“Alimenta-nos de manhã com o teu amor, até ficarmos satisfeitos, para que cantemos e nos alegremos a vida inteira.”
4 de agosto de 2019“Esperei com paciência pela ajuda de Deus, o Senhor. Ele me escutou e ouviu o meu pedido de socorro.”
18 de agosto de 2019PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Espírito Santo, ensina-me a dar gratuitamente.
Espírito Santo, que eu busque sempre o que nunca acaba.
Espírito Santo, que com Maria, receba e viva a Palavra.
Espírito Santo, dá-me a coragem para anunciar a Boa Nova.
Amém.
TEXTO BÍBLICO: Lc 12.32-48
Riquezas no céu
Mateus 6.19-21
32Jesus continuou:
— Meu pequeno rebanho, não tenha medo! Pois o Pai tem prazer em dar o Reino a vocês. 33Vendam tudo o que vocês têm e deem o dinheiro aos pobres. Arranjem bolsas que não se estragam e guardem as suas riquezas no céu, onde elas nunca se acabarão; porque lá os ladrões não podem roubá-las, e as traças não podem destruí-las. 34Pois onde estiverem as suas riquezas, aí estará o coração de vocês.
Os empregados alertas
35E Jesus disse ainda:
— Fiquem preparados para tudo: estejam com a roupa bem presa com o cinto e conservem as lamparinas acesas. 36Sejam como os empregados que esperam pelo patrão, que vai voltar da festa de casamento. Logo que ele bate na porta, os empregados vão abrir. 37Felizes aqueles empregados que o patrão encontra acordados e preparados! Eu afirmo a vocês que isto é verdade: o próprio patrão se preparará para servi-los, mandará que se sentem à mesa e ele mesmo os servirá. 38Eles serão felizes se o patrão os encontrar alertas, mesmo que chegue à meia-noite ou até mais tarde. 39Lembrem disto: se o dono da casa soubesse a que hora o ladrão viria, não o deixaria arrombar a sua casa. 40Vocês, também, fiquem alertas, porque o Filho do Homem vai chegar quando não estiverem esperando.
O empregado fiel e o empregado infiel
Mateus 24.45-51
41Então Pedro perguntou:
— Senhor, essa parábola é só para nós ou é para todos?
42O Senhor respondeu:
— Quem é, então, o empregado fiel e inteligente? É aquele que o patrão encarrega de tomar conta da casa e de dar comida na hora certa aos outros empregados. 43Feliz aquele empregado que estiver fazendo isso quando o patrão chegar! 44Eu afirmo a vocês que, de fato, o patrão vai colocá-lo como encarregado de toda a sua propriedade. 45Mas imaginem o que acontecerá se aquele empregado pensar que o seu patrão está demorando muito para voltar. E imaginem que esse empregado comece a bater nos outros empregados e empregadas e a comer e a beber até ficar bêbado. 46Então o patrão voltará no dia em que o empregado menos espera e na hora que ele não sabe. Aí o patrão mandará cortar o empregado em pedaços e o condenará a ir para o lugar aonde os desobedientes vão.
47— O empregado que sabe qual é a vontade do patrão, mas não se prepara e não faz o que ele quer, será castigado com muitas chicotadas. 48Mas o empregado que não sabe o que o patrão quer e faz alguma coisa que merece castigo, esse empregado será castigado com poucas chicotadas. Assim será pedido muito de quem recebe muito; e, daquele a quem muito é dado, muito mais será pedido.
1. LEITURA
Que diz o texto?
Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
1. O Jesus pede que se faça com os bens e por quê?
2. Que atitude Jesus recomenda vivamente em seguida?
3. Jesus apresenta dois exemplos de vigilância: quais são e que mensagem nos deixam?
4. O que Pedro pergunta, e o que e como Jesus lhe responde?
5. Que parábola Jesus conta? Qual é seu ensinamento?
Algumas pistas para compreender o texto:
*Mons. Damian Nannini (Dom Damián Nannini é bispo da Diocese de San Miguel (Argentina); licenciado em Sagrada Escritura pelo Pontifício Instituto Bíblico de Roma.)
