“Eu louvo a Deus porque ele não deixou de ouvir a minha oração e nunca me negou o seu amor”
7 de julho de 2019“Ó Senhor Deus, quem tem o direito de morar no teu Templo? (…) Só tem esse direito aquele que vive uma vida correta, que faz o que é certo e que é sincero e verdadeiro no que diz.”
21 de julho de 2019PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, Dom gratuito, renova-me.
Espírito Santo, Perfume delicado, unge-me.
Espírito Santo, Conselho Garantido, reconforta-me.
Espírito Santo, Força Viva, impele-me a viver o Evangelho.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Lc 10.25-37
A parábola do bom samaritano
25Um mestre da Lei se levantou e, querendo encontrar alguma prova contra Jesus, perguntou:
— Mestre, o que devo fazer para conseguir a vida eterna?
26Jesus respondeu:
— O que é que as Escrituras Sagradas dizem a respeito disso? E como é que você entende o que elas dizem?
27O homem respondeu:
— “Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma, com todas as forças e com toda a mente. E ame o seu próximo como você ama a você mesmo.”
28 — A sua resposta está certa! — disse Jesus. — Faça isso e você viverá.
29Porém o mestre da Lei, querendo se desculpar, perguntou:
— Mas quem é o meu próximo?
30Jesus respondeu assim:
— Um homem estava descendo de Jerusalém para Jericó. No caminho alguns ladrões o assaltaram, tiraram a sua roupa, bateram nele e o deixaram quase morto. 31Acontece que um sacerdote estava descendo por aquele mesmo caminho. Quando viu o homem, tratou de passar pelo outro lado da estrada. 32Também um levita passou por ali. Olhou e também foi embora pelo outro lado da estrada. 33Mas um samaritano que estava viajando por aquele caminho chegou até ali. Quando viu o homem, ficou com muita pena dele. 34Então chegou perto dele, limpou os seus ferimentos com azeite e vinho e em seguida os enfaixou. Depois disso, o samaritano colocou-o no seu próprio animal e o levou para uma pensão, onde cuidou dele. 35No dia seguinte, entregou duas moedas de prata ao dono da pensão, dizendo:
— Tome conta dele. Quando eu passar por aqui na volta, pagarei o que você gastar a mais com ele.
36Então Jesus perguntou ao mestre da Lei:
— Na sua opinião, qual desses três foi o próximo do homem assaltado?
37— Aquele que o socorreu! — respondeu o mestre da Lei.
E Jesus disse:
— Pois vá e faça a mesma coisa.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. O que o mestre da Lei pergunta a Jesus e como este lhe responde?
2. O que e por que o mestre da Lei volta a perguntar a Jesus?
3. Quem são as personagens da parábola e o que faz cada uma?
4. No final, o que Jesus pergunta ao mestre da Lei?
5. O que o mestre da Lei responde e como Jesus avalia sua resposta?
6. Segundo o modo de ver de Jesus, o que muda a respeito de quem é o próximo?
Algumas pistas para compreender o texto:
Mons. Damian Nannini (Dom Damián Nannini é bispo da Diocese de San Miguel (Argentina); licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma.)
O texto começa com um diálogo entre Jesus e um mestre da Lei. Este começa por perguntar a respeito do que se deve fazer para conseguir a vida eterna. Jesus remete-o à Lei ou Tora. O legista responde-lhe citando dois textos dela (Dt 6.5 e Lv 19.18): “Portanto, amem o Senhor, nosso Deus, com todo o coração, com toda a alma e com todas as forças”. Jesus aprova a resposta do mestre da Lei e exorta-o a cumprir estes dois mandamentos essenciais para alcançar a vida eterna: “Faça isso e você viverá”.
Então o mestre da Lei volta a perguntar, a fim de justificar-se: “Mas quem é meu próximo?” A questão de fundo é determinar até que ponto alguém é próximo, porquanto, estritamente, “próximo” significa vizinho, aquele que está perto.
Neste contexto é que se deve entender a parábola do bom samaritano, mediante a qual Jesus responde à pergunta do mestre da Lei: “Mas quem é meu próximo?”.
O relato começa com descrever o que acontecera a um homem que descida de Jerusalém a Jericó e é atacado por ladrões que tiraram a sua roupa, bateram nele e o deixaram quase morto. Observemos que este “homem” permanece totalmente anônimo: fala-se dele apenas por meio de pronomes. Demais, pelo fato de ter sido despojado de tudo, não é possível atribuir-lhe nenhum tipo de identificação social, étnica ou religiosa. É simplesmente um homem; e é também, de certo modo, todo homem. Importa tão-somente a situação: ficou privado de tudo, ferido e quase morto. Está em estado de extrema necessidade. Carece imperiosamente da ajuda dos outros para poder sobreviver.
Aparece, então, em cena, um sacerdote que voltava de Jerusalém, possivelmente depois de cumprir suas funções litúrgicas no Templo. Dois verbos descrevem sua atitude: vê-o, trata de passar pelo outro lado da estrada, e não o ajuda.
Em seguida, passa um levita, que era um clérigo de classe inferior. Os mesmos verbos descrevem sua atitude: olha, e também vai embora pelo outro lado da estrada, e não o socorre.
