Se moldando na fraternidade ((Jr 18,1-6 e Mt 13,47-53)
31 de julho de 2014Escolhe, pois, a vida (Mt 14, 1-12)
2 de agosto de 2014Dirigindo-se para a sua terra, Jesus ensinava na sinagoga, de modo que ficavam admirados. E diziam: “De onde lhe vem essa sabedoria e esses milagres? Não é ele o filho do carpinteiro? Sua mãe não se chama Maria, e seus irmãos não são Tiago, José, Simão e Judas? E suas irmãs não moram conosco? Então de onde lhe vem tudo isso? E ficaram escandalizados por causa dele. Jesus, porém, disse: “Um profeta só não é estimado em sua própria pátria e em sua família!” E Jesus não fez ali muitos milagres, porque eles não tinham fé.
Hoje eu sou tocado a me perguntar quais são os filtros que utilizo para aceitar ou não o que vem de Deus e também “quem” vem da parte de Deus.
Lendo as escrituras, percebo que Deus, durante toda a história da salvação, se utilizou de pessoas para enviar suas mensagens, suas ordens e suas leis. Não consegui me lembrar de nenhuma narrativa na qual Deus tenha se dirigido a todo o povo de uma só vez. Também me lembrei de inúmeros casos nos quais Deus escolheu a pessoa menos indicada, do ponto de vista da sociedade, das regras e costumes dos homens, para ser seu porta-voz, como é o caso de quando Samuel é enviado à casa de Jessé para escolher Davi dentre os seus filhos. Samuel, de início, imaginou ser Eliab o escolhido e ouviu de Deus: “Não se impressione com a aparência ou estatura dele. Não é esse que eu quero, porque Deus não vê como o homem, porque o homem olha as aparências, e Javé olha o coração” (I Sm 16, 7b).
Quando eu li o trecho do evangelho de hoje, no primeiro momento fui levado a criticar aqueles que estavam ali e não perceberam que Jesus era o tão esperado messias. Porém, ao procurar me colocar entre eles, fui percebendo que também me comporto assim e talvez não tivesse reconhecido a grandeza de quem estava ali na minha frente.
Hoje a oração me convida a me deixar tocar por Deus no que tenho de mais íntimo, para que eu possa perceber as pessoas com os olhos de Deus. Deixar que Deus me conduza a perceber aquelas pessoas que são escolhidas por Ele para compartilhar da minha vida, deixar me guiar pelo genuíno dom do discernimento que o Espírito Santo me dá, procurando me afastar, pelo menos um pouco, do julgamento que se faz pela aparência, seja física ou intelectual, baseada em estereótipos padronizados pelos homens ou pelos títulos acumulados.
E nesse contexto também me chamou muita atenção a relação entre milagres e fé, exposta no último versículo.
Quantas vezes ficamos nos lamentando de que as coisas não dão certo para nós? Que nada melhora, ou sei lá mais o quê? No entanto, podemos estar bloqueando a ação de Deus em nossa vida, porque não conseguimos fazer a mudança de passar a olhar com o olhar de Deus. Se insistirmos em julgar pelas aparências, podemos deixar passar coisas boas que Deus nos envia, pois as evitamos. Costumamos nos afastar imediatamente de pessoas que nos incomodam.
A leitura de hoje me sugere que eu cuide mais de identificar porque estou incomodado e perceber se aí não está uma mensagem de Deus para que eu aceite a necessidade de mudanças em mim.
Que o Espírito Santo nos ilumine e nos conceda a capacidade de olhar com os olhos de Deus, de tal modo que possamos ver o coração. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte – MG