O jantar na casa de Lázaro
30 de março de 2015Senhor, serei eu? (Mt 26, 14-25)
1 de abril de 2015Leitura: João 13,21-33.36-38
Tendo dito isso, Jesus perturbou-se em seu espírito e declarou: “Em verdade, em verdade, vos digo: um de vós me entregará”. Os discípulos entreolhavam-se, sem saber de quem falava. Estava à mesa, ao lado de Jesus, um de seus discípulos, aquele que Jesus amava. Simão Pedro faz-lhe, então, sinal e diz-lhe: “Pergunta-lhe quem é aquele de quem fala”. Ele, então, reclinando-se sobre o peito de Jesus, diz-lhe: “Quem é, Senhor?” Responde Jesus: “É aquele a quem eu der o pão que umedecerei no molho”. Tendo umedecido o pão, ele o toma e dá a Judas, filho de Simão Iscariotes. Depois do pão, entrou nele Satanás. Jesus lhe diz: “Faze depressa o que estás fazendo”. Nenhum dos que estavam à mesa compreendeu porque lhe dissera isso. Como era Judas quem guardava a bolsa comum, alguns pensavam que Jesus lhe dissera: “Compra o necessário para a festa”, ou que desse algo aos pobres. Tomando, então, o pedaço de pão, Judas saiu imediatamente. Era noite. Quando ele saiu, disse Jesus: “Agora o Filho do Homem foi glorificado e Deus foi glorificado nele. Se Deus foi nele glorificado, Deus também o glorificará em si mesmo e o glorificará logo. Filhinhos, por pouco tempo ainda estou convosco. Vós me procurareis e, como eu havia dito aos judeus, agora também vo-lo digo: Para onde vou vós não podeis ir”. Simão Pedro lhe diz: “Senhor, para onde vais?” Respondeu-lhe Jesus: “Não podes seguir-me agora aonde vou, mas me seguirás mais tarde”. Pedro lhe diz: Por que não posso seguir-te agora? Darei a vida por ti”. Jesus lhe responde: “Darás a vida por mim? Em verdade, em verdade, te digo: o galo não cantará sem que me renegues três vezes”.
O último jantar com os discípulos
O texto de hoje reúne algumas cenas da cerimônia da última refeição de Jesus com seus discípulos. O lava-pés tinha acabado de ocorrer, e agora Jesus começava um longo discurso, dedicando uma última profunda conversa àqueles seus amigos. Sentemo-nos à mesa com eles neste momento de oração. Ao contemplarmos e meditarmos a Paixão de Cristo, torna-se imprescindível observarmos os detalhes que a envolvem.
Em um primeiro momento, Jesus denuncia a existência de um falso amigo à mesa, aquele traidor, que desencadeará os últimos momentos de Cristo até sua crucificação. Ao fazer isso, notemos que Jesus perturbara-se em seu espírito. O que isso nos revela?
Foi Pedro quem manifestou curiosidade e iniciativa para descobrir aquele que denunciaria seu mestre, mas pediu que o discípulo que Jesus amava o perguntasse quem seria o traidor. O discípulo amado, ao questionar o mestre, fez o movimento de reclinar-se sobre o peito de Jesus. O que isso nos diz sobre a personalidade desses dois discípulos?
Em um segundo momento, Jesus faz com que Judas se retire da mesa, pedindo-o que fizesse depressa aquilo que já estava programado. Com isso, Judas saiu imediatamente. Logo após a saída de Judas, Jesus diz sobre a glorificação do Pai pelo Filho. Como imaginamos a mudança na conversa e no ambiente, após a saída do traidor?
Em um terceiro momento, e por fim, Pedro diz que daria a vida pelo mestre a fim de nunca deixar de segui-lo. Jesus o desconstrói, dizendo que Pedro o renegará três vezes antes do próximo amanhecer. Lembremo-nos então, que as duas coisas contidas nesse diálogo virão a acontecer. De fato, houve as três negativas de Pedro, com relação à amizade com Jesus. Contudo, percebamos que também se cumpriu a promessa de Pedro, quando foi martirizado por morte de cruz e acabou por dar a vida ao mestre. Observemos então que não houve contraposição entre a promessa de Pedro e a devolutiva de Jesus. O que esse diálogo pode nos ensinar?
Peçamos a Deus sabedoria para bem contemplarmos os últimos momentos de Jesus. Tenhamos mente aberta e coração acolhedor, a fim de percebermos todo o amor e ensinamentos contidos nas últimas cenas vividas por Jesus em nosso meio.
Marcelo H. Camargos. Acadêmico de medicina na UFMG. Família Missionária Verbum Dei.