Como podemos saber o caminho? (Jo 14,1-6)
12 de maio de 2017Guardar a palavra, viver a palavra. (Jo 14, 21-26)
15 de maio de 2017PREPARAÇÃO ESPIRITUAL
Quando eu falhar em meu caminho; quando for fraco ao dar meus passos,
tem piedade de mim, Senhor, e fortalece-me com teu Espírito de amor.
Quando quiser voltar atrás para romper tua aliança,
ilumina minha cegueira e fortalece meu coração jovem.
Que teu amor seja o alento e o estímulo de minha vida;
que teu amor seja o que desperte em meu coração amor sincero;
ainda que fraqueje no amor que te tenho, continua a amar-me,
Senhor, e devolve-me o calor de meu primeiro amor.[1]
TEXTO BÍBLICO: João 14.1-12
Jesus, o caminho para o Pai
1Jesus disse:
— Não fiquem aflitos. Creiam em Deus e creiam também em mim. 2Na casa do meu Pai há muitos quartos, e eu vou preparar um lugar para vocês. Se não fosse assim, eu já lhes teria dito. 3E, depois que eu for e preparar um lugar para vocês, voltarei e os levarei comigo para que onde eu estiver vocês estejam também. 4E vocês conhecem o caminho para o lugar aonde eu vou.
5Então Tomé perguntou:
— Senhor, nós não sabemos aonde é que o senhor vai. Como podemos saber o caminho?
6Jesus respondeu:
— Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém pode chegar até o Pai a não ser por mim. 7Agora que vocês me conhecem, conhecerão também o meu Pai. E desde agora vocês o conhecem e o têm visto.
8Filipe disse a Jesus:
— Senhor, mostre-nos o Pai, e assim não precisaremos de mais nada.
9Jesus respondeu:
— Faz tanto tempo que estou com vocês, Filipe, e você ainda não me conhece? Quem me vê, vê também o Pai. Por que é que você diz: “Mostre-nos o Pai”? 10Será que você não crê que eu estou no Pai e que o Pai está em mim?
Então Jesus disse aos discípulos:
— O que eu digo a vocês não digo em meu próprio nome; o Pai, que está em mim, é quem faz o seu trabalho. 11Creiam no que lhes digo: eu estou no Pai e o Pai está em mim. Se vocês não creem por causa das minhas palavras, creiam pelo menos por causa das coisas que eu faço. 12Eu afirmo a vocês que isto é verdade: quem crê em mim fará as coisas que eu faço e até maiores do que estas, pois eu vou para o meu Pai.
1. LEITURA
Que diz o texto?
ü Algumas perguntas para ajudá-lo em uma leitura atenta…
O que Jesus pede a seus discípulos? O que Tomé pergunta? O que Jesus responde? Que pergunta faz Filipe? Quem está em Jesus e faz o seu trabalho? O que fará aquele que crê em Jesus?
Algumas pistas para compreender o texto:
Pe. Daniel Kerber [2]
Neste domingo, Jesus prepara seus discípulos para sua partida. O texto é tirado da última ceia, mas poderíamos escutá-lo também da boca de Jesus ressuscitado, que aparece a seus discípulos, mas que quando subir ao céu, deixará de ser visto por eles.
Podemos distinguir duas partes no texto. Na primeira (vv. 1-4), Jesus conforta seus discípulos com a promessa de ir preparar-lhes um lugar na casa do Pai; na segunda (vv. 5-12), dá-se o diálogo com Tomé e Filipe, em que Jesus se revela como caminho e revelação do Pai.
Jesus angustiou-se muitas vezes: ao aproximar-se de seu amigo Lázaro morto (11.33), ao ver que se aproximava sua própria hora (12.27) e ao revelar o traidor (13.21). No entanto, agora que anunciou sua partida, quer confortar seus discípulos e os convida à confiança e à esperança. Ele se vai, mas vai preparar-lhes um lugar para que eles estejam definitivamente com ele (v. 3).
Entre o turbamento devido ao anúncio da partida e a dificuldade em compreender a linguagem de Jesus, os discípulos o interrogam. E tais perguntas, como muitas outras no evangelho, são ocasião para uma revelação mais profunda de Jesus, que afirma: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (v. 6). Jesus não apenas convida a segui-lo (cf. Jo 1.43; 10.4), mas ele mesmo é o caminho: a vida e a presença permanente de Jesus são o “lugar” por onde seus discípulos andam. Jesus, que é o revelador do Pai (cf. 1.18), é também a verdade, ou seja, ele mesmo é a revelação, o que o Pai quer comunicar-nos. Jesus, em sua pessoa, no que diz e faz, é a verdade. E ele mesmo também é a vida, como já o havia afirmado antes de ressuscitar Lázaro (11.25).
