Na primeira leitura de hoje (Ex 16,1-5.9-15), os israelitas experimentam a falta, e sua carência os leva a murmurar saudosos da panela de carne que comiam na escravidão do Egito. Com belas palavras o Salmo retoma a leitura (Sl 78,18-28): Investem contra Deus, dizendo: “Deus é capaz de servir a mesa no deserto?” Não são poucas as vezes em que a carência nos leva a gritar e a querer nos amarrar no que nos escraviza, mas traz alguma compensação, uma satisfação imediata à falta.

A murmuração do povo revela sua inconsciência. Questionam se Deus os serviria, quando eles é que foram libertos da escravidão do Faraó para entrar no serviço do Senhor, serviço que traz a verdadeira vida, e por isso a salvação. A falta os faz esquecer da meta, de que caminhavam para a terra “onde corre leite e mel”, para a vida em abundância; para a metarriqueza, e não a mera riqueza[1]…

A resposta de Deus em seu Filho é mais que surpreendente! Atrevimento de Israel? Com certeza. Mas o Senhor faz muito mais do que eles ousam pedir ou sonhar! O Senhor se põe a servi-los – a servir-nos – sim, se põe como Servo até dar a vida e assim nos salva, nos faz entrar na verdadeira vida que por conta própria não alcançaríamos!

Abraçar hoje a salvação que nos foi dada é aderir ao serviço para o qual fomos chamados. E que serviço é este senão o do semeador? Serviço que supõe em primeiro lugar a saída de si: “O semeador saiu para semear.”

Mas há um antes ainda. Para semear como Jesus preciso ouvir. “Quem tem ouvidos, ouça!”

– Em que situações minha carência grita e prefiro a escravidão ao serviço? Reconheço no meu povo (amigos, comunidade, sociedade) também essa busca?

– Qual a resposta do Senhor aos nossos gritos? Como a experimento?

– O que sou provocado(a) a ouvir hoje e como Jesus me convida a semear?

Tania Pulier  – Comunicadora Social – Palavra Acesa Editora – Família Missionária Verbum Dei – FamVD