Para grande surpresa dos ouvintes judeus, a terceira personagem da parábola é um samaritano que, para os judeus, era considerado membro de uma comunidade desprezada, inimiga; alguém impuro e não certamente “próximo”. Usam-se igualmente dois verbos para descrever sua atitude: o primeiro é comum com as outras duas personagens (viu); o segundo faz a grande diferença: ficou com muita pena dele, teve entranhas de compaixão. Todas as ações que se seguem descrevem as consequências práticas da compaixão-misericórdia do samaritano: chegou perto dele, limpou os seus ferimentos com azeite e vinho e em seguida os enfaixou; colocou-o no seu próprio animal e o levou para uma pensão, onde cuidou dele. Ao deixá-lo, pagou ao dono da pensão que que continuassem a cuidar dele.
Terminada a parábola, Jesus convida o mestre da Lei a tomar posição diante dela mediante a pergunta: “Na sua opinião, qual desses três foi o próximo do homem assaltado?”. Observemos que Jesus faz uma inversão no sentido do termo próximo em comparação com o mesmo uso que o letrado fez em sua pergunta, pois já não se trata de delimitar quem deve ser considerado próximo para ser socorrido (sentido passivo), mas de saber quem se fez próximo para socorrer o necessitado (sentido ativo).
A resposta dada pelo erudito é a certa: “Aquele que o socorreu!”. Jesus, então, encerra o debate com o convite a agir assim: “Pois vá e faça a mesma coisa”.
A estratégia da parábola utilizada por Jesus tinha por intenção levar o mestre da Lei a colocar-se no lugar do homem necessitado de ajuda e a descobrir, a partir dali, o que significa ser próximo. Já não se trata de uma categoria passiva e reduzida a um grupo ou etnia, mas ativa e universal: trata-se de fazer-se próximo, ou seja, chegado, vizinho, para ajudar a toda pessoa que tenha necessidade.
O que o Senhor me diz no texto?
O evangelho de hoje nos convida a examinar-nos a respeito de como vivemos nossa relação com os outros, com nossos “próximos” ou “vizinhos”.
O que vem em primeiro lugar e é fundamental é que Jesus une inseparavelmente o amor a Deus e o amor ao próximo. Até mais do que isto, a ponto de podermos dizer que a qualidade de nosso amor ao próximo é como que o termômetro da temperatura de nosso amor a Deus. O amor a Deus e o amor ao próximo vão sempre juntos e se retroalimentam mutuamente.
No entanto, Jesus, na parábola do bom samaritano, apresenta-nos um grande avanço na concepção do próximo em relação ao Antigo Testamento. De fato, Jesus faz uma interpretação nova do perene mandamento de amar o próximo, segundo a qual a questão fundamental não é saber quem é meu próximo para amá-lo, mas amar tornando-se próximo de qualquer pessoa que o necessite.
A este respeito, dizia o Papa Francisco no Angelus de 10 de julho de 2016: “Uma boa lição! E repete-o a cada um de nós: ‘Vá e também faça o mesmo’, tornando-se próximo do irmão e da irmã que você vê em dificuldade. ‘Vá e também faça o mesmo’. Praticar boas obras, não apenas pronunciar palavras que se perdem no vento. Vem-me ao pensamento uma canção: ‘Palavras, palavras, palavras…’. Não! É preciso fazer, agir. E mediante as boas obras que praticamos com amor e alegria a favor do próximo, a nossa fé germina e dá fruto”.
Entretanto, importa ir além das ações concretas (necessárias, por certo) rumo à atitude fundamental que Jesus pede que tenhamos. E a parábola é clara a este respeito: os três caminhantes viram a mesma realidade: um homem profundamente ferido, semimorto e, portanto, carente de ajuda. Contudo, somente se fez próximo aquele que teve compaixão. Por conseguinte, a verdade “proximidade” ou “vizinhança” não brota da mera visão ou reflexão intelectual sobre a realidade, por vezes tingida de ideologia, mas a partir de uma atitude compassiva. Somente desde um coração que tem compaixão é que se pode compreender a noção cristão de próximo. Ou seja, para ver o necessitado como próximo, tenho de ter primeiro o amor de Deus em meu coração. E será este amor que me impulsionará a ajudá-lo, a socorrê-lo sem que me importe qual seja a “categoria” de pessoa. A partir de um olhar que brote de um “coração que vê” ou de um “amor que conhece”, surge um conceito diferente de “próximo”, universal e concreto ao mesmo tempo.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. A quem considero meu próximo? Somente meus familiares e amigos?
2. Que sinto quando vejo alguém que tem necessidade de ajuda?
3. Já experimentei uma verdadeira compaixão que me moveu a agir e a não passar ao largo?
4. Experimento que o amor de Deus me impele a fazer-me próximo dos mais necessitados?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por tua compaixão.
Obrigado por te fazeres próximo.
Concede-me a atenção e a audácia para não passar ao largo:
diante da necessidade do irmão, perante o grito do desconhecido.
Que eu não escolha a quem ajudar nem seja seletivo.
Que as desculpas ou as urgências não se imponham.
Concede-me entranhas compassivas para poder ir e fazer a mesma coisa
que fez Aquele samaritano.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Jesus, concede-me entranhas compassivas para não passar ao largo diante das necessidades de meus irmãos”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, peço a graça de estar mais atento às necessidades dos irmãos e poder agir sem apresentar desculpas. Assim poderei ser um samaritano hoje.
“Se não se vive para os demais, a vida carece de sentido”.
Santa Madre Teresa de Calcutá