O texto começa com uma afirmação de Jesus que manifesta a clara vontade de Deus em dar-nos o Reino, que deve ser buscado em primeiro lugar, conforme o versículo anterior (que não se lê hoje). Deste modo, trata-se de um convite à busca confiante do Reino de Deus, que vença todo temor. E o temor pode brotar do fato de serem poucos os que buscam e esperam de verdade o Reino de Deus. Daí a alusão a um rebanho duplamente pequeno, visto que se utilizam o adjetivo “pequeno” e o diminutivo de “rebanho” (“pequeno rebanhinho” seria a tradução mais literal).
Segue-se o convite à generosidade: “Vendam tudo o que vocês têm e deem o dinheiro aos pobres…”. Deste modo se continua o tema do domingo passado: o uso e o sentido dos bens materiais. Concretamente, explica-nos o sentido da expressão: “ser ricos aos olhos de Deus”. São assim aqueles que partilham seus bens, dão-nos como esmola aos pobres e, assim, “guardam as riquezas no céu”. Conseguintemente, enquanto as riquezas nesta vida oferecem uma falsa segurança, pois são passageiras, caducas e vãs, este tesouro é duradouro, não pode ser roubado nem se desgasta.
A segunda parte do evangelho está centrada no tema da vigilância cristã. Trata-se de estar alerta, à espera do Senhor que virá; por isso se convida a estar em um estado de vigília, de permanecer despertos e atentos para uma pronta resposta, como o esclarece a comparação que se segue (12.36). Aqui é vistosa a bem-aventurança do empregado atento e vigilante (12.37), pois se afirma que o próprio Senhor assumirá a atitude de escravo, e o empregado será servido pelo amo.
O segundo exemplo (12.39) reforça a atitude de vigilância e atenção, porquanto o momento da vinda do Senhor é tão imprevisível como a chegada do ladrão. Trata-se de estar conscientes de não saber o momento da parusia, o qual é um convite a estar sempre expectantes.
Em seguida vem a pergunta de Pedro, à qual Jesus responde indiretamente com outro exemplo que destaca duas atitudes possíveis diante da demora ou atraso da parusia – uma boa e outra má –, e as consequências de cada uma delas. O administrador fiel e perseverante em seu trabalho terá uma grande recompensa, pois ganhou a confiança de seu senhor. Por outro lado, aquele que se aproveita da ausência e demora do Senhor para abusar de sua autoridade e levar uma vida desordenada, será surpreendido inesperadamente e terá um severo castigo, incorrendo na sorte dos infiéis.
O tema do juízo de Deus e o do princípio de retribuição (dará a cada um segundo suas obras) dominam esta última parte. No entanto, o texto termina ressaltando que o juízo de Deus, sua exigência, é proporcional aos dons recebidos. Ou seja, a quem mais recebeu dons e tarefas da parte do Senhor, mas se lhe pedirão contas do que houver feito com elas.
O que o Senhor me diz no texto?
A fé é ver a realidade com os olhos de Jesus, é participar de seu próprio olhar. E Jesus olha e julga a realidade a partir da eternidade, da transcendência, do Reino de Deus que chega, e do juízo final que se lhe segue. Com efeito, Jesus apresenta-nos principalmente e em primeiro lugar, o Reino que o Pai se compraz em dar-nos, em oferecer-nos, e este Reino é a realidade definitiva, o fim último da vida do homem. Por isso, quem se abre ao Reino de Deus com a firme esperança de recebê-lo, quem olha e julga a realidade a partir da perspectiva do Reino de Deus compreende o sentido dos bens terrenais e os orienta para a posse do Reino definitivo. Deste modo se descobre o valor da emola, do partilhar os bens com os necessitados, do “empobrecer-se” materialmente para “enriquecer-se” espiritualmente. Como diz o Papa Francisco em EG 58: “O dinheiro deve servir, e não governar! O Papa ama a todos, ricos e pobres, mas tem a obrigação, em nome de Cristo, de lembrar que os ricos devem ajudar os pobres, respeitá-los e promovê-los. Exorto-vos a uma solidariedade desinteressada e a um regresso da economia e das finanças a uma ética propícia ao ser humano”.
