Amar os inúteis (Lc 17,7-10)
8 de novembro de 2016A vinda do Reino (LC 17, 20 – 25)
10 de novembro de 2016“Alguns dias antes da Páscoa dos judeus, Jesus foi até a cidade de Jerusalém. No pátio do Templo encontrou pessoas vendendo bois, ovelhas e pombas; e viu também os que, sentados às suas mesas, trocavam dinheiro para o povo. Então ele fez um chicote de cordas e expulsou toda aquela gente dali e também as ovelhas e os bois. Virou as mesas dos que trocavam dinheiro, e as moedas se espalharam pelo chão. E disse aos que vendiam pombas:
– Tirem tudo isto daqui! Parem de fazer da casa do meu Pai um mercado!
Então os discípulos dele lembraram das palavras das Escrituras Sagradas que dizem: ´O meu amor pela tua casa, Ó Deus, queima dentro de mim como fogo.´
Aí os líderes judeus perguntaram:
– Que milagre você pode fazer para nos provar que tem autoridade para fazer isso?
Jesus respondeu:
– Derrubem este Templo, e eu o construirei de novo em três dias!
Eles disseram:
– A construção deste Templo levou quarenta e seis anos, e você diz que vai construí-lo de novo em três dias?
Porém o templo do qual Jesus estava falando era o seu próprio corpo. Quando Jesus foi ressuscitado, os seus discípulos lembraram que ele tinha dito isso e então creram nas Escrituras Sagradas e nas palavras dele.”
Celebramos hoje a dedicação da Basílica de Latrão. Esta Basílica é a Sé Catedral da Igreja de Roma, da qual o bispo de Roma, o Papa, preside na caridade a Igreja Católica (ou seja, universal). Assim, a Basílica de Latrão é a Mãe de todas as Igrejas.
Ao celebrar a sua dedicação celebramos muito mais do que um templo de pedra. Celebramos a unidade da comunidade viva de fiéis. Nós somos a Igreja, Corpo de Cristo, sinal de Sua presença entre os seres humanos. Como temos sido sinal? Como damos testemunho do Cristo no meio do mundo? Tenho consciência de ser um templo vivo, do meu corpo ser morada do Deus de Amor?
O Evangelho de hoje traz a expulsão dos vendilhões do Templo de Jerusalém. O Templo de Jerusalém possuía uma moeda própria, comercializada apenas em seu interior, para evitar o uso das moedas “pagãs” no local sagrado. Por isso, havia muitos cambistas, para efetuar a troca das moedas. Com as moedas do templo, as pessoas podiam comprar os animais destinados aos sacrifícios. No entanto, todo esse sistema, na época de Jesus, já tinha virado exploração e discriminação. Havia muitos abusos no câmbio, para ganho abusivo de alguns. Além disso, as pessoas acabavam sendo valorizadas ou não pelo tipo de oferenda que podiam fazer – grandes animais para os ricos, que podiam comprá-los (e, mais uma vez, no valor abusivo cobrado), e pombas ou rolas para os pobres, que ainda por cima também eram explorados, para pagar o valor que se pedia por eles.
Ao ver tudo aquilo, Jesus reage enfurecidamente: “ele fez um chicote de cordas e expulsou toda aquela gente dali e também as ovelhas e os bois. Virou as mesas dos que trocavam dinheiro, e as moedas se espalharam pelo chão.” E o que diz dá sentido aos seus gestos: “Tirem tudo isto daqui! Parem de fazer da casa do meu Pai um mercado!”
Contemplar com Jesus a nossa realidade, do macro para o micro.
– Como Ele vê a nossa sociedade? Como estão as relações? Em que se manifesta a presença de Deus nela? Em que se manifestam os vendilhões?
– Como estão os nossos templos e comunidades? O que Jesus sente diante deles? O que é preciso fazer?
– Como está a minha vida? As minhas relações; o templo do meu corpo… O que Jesus diz diante dela?
É tão bonita a intenção de Jesus, seu porquê profundo que os discípulos captam: “O meu amor pela tua casa, Ó Deus, queima dentro de mim como fogo.” Que a experiência deste amor nos faça desejar e pedir o olhar e a ação de Jesus em nossas vidas, muito mais que temê-los e querer nos esconder e esquivar.
Peçamos-Lhe a graça de viver como templos de Deus, e sentir também este amor zeloso por cada pessoa com a qual nos depararmos, pelas ruas e por onde andarmos.
Tania Pulier, comunicadora social, membro da Família Missionária Verbum Dei e da pré-CVX Cardoner