Santo de casa não faz milagres?
4 de setembro de 2017Ser livre para servir (LC 4, 38-44)
6 de setembro de 2017Leitura: Lucas 4, 31-37
Então Jesus foi para Cafarnaum, uma cidade da região da Galileia. Ali ele ensinava o povo nos sábados. Eles estavam muito admirados com a sua maneira de ensinar, pois Jesus falava com autoridade. Havia um homem na sinagoga que estava dominado por um demônio. O homem gritou:
— Ei, Jesus de Nazaré! O que você quer de nós? Você veio para nos destruir? Sei muito bem quem é você: é o Santo que Deus enviou!
Então Jesus ordenou ao demônio:
— Cale a boca e saia deste homem!
Em frente de todos, o demônio atirou o homem no chão e saiu dele sem lhe causar nenhum ferimento. Todos ficaram espantados e diziam uns para os outros:
— Que tipo de palavras são essas? Este homem, com autoridade e poder, expulsa os espíritos maus, e eles vão embora.
E as notícias a respeito de Jesus se espalharam por toda aquela região.
Oração:
Lucas nos dá de presente uma cena bastante forte para a oração de hoje. Coloquemo-nos ali, no lugar onde Jesus ensina… Enquanto ele ensina, que olhar tem? Que maneira tem de falar? Como junta as frases? Que palavras usa? Pistas sobre as respostas para essas perguntas nós temos ao longo dos evangelhos, mas o evangelista destaca uma característica da forma de Jesus ensinar: ele ensina com autoridade.
Autoridade tem quem tem poder, mas cujo poder foi recebido, legitimado, por alguém ou algo superior. É atributo de quem está autorizado. Jesus conhece bem Quem o autoriza. Se eu autorizo alguém, dou permissão, autonomia. Há sempre contato estreito entre quem dá autoridade e quem a recebe. Por isso, os que ouviam Jesus, ao falar dele, destacam essa característica. Jesus falava das mesmas realidades das quais falavam os que sempre iam às sinagogas ensinar. Mas parece que Jesus conhece melhor Quem lhe permite estar ali, Quem o convoca, Quem o autoriza. Por isso, fala com autoridade.
É curiosa a passagem: as pessoas, embora percebessem em Jesus “algo”, não “dão nome aos bois”. Dizem apenas que Jesus é alguém que fala com autoridade. Ao final, os que assistiram à cena estão questionando: “Que tipo de palavras são essas?” Os que estavam sempre ali, aprendendo, ficam reticentes em relação a Jesus. O demônio que estava no homem, no entanto, tem certeza: Jesus é o santo que Deus enviou.
Talvez o que em nós ainda seja impuro, imperfeito, inacabado ou vacilante tenha mais possibilidades de nos apontar onde Deus está. Pois o que em nós falta em Deus abunda… o desapego, o amor e a alegria plena. Nossas trevas apontam a luz que é Deus. Peçamos ao Espírito que tenhamos a coragem de olhar nossas impurezas e imperfeições… Às vezes, ao fazer isso, sentimos o desespero do demônio e estamos a ponto de perguntar: “Você veio para nos destruir?” Para nós, a resposta é outra. Ouçamos o que Ele tem a nos dizer: “Fica. Não vim destruir. Deixe-me modelar você”.
No evangelho, o demônio sai, mais o homem fica. Aprendamos a ficar perto d’Ele quando de nós sai o que não Lhe agrada. Afinal, o que de nós sai não é da nossa essência. A essência é ter Ele por perto, por dentro… pois somos Sua imagem.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte