“Eu estava entre aqueles que iam para o mundo dos mortos, mas tu me fizeste viver novamente”
5 de maio de 2019“Deus vai subindo para o seu trono. Enquanto ele sobe, há gritos de alegria e sons de trombeta”
2 de junho de 2019PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, ajuda-me a encontrar a atualidade do Evangelho.
Espírito Santo, unge-me com a força da Palavra.
Espírito Santo, move-me, para que, junto a meus irmãos,
possa levar a Boa Nova a todos os lugares.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Jo 13.31-35
O novo mandamento
31Quando Judas saiu, Jesus disse:
— Agora a natureza divina do Filho do Homem é revelada, e por meio dele é revelada também a natureza gloriosa de Deus. 32E, se por meio dele a natureza gloriosa de Deus for revelada, então Deus revelará em si mesmo a natureza divina do Filho do Homem. E Deus fará isso agora mesmo. 33Meus filhos, não vou ficar com vocês por muito tempo. Vocês vão me procurar, mas eu digo agora o que já disse aos líderes judeus: vocês não podem ir para onde eu vou. 34Eu lhes dou este novo mandamento: amem uns aos outros. Assim como eu os amei, amem também uns aos outros. 35Se tiverem amor uns pelos outros, todos saberão que vocês são meus discípulos.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. Por que a saída de Judas coincide com o começo da glorificação de Jesus?
2. Que significa que Deus glorifica Jesus e é glorificado por Jesus?
3. A que se refere Jesus quando diz que já não estará muito tempo com os discípulos, e que estes o buscarão, mas não podem ir aonde ele vai?
4. Qual é o mandamento novo que Jesus dá a seus discípulos?
5.Qual é o distintivo do discípulo de Cristo?
Algumas pistas para compreender o texto:
Mons. Damian Nannini1
Depois da partida de Judas, o evangelho de João traz-nos uma longa seção na qual Jesus dirige um discurso de despedida aos seus discípulos (cf. Jo 13.31–17.26). Este discurso tem lugar durante a última ceia, depois do lava-pés. O texto que lemos hoje é uma espécie de prólogo ou introdução ao discurso que anuncia seus três grandes temas: a glorificação do Filho do Homem e a glorificação do Pai, a partida e o mandamento novo.
Quanto à glorificação do Filho do Homem e à glorificação do Pai, no início do texto, observamos que os verbos estão no passado (aoristo). Ou seja, Jesus anuncia a glorificação como um fato consumado, cumprido. Além disso, ambos os verbos (ser glorificado) estão no passivo, isto é, tanto o Filho do Homem quanto Deus são passivos diante da recepção da glória, porquanto Jesus recebe a glória da parte de Deus a partir do momento em que assume sua morte, e Deus a recebe a partir deste mesmo momento da parte de Jesus.
Jesus é glorificado como Filho do Homem porque será exaltado, levantado ao alto, ou seja, crucificado; e receberá a glória que tinha como Filho de Deus.
O Pai é glorificado pela obediência do Filho, por sua aceitação livre de entregar a vida pela salvação dos homens. No versículo seguinte, insiste-se em que Deus é quem glorificará o Filho e que o fará muito em breve, em clara referência à paixão-ressurreição.
Segue-se o anúncio de sua partida, que se inicia com um tom muito familiar e carinhoso: “Meus filhos”. Esta partida de Jesus trará consigo um período de ausência e de busca infrutífera por parte dos discípulos. Acontece que para encontrar Jesus, já não servirá o “ver”, mas o “crer”. Terão de encontrá-lo na fé. Esta partida é necessária para que os discípulos compreendem que ele está no Pai (cf. Jo 14.20).
Por último, temos a “doação” do mandamento novo, o mandamento do amor mútuo, como Jesus os ama. Jesus, porém, não é somente exemplo de amor para os cristãos, mas também a fonte de onde brota o amor que se origina no Pai. A novidade do mandamento está em que o amor entre os cristãos tem sua fonte no Pai e no Filho: é a circulação deste mesmo amor que recebemos de Jesus e o dedicamos ao próximo, ao irmão. E este dom de amor é tão inaudito e exclusivo de Jesus, que deverá ser o distintivo dos cristãos, seu “selo de identidade”, porquanto devem ser reconhecidos por este amor mútuo.
