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Quarta-feira de Cinzas
Mt 6,1-6.16-18
“Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e reza ao teu Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa.” (Mt 6,6)
Na Quarta-feira de Cinzas, iniciamos um tempo novo de nosso Ano Litúrgico. A Quaresma é um tempo marcado pelo recolhimento, pela revisão de vida, pelo desejo de conversão e pela preparação da nova vida que celebraremos na Páscoa. E é com esse espírito que nos preparamos para nossa Leitura Orante.
Neste tempo, também fazemos memória dos quarenta dias de Jesus no deserto e rogamos à Ruah Divina, a fim de que ela nos conduza ao longo deste tempo de graça e conversão.
1. Leitura – O que o texto diz?
Nossa Leitura Orante, nosso encontro com a Palavra, se dará a partir do texto de Mt 6,1-6.16-18. Façamos nossa leitura com mentes e corações abertos.
O evangelho de hoje nos coloca diante de ensinamentos acerca das práticas de piedade – de justiça (Mt 6,1) – que devem caracterizar os discípulos de Jesus, a saber: a esmola, a oração e o jejum. Práticas estas que não eram estranhas aos contemporâneos de Jesus, pelo contrário, eram amplamente realizadas pelos religiosos de seu tempo, inclusive pelos próprios discípulos. No texto, não há uma instrução que os discípulos deem esmolas, orem e jejuem. Nas palavras de Jesus – “quando deres esmola” (Mt 6,3); “quando orares” (Mt 6,6); “quando jejuares” (Mt 6,17) – isso já está posto.
Mas, então, qual a novidade da proposta de Jesus?
A novidade da proposta de Jesus é uma espiritualidade marcada pela gratuidade, de modo que as boas obras que realizamos esteja livre de qualquer busca pelo reconhecimento e desejo de ostentação, de tal modo que sejam conhecidas apenas pelo Pai, que está oculto. E o Pai, que vê o que está escondido, dará a recompensa (Mt 6,6).
2. Meditação – O que o texto me diz?
A partilha do que temos com nossas irmãs e irmãos sofredores, a oração e o jejum compreendidas como práticas quaresmais, embora marquem toda a vida cristã, é algo que a maioria de nós aprendeu na própria família, com os pais, tios, avós… Hoje, somos chamados e chamadas a olhar para essas práticas e vivenciá-las com um novo espírito.
Que caminhos, o texto de Mt 6,1-6.16-18 abre diante de nós? Em que sentido esse texto nos ajuda a viver este novo tempo que se inaugura nesta Quarta-feira de Cinzas?
3. Oração – O que o texto me leva a dizer a Deus?
Este é o momento de entrar no quarto, fechar a porta e orar ao Pai, que está oculto e que vê o que está oculto. Que palavras, dirigiremos ao Pai neste dia?
Podemos falar sobre algo que nos foi revelado no segredo deste encontro com a Palavra ou, ainda, sobre nosso desejo de bem viver esta Quaresma, a fim de que possamos celebrar, na festa da Páscoa, uma vida nova.
4. Contemplação – O que o texto faz em mim?
A contemplação é um momento de encontro e de partilha de mistérios. Em segredo, experimentamos a presença do Deus-Amor, que nos conhece profundamente e nos ama. Em silêncio, acolhamos sua presença amorosa.
4. Ação – O que o texto – e este encontro – me solicita a agir?
Que, ao final deste encontro com o Evangelho, tenhamos um coração disposto a viver nossa espiritualidade sob os signos da gratuidade, da liberalidade e da confiança de que o Pai vê o que está oculto. Que nossa luz não deixe de brilhar diante das pessoas ao nosso redor, mas que ser visto, admirado ou louvado nunca seja, para nós, motivação ou recompensa por praticar “nossa justiça”.
Concluamos nossa Leitura Orante agradecendo a Jesus por este momento de encontro, reflexão e aprendizado.
*Maria Nivaneide de Abreu Lima é leiga católica. Mestra em Teologia pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap) e assessora do Centro de Estudos Bíblicos (CEBI).