Jesus continua aprofundando esta verdade que é ele e que ele revela, e os discípulos continuam desconcertados diante das palavras de Jesus (isto também é um ensinamento para nós, porque nós, tal como os discípulos, muitas vezes podemos não entender, mas isso não foi obstáculo naquele momento para que os discípulos seguissem Jesus. Ele não diz “venham e entendam-me”, mas “venham e sigam-me”; nem sempre entendemos os caminhos pelos quais o Senhor nos convida a caminhar). O Mestre diz aos discípulos que eles já conhecem o Pai e o estão vendo; em seguida, “esclarece” algo que é ainda mais surpreendente: “Quem me vê, vê também o Pai” (v. 9).
Sim, Jesus não apenas revela o Pai, mas ele mesmo é o reflexo mais evidente do Pai que o envia. Como dizia são João da Cruz: “Uma palavra o Pai pronunciou, que foi seu Filho, e tal palavra fala sempre no eterno silêncio, e em silêncio há de ser ouvida pela alma”. É tão íntima a união do Pai e do Filho, que conhecer o Filho é conhecer também o Pai. Por isso, Jesus acrescenta: “O Pai, que está em mim, é quem faz o seu trabalho” (v. 10).
Tudo isto nos prepara para a vinda do Espírito, sem o qual não podemos compreender Jesus. No evangelho do próximo domingo, escutaremos justamente esta promessa de Jesus.
O que o Senhor me diz no texto?
O evangelho deste domingo nos convida a perceber que somos filhos de Deus e irmãos de Cristo. Que nosso compromisso e nosso amor para com Deus nos levem para além do sermos chamados cristãos católicos e que diariamente nosso agir surpreenda e vá na contracorrente, pois agir segundo a inspiração do Pai deve ser fruto de nosso apego constante a Ele.
O Santo Papa João Paulo II partilha conosco a seguinte reflexão: “Ponto de partida da nossa reflexão são as palavras do Evangelho, que nos indicam em Jesus o Filho e o Revelador do Pai. O seu ensinamento, o seu ministério, o seu próprio estilo de vida, tudo nele remete ao Pai (cf. Jo 5, 19.36; 8, 28; 14, 10; 17, 6). Este é o centro da vida de Jesus e, por sua vez, Jesus é o único caminho para aceder ao Pai. ‘Ninguém vem ao Pai senão por Mim’ (Jo 14, 6). Jesus é o ponto de encontro dos seres humanos com o Pai, que nele se tornou visível: ‘Quem Me vê, vê o Pai. Como é que tu dizes: Mostrai-nos o Pai? Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em Mim?’ (Jo 14.9-10).
“A manifestação mais expressiva desta relação de Jesus com o Pai verifica-se na sua condição de ressuscitado, vértice da sua missão e fundamento de vida nova e eterna para todos os que nele acreditam. Mas a união entre o Filho e o Pai, como aquela entre o Filho e os crentes, passa através do mistério da ‘exaltação’ de Jesus, segundo uma típica expressão do Evangelho de João. Com o termo ‘exaltação’, o evangelista indica tanto a crucifixão como a glorificação de Cristo; ambas se refletem no crente: ‘Tem de ser levantado o Filho do Homem, a fim de que todo aquele que nele crer tenha a vida eterna. Porque Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o Seu Filho único, para que todo o que n’Ele crer não pereça, mas tenha a vida eterna’” (Jo 3.14-16).[3]
Continuemos nossa meditação com estas perguntas:
Sinto-me realmente filho de Deus? Alimento minha relação com Deus diariamente, algo que se percebe em meu modo de agir? Peço a Jesus que me deixe ver o Pai?
3. ORAÇÃO
O que respondo ao Senhor me fala no texto?
Senhor Jesus, Filho de Deus e nosso Salvador,
que viveste em Nazaré, ao lado de Maria e de José,
uma vida simples e humilde,
na presença constante de Deus, teu Pai,
e no contato íntimo e profundamente enriquecedor
de seu amor e de sua bondade:
ensina-me a viver como tu.[4]
4. CONTEMPLAÇÃO
Como ponho em prática, em minha vida, os ensinamentos do texto?
Creio em ti, Jesus, e creio que tu e Deus Pai sois um só.
5. AÇÃO
Com que me comprometo para demonstrar mudança?
Cada manhã, peço a Jesus que me ajude a sentir-me amado(a) pelo Pai. Em cada obra e em cada gesto bom, dar-me-ei conta de que minha inspiração é seu amor.
“Teu desejo seja ver a Deus; teu temor, se o hás de perder; tua dor, de que não o gozes, e tua alegria, pelo que te possa levar além, e viverás com grande paz.”
Santa Teresa de Jesus