O que o Senhor me diz no texto?
O contexto litúrgico do tempo pascal, no qual buscamos os sinais da Presença de Jesus Ressuscitado em nossa vida, orienta-nos a escolher como tema principal o mandamento do amor e sua capacidade de ser o sinal de identidade dos cristãos.
Devemos começar pedido a humildade para deixar-nos amar por Jesus, a seu modo, que é o modo divino e, por isso, supera-nos e, às vezes, até nos desconcerta. Trata-se de deixar-se invadir por eu amor, embora esta abertura deixe à mostra nossa insuficiente capacidade de amar, de amar de verdade. Então nos animamos a deixar o que é nosso e a receber o que é seu, que é muito melhor porque é amor puro, amor de Deus.
O cardeal Vanhoye descreve assim o amor de Jesus: “Trata-se de um amor generosíssimo, sem limites, de um amor universal, de uma atitude capaz de transformar até mesmo as circunstâncias negativas e todos os obstáculos em ocasião de progresso no amor. Jamais se havia apresentado uma situação tão contrária ao amor como aquela na qual Jesus se encontrou em sua paixão: rechaçado por todos, escarnecido, condenado, justiçado. E, no entanto, transformou-a em ocasião do amor maior”.
Pois bem, se os cristãos nos amássemos com este amor, revelaríamos Jesus, torná-lo-íamos presente e visível. Seríamos reconhecidos como seus, de Cristo, porque amamos como ele, ou ainda melhor, amamos com seu mesmo amor.
Isto é um convite a perguntar-nos em que lugar da escala de valores está a caridade, o amor, em nossa vida cristã. Se não está em primeiro lugar, estamos extraviados. A caridade é o cume da perfeição e a própria alma vida cristã. A este respeito, dizia o Papa Francisco aos adolescentes: “Que grande responsabilidade nos confia hoje o Senhor! Diz-nos que as pessoas reconhecerão os discípulos de Jesus pelo modo como se amam entre si. Por outras palavras, o amor é o bilhete de identidade do cristão, é o único ‘documento’ válido para sermos reconhecidos como discípulos de Jesus. O único documento válido. Se este documento perde a validade e não se volta a renová-lo, deixamos de ser testemunhas do Mestre. […] O verdadeiro amigo de Jesus distingue-se essencialmente pelo amor concreto; não um amor ‘nas nuvens»’, não; o amor concreto que brilha na sua vida. O amor é sempre concreto. Quem não é concreto e fala de amor, faz uma telenovela, um romance televisivo […] Façam como os campeões desportivos, que alcançam altas metas treinando-se, humilde e duramente, todos os dias. Que o programa diário de vocês sejam as obras de misericórdia: treinem com entusiasmo nelas, para se tornarem campeões de vida, campeões de amor! Assim vocês serão reconhecidos como discípulos de Jesus. Assim terão o bilhete de identidade de cristãos. E garanto-lhes: a alegria de vocês será completa” (Homilia de 24 de abril de 2016).
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Compreendo que não existe maior glória do que entregar a vida por amor?
2. Já experimentei o amor de Jesus em minha vida?
3. Busco amar os demais com o amor de Jesus?
4. Que lugar ocupa a caridade em minha escala de valores cristã?
5. O que distingue os integrantes de minha paróquia ou comunidade?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por tua entrega.
Obrigado por teu amor sem fim.
Concede-me uma e outra vez a humildade para deixar-me amar por ti,
como quiseres, a teu modo.
Que deixar o que é meu, embora me custe.
Dá-me um coração aberto para receber o que é teu.
Sei que, às vezes, a comodidade me vence.
Dá-me a coragem para recomeçar.
Quero amar e amar mais.
Peço-te novamente isso.
Concede-me, se quiseres, uma vez mais.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, que me reconheçam pelo amor concreto aos meus irmãos”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, comprometo-me fazer um gesto de amor concreto em prol de um desconhecido.
“Senti, em uma palavra, que entrava em meu coração a caridade; senti a necessidade de esquecer a mim mesma para agradar aos demais, e, desde então, fui feliz…”
Santa Teresinha do Menino Jesus