem ele encontra e onde?
5. O que faz Simeão com o Menino Jesus e o que diz?
ü Algumas pistas para compreender o texto:
Mons. Damian Nannini[1]
O relato começa apresentando a Sagrada Família que, para cumprir a lei de Moisés, leva o Menino Jesus ao Templo de Jerusalém.
A primeira prescrição da lei era a consagração do filho primogênito ao Senhor, segundo estipula Êx 13.1,11. Este rito recorda a preservação dos primogênitos dos israelitas quando a décima praga matou os primogênitos dos egípcios. A segunda prescrição é a purificação da mãe, quarenta dias depois do parto, conforme estabelece Lv 12.1-8, a qual se fazia mediante a oferenda de um cordeiro ou, se eram pobres, como neste caso, com um par de filhotes de pomba.
Lucas, porém, diz aqui que a intenção principal da viagem a Jerusalém era para “apresentá-lo ao Senhor”, ou seja, a entrega ou oferecimento de Jesus a Deus. Como no resto dos relatos da infância de Lucas, os estudiosos reconhecem que também aqui o pano de fundo é a narrativa de 1Sm 1–3, onde Ana leva o menino Samuel ao Santuário de Silo e o consagra ao Senhor por toda a vida. No entanto, faltaria explicar que esta apresentação ou entrega do Menino Jesus é um “ato cultual no sentido mais profundo da palavra”, como observa J. Ratzinger, porquanto “este menino não foi resgatado nem voltou à propriedade dos pais; antes, pelo contrário, foi entregue no Templo pessoalmente a Deus, totalmente dado a Ele em propriedade. O termo paristánai, traduzido aqui por ‘apresentar’, significa também ‘oferecer’, aplicando-se aos sacrifícios que se fazem no Templo”.
Contudo, o curioso é que Lucas não narra nem a cerimônia do resgate do primogênito nem a da purificação da mãe; e todo o relato situa-se na entrada do Templo. Segundo L. H. Rivas, isto pode ser compreendido mediante sua relação com a profecia de Malaquias (Ml 3.1-4), “que anuncia que o Senhor virá a seu Templo e, assim, ficarão purificados os sacerdotes e os sacrifícios. Levando-se em consideração esta profecia, compreende-se, então, que o autor do Evangelho fez todo o relato mencionando a introdução do Menino Jesus no templo de Jerusalém com o intento de mostrar que, com este fato, cumpriu-se a esperada purificação do sacerdócio e dos ritos do Antigo Testamento”.
Estando já no Templo, aparece em cena o ancião Simeão. Este é apresentado como um homem “bom e piedoso e [que] esperava a salvação do povo de Israel”. Deste modo, Simeão encarna as autênticas expectativas messiânicas de Israel, pois tem em si a presença do Espírito Santo e se deixa conduzir por Ele.
Simeão toma o Menino Jesus em seus braços e começa a louvar a Deus, afirmando que pode dar por concluída sua vida, porquanto Deus cumpriu sua Palavra, sua Promessa. Movido pelo Espírito Santo, ele descobre este cumprimento no Menino Jesus, a quem confessa como “uma luz para mostrar o teu caminho a todos os que não são judeus e para dar glória ao teu povo de Israel”. O segundo oráculo, palavra profética dirigida a Maria, aprofunda a missão do Menino e o modo como envolve nela sua mãe.
De repente, aparece a viúva Ana, profetisa, que dá graças a Deus pelo dom do Menino e o anuncia a “todos os que esperavam a libertação de Jerusalém”.
2. MEDITAÇÃO
O que o Senhor me diz no texto?
A festa da Apresentação celebra uma chegada e dois encontros; a chegada do esperado e desejado Salvador, e o encontro com dois representantes do Povo de Israel, Simeão e Ana, ícones dos pobres de Javé, dos que colocam sua esperança unicamente em Deus.