De igual modo, a partir do olhar da fé, compreende-se que se devem procurar os bens necessários para a vida, e que é legítimo desfrutar deles; contudo, não se pode fazer deles o “tesouro” da vida; não se pode colocar o coração neles, porque são caducos, não podem dar-nos a vida eterna.
Também deste ponto de vista e com este olhar de fé, descobre-se que somos peregrinos nesta vida, e que as atitudes próprias do crente, enquanto espera o definitivo, são a vigilância e o serviço fiel; ou, em linguagem mais atual, a lucidez e a responsabilidade. A vigilância ou lucidez é, antes de mais nada, uma atitude espiritual de atenção a Deus e a seu Reino. O contrário seria a tibieza, ou seja, ter uma vida cristã adormecida. Esta vigilância ajuda-nos a não perder de vista que recebemos uma missão nesta vida e devemos dedicar-nos a ela com um serviço fiel e responsável, “até que o Senhor venha”.
A propósito deste evangelho, dizia o Papa Francisco no Angelus de 7 de agosto de 2016: “Jesus fala aos seus discípulos sobre a atitude que devem assumir em vista do encontro final com ele, explicando que a expetativa de tal encontro deve impelir a uma vida rica de obras boas. Entre outras coisas, diz: ‘Vendei o que possuís e dai-o de esmola; fazei para vós bolsas que não se gastam, um tesouro inesgotável nos céus, onde o ladrão não chega e a traça não o destrói’ (v. 33). Trata-se de um convite a dar valor à esmola como obra de misericórdia, a não colocar a confiança nos bens efêmeros e a utilizar as coisas sem apego nem egoísmo, mas segundo a lógica de Deus, a lógica da atenção ao próximo, a lógica do amor. Nós podemos viver muito apegados ao dinheiro e possuir grandes bens, mas no final não os poderemos levar conosco. […] Hoje Jesus recorda-nos que a expetativa da bem-aventurança eterna não nos dispensa do compromisso de tornar o mundo mais justo e mais habitável. Aliás, é exatamente esta nossa esperança de possuir o Reino na eternidade que nos impele a agir para melhorar as condições da vida terrena, de maneira especial dos irmãos mais frágeis”.
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
1. Que lugar ocupa a busca do Reino de Deus em minha vida?
2. Desejo e espero que venha o Reino de Deus como o que é definitivo e pleno?
3. Olho toda a realidade, de modo especial os bens materiais, a partir da perspectiva do Reino definitivo de Deus?
4. Estou atento e vigilante para que o consumismo não adormeça minha fé?
5. Procuro esperar o Reino de Deus agindo com misericórdia para com os necessitados?
O que respondo ao Senhor que me fala no texto?
Obrigado, Jesus, por teu confiança.
Que não me concentre no que passa,
nem adormeça no cômodo bem-estar.
Faze com que o que é passageiro não me conquiste
nem arrebate meu coração.
Que junto à minha comunidade, sejamos peregrinos
com a lucidez de buscar o eterno, sentindo-se responsáveis
e comprometidos com nossos irmãos mais carentes.
Somente assim o Reino será palpável.
Amém.
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
“Senhor, que eu busque teu Reino em tudo e em todos”.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Durante esta semana, proponho-me fazer um gesto de caridade ajudando a um desconhecido.
“Somente o Reino de Deus é absoluto. Tudo o mais é relativo”.
São Paulo VI