A vinda do Reino
16 de novembro de 2018Jesus cura um mendigo cego (LC 18,35-43)
19 de novembro de 2018PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, guia-me para que eu possa descobrir
o que Jesus me tem preparado em sua Palavra.
Espírito Santo, fala-me
para que eu possa escutar a Boa Nova.
Espírito Santo, comunica-me o mais profundo do Evangelho,
para que possa anunciá-lo e vivê-lo em comunidade.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Marcos 13.24-32
A vinda do Filho do Homem
Mateus 24.29-31; Lucas 21.25-28
24Jesus disse:
– Depois daqueles dias de sofrimento, o sol ficará escuro, e a lua não brilhará mais.25As estrelas cairão do céu, e os poderes do espaço serão abalados. 26Então o Filho do Homem aparecerá descendo nas nuvens, com grande poder e glória. 27Ele mandará os anjos aos quatro cantos da terra e reunirá os escolhidos de Deus de um lado do mundo até o outro.
A lição da figueira
Mateus 24.32-35; Lucas 21.29-33
28Jesus disse ainda:
– Aprendam a lição que a figueira ensina. Quando os seus ramos ficam verdes, e as folhas começam a brotar, vocês sabem que está chegando o verão. 29Assim também, quando virem acontecer essas coisas, fiquem sabendo que o tempo está perto, pronto para começar. 30Eu afirmo a vocês que isto é verdade: essas coisas vão acontecer antes de morrerem todos os que agora estão vivos. 31O céu e a terra desaparecerão, mas as minhas palavras ficarão para sempre.
O dia e a hora
Mateus 24.36-44
32E Jesus terminou, dizendo:
– Mas ninguém sabe nem o dia nem a hora em que tudo isso vai acontecer, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai.
1. LEITURA
Que diz o texto?
* Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Que fenômenos cósmicos acontecerão naquele dia? A que dia se refere Jesus?
2. O que mais acontecerá? Quem virá e o que fará?
3. Que relação existe entre o que acontece com a figueira e o que acontecerá no fim dos tempos?
4. Para Jesus, o que é que desaparece e o que é que fica para sempre?
5. Jesus revela o dia e a hora em que tudo isto acontecerá?
* Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Damian Nannini1
O texto de hoje faz parte do capítulo 13 de Marcos, conhecido como “o discurso escatológico de Jesus”, porque vincula a destruição do Templo de Jerusalém com o fim dos tempos e com a vinda do Filho do Homem.
A primeira parte do texto começa com uma referência à grande tribulação que foi descrita nos versículos anteriores (cf. Mc 13.14-23). À vista disso, depois dela, seguir-se-ão perturbações cósmicas que afetarão o sol, a lua e as estrelas. Estas imagens de perturbações cósmicas são próprias de um gênero literário – o apocalíptico – que as utiliza para dizer ou expressar o que acontecerá no final dos tempos.
Observemos também que estas manifestações cósmicas são o prelúdio da chegada do juízo de Deus, que fará justiça e castigará os pecadores. Portanto, em meio a esta convulsão cósmica, ver-se-á aparecer o Filho do Homem com muito poder e glória. O “filho do homem” representa o Messias como juiz escatológico que, para mostrar seu caráter universal, enviará os anjos aos quatro ventos (os quatro pontos cardeais) a fim de recolher os escolhidos, aqueles que foram “eleitos” por Deus e que permaneceram fiéis inclusive nos grandes momentos de confusão que se darão antes do fim.
O discurso de Jesus é seguido de uma breve parábola e de um comentário posterior que respondem, assim, à pergunta dos discípulos: “Conte para nós quando é que isso vai acontecer. Que sinal haverá para mostrar quando é que todas essas coisas vão começar?” (Mc 13.4). Ou seja, Jesus está respondendo à questão do “quando” será o fim e “como saber” que está próximo. Com a parábola da figueira, Jesus responde à questão do “como” saber que o fim está próximo, pois tal como os brotos novos e as folhas anunciam a chegada do verão, assim haverá sinais que anunciam a chegada do fim, do juízo (“quando virem acontecer essas coisas, fiquem sabendo que o tempo está perto, pronto para começar” – Mc 13.29).
À parábola segue-se agora uma resposta aberta sobre o “quando” acontecerá. Aqui o evangelista traz três afirmações de Jesus sobre o tema. Em primeiro lugar, diz: “O céu e a terra desaparecerão, mas minhas palavras ficarão para sempre”, para terminar afirmando: “Mas ninguém sabe nem o dia nem a hora em que tudo isso vai acontecer, nem os anjos do céu, nem o Filho, mas somente o Pai”.