E mais ainda, historicamente, “a vinda de Jesus ao templo indica o momento do encontro entre a Lei e o Evangelho, entre a antiga e a nova aliança, entre o velho e novo templo […] Conclui-se o tempo da profecia e inaugura-se o tempo do cumprimento […] Com todas as referências aos profetas e com as palavras ‘glória de seu povo Israel’, Jesus é apresentado ao mundo, de um lado, como ponto de encontro e lugar de passagem entre o Antigo e o Novo Testamento; de outro, com as palavras ‘luz para mostrar o teu caminho a todos os que não são judeus’, é apresentado como ponto de encontro entre Israel e o resto da humanidade, como aquele que derrubará o muro de separação, ‘tornando os judeus e os não judeus um só povo’ (Ef 2.14). Portanto, Jesus assinala a passagem não somente do velho para o novo, mas também do particular para o universal, de um povo para todos os povos”.
Esta apresentação ou oferenda que Maria e José fazem do Menino Jesus nos revela um modo novo de vincular-nos a Deus, de oferecer-nos e de encontrar-nos com Ele. Unidos a Jesus, entregamos a Deus tudo o que somos e tudo o que fazemos, buscando sempre discernir e cumprir sua vontade. Esta é a oferenda agradável ao Pai, pois a fazemos por Cristo, com Cristo e em Cristo. Cada Eucaristia é fonte e ápice da entrega total de nossas vidas ao Senhor.
Meditemos também a dimensão profundamente mariana desta festa, pois a Virgem percorreu por primeiro este caminho de entrega total à vontade de Deus, a exemplo e em comunhão com seu Filho; e nos indica e ajuda a segui-lo.
O encontro com o Senhor, princípio e fundamento, prolonga-se com o encontro entre os irmãos e entre as gerações, como indicava o Papa Francisco em sua homilia da Festa da Apresentação de 2014: “A festividade da Apresentação de Jesus no Templo é denominada também a festa do encontro: […] Tratava-se também de um encontro no contexto da história do povo, um encontro entre os jovens e os anciãos: os jovens eram Maria e José, com o seu recém-nascido; e os anciãos eram Simeão e Ana, duas personagens que frequentavam sempre o Templo. […] E eis o encontro entre a Sagrada Família e estes dois representantes do povo santo de Deus. No centro está Jesus. É Ele que move tudo, que atrai uns e outros ao Templo, que é a Casa do seu Pai. “Trata-se de um encontro entre jovens cheios de alegria na observância da Lei do Senhor, e de anciãos repletos de alegria pela obra do Espírito Santo. É um encontro singular entre observância e profecia, onde os jovens são observantes e os anciãos proféticos! Na realidade, meditando bem, a observância da Lei é animada pelo próprio Espírito, e a profecia move-se ao longo do caminho traçado pela Lei. Quem, mais do que Maria, está cheio de Espírito Santo? Quem, mais do que Ela, é dócil à sua ação?”
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Como vivo e manifesto minha consagração a Deus que aconteceu em meu batismo?
2. Ofereço ao Senhor tudo o que faço em minha vida, sem deixar nada de fora?
3. Busco cumprir o que o Senhor me pede cada dia, como o melhor sacrifício?
4. Já experimentei, como o velho Simeão, que, encontrando Jesus, já descobri o melhor e o fundamental da vida?
5. Procuro sempre gerar cultura do encontro, com todas as pessoas e todas as idades?
3. ORAÇÃO O que respondo ao Senhor que me fala no texto? |
Obrigado, Jesus, por chegar
e estar atento ao nosso encontro.
Que eu saiba sempre encontrar-me com o povo
que escolheste para mim.
Dá-me respeito pelos mais velhos,
fonte de sabedoria e aprendizagem.
Ofereço-te minha vida inteira,
quero viver o que tens preparado para mim.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, faze-me dócil para deixar-me encontrar por ti; quero descobrir-te como o melhor da vida”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me buscar prestar atenção ao que posso oferecer ao Senhor: pequenos gestos para com ele e para com meus irmãos.
“Agora começo a ser discípulo. Nada mais desejo das coisas visíveis e invisíveis, a fim de alcançar Jesus Cristo… Mesmo que me sobrevenham os mais cruéis suplícios, quero apenas alcançar Jesus Cristo…”
Santo Inácio de Antioquia
Dom Damián Nannini é bispo da Diocese de San Miguel (Argentina); licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma.