“…todas as vezes que fizestes isso a um destes mais pequenos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes!”
27 de fevereiro de 2023“Aqui está quem é maior do que Jonas”.
1 de março de 202328 de fevereiro de 2023. Terça-feira da primeira semana da quaresma.
Evangelho de Mt 6,7-15
O tempo de Quaresma é tempo de oração, jejum e penitência. Hoje o tema é a oração.
Inicie com um momento de relaxamento para posterior concentração.Respire fundo. De olhos fechados. Ao inspirar pense que é vida que entra em seus pulmões. E que ela é dom de Deus. Cada vez que inspirar repita em silencio a palavra vida. Faça isto durante um minuto.
Agora faça o sinal da cruz, e a saudação à Trindade Santa: Em nome do Pai, Filho e Espírito Santo.
Faça uma oração invocando a presença do Espírito Santo.
O texto de hoje pertence ao conjunto do que em Mateus é chamado de Sermão da Montanha, que vai do capítulo 5 ao final do capítulo 7.
Leitura: o que o texto diz.
A primeira atividade da Leitura Orante é conhecer o que o texto diz. Nessa etapa não cabe preocupação maiores com identificar algo que o texto me diz, mas apenas conhecer o texto, o que ele diz, o que descreve. Para isso é interessante observar se há personagens, diálogos, discurso dirigido a quem, comentários do autor, conflitos, etc. Para isso se faz ao menos duas leituras. Se for preciso, por tamanho ou dificuldade do texto, se poderá fazer mais leituras.
Primeira leitura: Ler o texto de Mt 6,7-15 em voz alta.
Segunda leitura: leitura silenciosa de Mt 6,7-15.
Meditação: o que o texto me diz.
Jesus estava numa montanha, segundo Mateus, cercado por uma multidão, e com os discípulos perto dele (Mt 5,1). E começou a ensiná-los.
A etapa busca a percepção do que o texto me diz. É algo pessoal, algo que me causa impressão maior, que me chama a atenção. Posso fazer essa etapa de vários modos. Identificando ações, versículos, palavras que me causam impressão, e porque me impressionam.
Posso entrar no texto, me colocar nele, observar os diálogos, falas, e identificar sentimentos nos personagens, o que eles causam em mim.
Posso, ainda, estabelecer um diálogo questionador com o texto, de modo a ir identificando que ele me diz, em partes ou no todo.
Se tiver alguma dificuldade, colocamos algumas questões abaixo para uma busca do que o texto me diz.
Jesus, nesse trecho do Evangelho, começa fazendo uma advertência de que não se devia orar multiplicando palavras e, pelo que diz, deduz-se que era um hábito dos gentios (não judeus). E nessa advertência diz que não é a multiplicação de palavras que leva ao atendimento de pedidos por Deus. E começa a ensinar uma oração simples, bonita, e sem multiplicar palavras. Por que não Deus não levaria em consideração a multiplicação de palavras? O que Ele, então, levaria em consideração? O que isto me diz?
Jesus afirma que o “vosso Pai” conhece o que precisais. O que isto me diz?
Jesus começa a ensinar a oração do Pai Nosso. O primeiro pedido é que “santificado seja o teu nome”. O que me diz ser este o primeiro pedido da oração?
O segundo pedido também não é nada pessoal. A oração pede que venha o teu Reino. O que isto me diz?
O terceiro pedido é que seja feita a vontade do Pai. Essa vontade deve ser feita tanto na terá como no céu. O que isto me diz?
Só no quarto pedido é que aparece algo relacionado à sobrevivência humana. A oração pede que o pão de cada dia nos seja dado. O que isto me diz?
A seguir há um pedido de perdão. Pede-se ao Pai que perdoe as dívidas que com Ele temos. Que dívidas seriam estas? O que este pedido de perdão me diz?
A seguir há uma comparação e afirmação. Compara o perdão de nossas dívidas que se pede ao Pai, ao perdão que se dá aos que nos devem. Na fé judaica há tempos de perdão de dívidas, de libertação de escravos, de devolução de terras compradas de alguém, que são tempos de jubileu (júbilo=alegria). São os tempos de jubileu, são tempos de alegria, porque se refaz a vida social pelo perdão e libertação. O que este pedido e comparação me diz?
Como se sexto pedido a oração solicita que o Pai nos livre da tentação. Ela está presente em nossa realidade. Por que se recorre a Deus para que Ele nos livre da tentação? O que isto me diz?
O último pedido é que o Pai nos livre de todo o mal. É impossível passar pela vida sem ter contato com o mal. O que este pedido ao Pai me diz?
Contemplação: o que o texto me faz experienciar? O que me faz sentir?
A contemplação é um tempo de silêncio que nos permite dar tempo a Deus. Ele nos fala em nossos sentimentos, nossa memória, nossa inteligência, enfim em todo nosso ser. Deus fala no silêncio, e pode ser de diversas formas. Pode nos levar a uma intuição nunca imaginada sobre o texto, a um novo sentimento, uma nova experiencia dele e nele em nosso ser. Essa experiencia de Deus em nós, é como se ele rezasse dentro de nós através do que lemos, meditamos.
Thomas Merton define contemplação como o momento em que Deus coloca sementes de sua vontade na nossa vontade. No silêncio ele pode nos falar, colocar sementes de sua vontade em cada pessoa, através do texto lido e meditado.
Dê-se um momento de profundo silêncio.
Oração: o que falo a Deus?
O texto foi lido, meditado e contemplado no silêncio. Agora é o momento de responder a Deus, de falar com Ele. Você é nesse momento o orador, o que fala. Fale a ele do que lhe vai ao coração. Seja sobre a experiência que está vivendo nesses momentos de Lectio Divina, ou algo que está em seu coração. Pode ser agradecimento, dúvida, louvor, preocupação. O que está em seu coração e que gostaria de falar a Deus nesse instante?
Fale a Deus como a um amigo. Fale sem medo.
Ação: o que o texto me pedi como compromisso, ação.
O texto bíblico é, conforme nos diz a própria Bíblia, eficaz. É texto capaz de nos transformar, nos moldar segundo os ensinamentos e palavras de Deus. Por isso fé não pode estar desconectada da vida. Fé e vida andam juntas.
Deste modo, o texto de hoje nos pede algo, nos solicita algo em nossa fé, em nossa vida. Nos pede para leva-lo à nossa vida concreta. Ele nos ensina algo sobre a fé de Jesus, e sobre nossa fé em Jesus, e que nos chama a agir.
O que esse texto, essa oração ensinada por Jesus me chama a viver? O que me chama a crer, e como crer? O que me chama a agir no concreto, de modo a fazer com o texto seja realidade em minha vida?
Se desejar, pode terminar a Lectio com uma oração, canto. Com um agradecimento.
Marco Antonio Tourinho, é leigo do INJ, mestre em Teologia pela FAJE, atua há anos na formação bíblica.