A mensagem de Jesus para sua geração é que as coisas que ele acaba de predizer vão acontecer: de modo exato, a perseguição dos cristãos e a destruição do Templo. O fato de isto acontecer indica que já se entrou no tempo final, mas não ainda no juízo final ou parusia. O ensinamento deste anúncio da proximidade do tempo final tem em comum com muitos outros textos do Novo Testamento o revelar-nos o caráter transitório ou passageiro deste mundo, que não é o definitivo para os escolhidos. Por isso nos é feito o convite a aferrar-nos ao que não passa nem passará jamais: as palavras de Jesus que nos asseguram que haverá um fim e um juízo com promessa de salvação para os cristãos que agora sofrem perseguição ou rejeição da parte do mundo.
Quanto à data precisa do fim, da parusia, somente o Pai sabe. Por isso, não é preciso perder-se em especulações vãs, mas perseverar na fé e estar prevenidos ou vigilantes.
O que o Senhor me diz no texto?
Se olharmos com sabedoria a realidade de nossa vida, veremos que tudo o que nos rodeia, toda a criação, cedo ou tarde passa, está destinada a passar. Nada do que foi criado é eterno. E também nós passaremos. Mas existe algo que não passa, que seja eterno? Sim, as palavras de Jesus são palavras de vida eterna, jamais passarão. Elas encerram a promessa da vida eterna a ser recebida por quem nelas acreditar. Sim, “eu afirmo a vocês que isto é verdade: quem crê tem a vida eterna” (Jo 6.47), porquanto “a fé é um habitus, ou seja, uma disposição constante de espírito, em virtude do qual a vida eterna tem início em nós” (Spe Salvi nº 7).
Por conseguinte, apresentam-se ao ser humano estas duas dimensões da vida: primeiramente tudo o que é visível, o terreno, o que passa. Mas também, à luz fé, o invisível, o divino, o que não passa. Portanto, “o que nos acontece” depende de nossa opção fundamental. Se ela se apega absolutamente “ao que é efêmero”, passaremos com este mundo. Se nos aferramos, pela fé, “ao que não passa”, a Jesus e à sua Palavra, não passaremos, pois estamos ancorados no eterno. Destarte, a fé encerra uma opção fundamental diante da realidade e perante o real. A fé “é uma opção pela qual aquilo que não se vê, o que não cai de modo algum dentro de nosso campo visual não é considerado como irreal, mas como o autenticamente real, como o que sustenta e possibilita toda a realidade restante […] A fé é um submeter-se a Deus, em quem o homem tem um apoio firme para toda a sua vida. A fé é descrita, pois, como um agarrar-se firmemente, como um permanecer de pé, confiadamente, sobre o solo da Palavra de Deus” (J. Ratzinger).
Por fim, enquanto passamos por esta vida, a fé convida-nos a esperar no que não passará jamais. E isto nos ajudará muito a manter um passo firme, confiante, neste nosso mundo que é importante, mas não absoluto. Também nos ajudará a não deixar escapar nenhuma oportunidade de fazer o bem, para somar pontos à vida, até que chegue o momento de passar, como e com Jesus, deste mundo para o Pai.
Como bem diz o Papa Francisco: “Somos chamados a viver o presente, construindo o nosso futuro com serenidade e confiança em Deus. […] Também nos nossos dias não faltam calamidades naturais e morais, nem sequer adversidades de todos os tipos. Tudo passa — recorda-nos o Senhor — só Ele, a sua Palavra permanece como luz que guia, e anima os nossos passos e nos perdoa sempre, porque está ao nosso lado. É necessário
apenas olhar para ele, o qual muda o nosso coração. A Virgem Maria nos ajude a confiar em Jesus, o fundamento firme da nossa vida, e a perseverar com alegria no seu amor” (Angelus, 15 de novembro de 2015).
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Estou consciente do caráter passageiro da vida e de minha condição de peregrino?
2. Aferro-me demasiado ao que tenho?
3. Quando penso no fim do mundo, sinto temor ou consolo?
4. Onde coloco minha esperança?
5. Descobri que Jesus e suas palavras permanecem para sempre?
6. Já experimentei que a fé é uma rocha sólida sobre a qual posso permanecer firme em meio às dificuldades da vida?
7. Procuro dar um valor transcendente a cada ação e momento de minha vida?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por tua Palavra.
Dá-me o dom da fé para caminhar rumo ao eterno.
Que minha esperança não se detenha nas coisas passageiras.
Somente assim poderei ser um peregrino fiel, estando no mundo
em busca do céu.
Dá-me, Jesus, a graça de buscar-te e encontrar-te a cada momento.
Com o coração colocado em ti e na vida eterna.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, ajuda-me a encontrar o valor transcendente em cada ação cotidiana”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me a voltar a rezar com o evangelho de hoje para continuar buscando o que é eterno.
“O Senhor Jesus não é só o ponto de chegada da peregrinação terrena, mas é uma presença constante na nossa vida: está sempre ao nosso lado, acompanha-nos sempre; por isso quando fala do futuro, e nos projeta para ele, é sempre para nos reconduzir ao presente”.
Papa Francisco