Para que eles cheguem à unidade perfeita
17 de maio de 2018“E assim dás vida nova à terra”
20 de maio de 2018Quando eles acabaram de comer, Jesus perguntou a Simão Pedro:
— Simão, filho de João, você me ama mais do que estes outros me amam?
— Sim, o senhor sabe que eu o amo, Senhor! — respondeu ele.
Então Jesus lhe disse:
— Tome conta das minhas ovelhas!
E perguntou pela segunda vez:
— Simão, filho de João, você me ama?
Pedro respondeu:
— Sim, o senhor sabe que eu o amo, Senhor!
E Jesus lhe disse outra vez:
— Tome conta das minhas ovelhas!
E perguntou pela terceira vez:
— Simão, filho de João, você me ama?
Então Pedro ficou triste por Jesus ter perguntado três vezes: “Você me ama?” E respondeu:
— O senhor sabe tudo e sabe que eu o amo, Senhor!
E Jesus ordenou:
— Tome conta das minhas ovelhas. Quando você era moço, você se aprontava e ia para onde queria. Mas eu afirmo a você que isto é verdade: quando for velho, você estenderá as mãos, alguém vai amarrá-las e o levará para onde você não vai querer ir.
Ao dizer isso, Jesus estava dando a entender de que modo Pedro ia morrer e assim fazer com que Deus fosse louvado.
Então Jesus disse a Pedro:
— Venha comigo!
Oração:
Toda afirmação, seja positiva ou negativa, está atrelada a uma ou mais consequências.
Quando afirmamos alguma coisa e suportamos as consequências de nossas afirmações somos coerentes e nos tornamos pessoas confiáveis. Quando ocorre o contrário perdemos o crédito e, na maioria das vezes, falamos ao vento, pois ninguém nos dá confiança.
Há pessoas que falam com um linguajar muito elegante, utilizando corretamente as palavras, conjugando corretamente os verbos, concordando com número e gênero, mas não nos dizem nada. Outras, no entanto, apesar de tropeçarem nas conjugações e concordâncias, enchem nossos ouvidos de coisas boas de ouvir. Autenticidade é fundamental.
Pedro afirmara que nunca abandonaria Jesus e que estava pronto para morrer por ele, se necessário fosse. Pouco depois, no entanto, por ser amigo de Jesus e temer as consequências disso, já o estava negando.
Ah, como Pedro se parece muito com cada um de nós!! Afinal, quem nunca negou o Amor? Quem nunca deixou de fazer o bem e fez o mal? Quem nunca morreu de medo de abrir a boca e defender com bravura a dignidade de um irmão humilhado?
Hoje, somos chamados a responder, junto com Pedro, à pergunta de Jesus: “você me ama”?
Senhor, estar aqui, junto de você, neste momento de oração em que posso sentir todo seu carinho e amizade, é muito bom. Como Pedro, também posso dizer: você sabe tudo e sabe o quanto eu o amo. O que me espanta, Senhor, é que você não se ausenta, mesmo com todas as minhas traições. Quantas vezes já disse que o amo e não consegui levar adiante as consequências desse amor? Quantas vezes já ouvi atentamente seus pedidos e não os atendi?
Na minha oração, o que posso perceber é que Jesus não coloca seu foco nos meus erros e nas minhas fraquezas, pelo contrário, Ele me incentiva, mostrando-me os frutos que já dei e quantos mais posso dar. Sua pergunta serve para eu não me esquecer de reconectar-me a Ele, pois, sem Ele, nada posso (cf Jo 15,4).
Não é a linguagem que usamos para responder que interessa a Jesus, mas a autenticidade de nosso coração. A tradução do texto de hoje retira dele um detalhe que é muito interessante. No original, em grego, Jesus pergunta a Pedro se ele o ama com um amor “ágape”, porém Pedro responde que o ama, mas com um amor “philos”, ou seja, seria como se Jesus perguntasse a Pedro se ele o ama, porém Pedro respondesse que apenas gosta de Jesus, que tem muito carinho por ele.
Quando fiquei sabendo deste detalhe da tradução, esta passagem ganhou novo sentido para mim. Pedro havia aprendido com o episódio de sua negação e estava sendo sincero com Jesus. Talvez essa seja a razão de ele ter ficado entristecido na terceira vez que Jesus o pergunta. Pedro gostaria de amar a Jesus muito mais do que ele realmente amava e isto o entristecia, porém é muito bonito e importante saber reconhecer o limite deste amor.
Jesus sabe o quanto o amamos, sabe até onde vai o limite do nosso amor por Ele e o que conseguimos suportar mediante o amor que temos. Em nossa oração, sejamos sinceros em reconhecer nossos limites e pedir que Ele nos ajude a expandi-los.
Espírito Santo, nosso querido consolador, dai-nos a ciência do que somos e podemos e a força para suportar as consequências de nos reconhecermos como filhos de Deus. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte