“De fato, o Senhor fez grandes coisas por nós, e por isso estamos alegres”. Salmo 126,1
5 de dezembro de 2015Imaculada Conceição (Lc 1,26-38)
8 de dezembro de 2015Leitura: Lucas 5, 17-26
Um dia Jesus estava ensinando, e alguns fariseus e alguns mestres da Lei estavam sentados perto dele. Eles tinham vindo de todas as cidades da Galileia e da Judeia e também de Jerusalém. O poder do Senhor estava com Jesus para que ele curasse os doentes. Alguns homens trouxeram um paralítico deitado numa cama e estavam querendo entrar na casa e colocá-lo diante de Jesus. Porém, por causa da multidão, não conseguiram entrar com o paralítico. Então o carregaram para cima do telhado. Fizeram uma abertura nas telhas e o desceram na sua cama em frente de Jesus, no meio das pessoas que estavam ali. Jesus viu que eles tinham fé e disse ao paralítico:
— Meu amigo, os seus pecados estão perdoados!
Os mestres da Lei e os fariseus começaram a pensar:
— Quem é este homem que blasfema contra Deus desta maneira? Ninguém pode perdoar pecados; só Deus tem esse poder.
Porém Jesus sabia o que eles estavam pensando e disse:
— Por que vocês estão pensando assim? O que é mais fácil dizer ao paralítico: “Os seus pecados estão perdoados” ou “Levante-se e ande”? Pois vou mostrar a vocês que eu, o Filho do Homem, tenho poder na terra para perdoar pecados.
Então disse ao paralítico:
— Eu digo a você: levante-se, pegue a sua cama e vá para casa.
No mesmo instante o homem se levantou diante de todos, pegou a cama e foi para casa, louvando a Deus. Todos ficaram muito admirados; e, cheios de medo, louvaram a Deus, dizendo:
— Que coisa maravilhosa nós vimos hoje!
Oração:
O evangelho de hoje traz uma série de acontecimentos meio inacreditáveis: em primeiro lugar, um paralítico é colocado próximo de Jesus porque os amigos do paralítico o levam a Jesus PELO TELHADO; depois, os fariseus se sentem ofendidos porque Jesus disse ao paralítico que lhe perdoava os pecados, ao invés de se rebelarem contra a “insensibilidade” de Jesus, que vinha curando a tantos e, ao que parece, não curaria o doente; finalmente, Jesus cura o homem paralítico.
Sempre me chocou a cena deste evangelho. Sempre me confundem e atordoam as palavras de Jesus: para que saibam que eu posso isto, farei aquilo. Olho para a cena e pergunto: Jesus, por que não cura logo o paralítico? Por que não guarda esse papo de redenção para depois? Essa conversa de perdão vai encher você de problemas, você sabe disso… Mas Jesus continua desagradando a mim – e aos fariseus que existem em mim – dizendo, antes de tudo: “Os seus pecados estão perdoados”.
Às vezes, na minha vida, quero restringir a grandeza da oração. Vivo a fé para apequenar Deus e me sentir grande, ao invés de me ver cada vez mais pequeno para caber nas mãos d´Ele. Por isso, quando Ele faz o que somente Ele pode fazer – perdoar meu pecado, ir além do não que eu dou ao amor d´Ele, desculpar minha inconsciência e más ações –, me impaciento e peço para que Ele seja um simples médico, um mero faz-tudo, um ajudante qualquer. Para minha sorte, Ele não pode deixar de ser Deus. Ele me revela, ao longo do caminho e com o tempo, o absurdo de pedir-Lhe que apenas me faça andar se eu já cheguei a Ele pelo telhado, e me diz: seus pecados estão perdoados. Agora, ande!
Na vida de fé, Ele me vai contando das suas prioridades, tão diferentes das minhas. Vai me contando o que deve ser curado primeiro, o que deve ganhar movimento em primeiro lugar. Eu fico dizendo a Ele que poderia agradar-Lhe melhor se Ele me ajudasse a ser perfeito, mas Ele vem a mim dizendo que se eu aceitar o perdão que Ele sempre me dá, então poderei amá-Lo mesmo na imperfeição. Peço a Ele que faça descer fogo sobre a terra, mas Ele insiste com o papo sobre a semente de mostarda, do tesouro escondido, da ovelha perdida, da pequena oferta da viúva no templo… Eu peço a Ele que me dê a autonomia de me mover sozinho, a fim de que não tenha de contar com tanta gente, que não precise subir ao telhado, descer pelo teto, dar tantas voltas e ter tanto esforço, mas Ele insiste na ideia de ir ao principal, ao essencial: quer me perdoar, me revelar o tamanho do Amor que não se detém diante do meu desamor. “É preciso que você entenda que a sua incapacidade de amar não diminui a minha, e que o seu desamor, que trava você e tudo ao seu redor, não é obstáculo para o meu amor, que coloca tudo em movimento outra vez”, Ele me diz.
A oração nos ajude a conhecer, em primeiro lugar, o Amor, para que tudo em nós se mova conforme deve ser.
João Gustavo H. M. Fonseca, Família Verbum Dei de Belo Horizonte