“Nenhum dos presentes compreendeu por que Jesus lhe disse isso”
12 de abril de 2022“Se Eu não te lavar, não terás parte comigo”
14 de abril de 202213 de abril de 2022 – Quarta Feira da Semana Santa
Mt 26, 14-25 – “O Filho do Homem vai morrer conforme diz a Escritura”
- Leitura: O que o texto diz?
A temática da traição de Judas volta na proclamação litúrgica da Igreja neste dia. São Mateus dá alguns detalhes, como: o diálogo de Judas com os sumos sacerdotes; as 30 moedas de prata; a preocupação dos discípulos em preparar a festa dos Ázimos; a celebração noturna; o jantar interrompido para o anúncio da paixão e traição; o questionamento entre eles de quem seria; a indicação de que seria alguém que põe a mão no prato com Jesus; a menção da profecia escriturística; a condenação do traidor e a ocultação das intenções de Judas.
- Meditação: O que o texto me diz?
Nosso Senhor se deixa entregar cumprindo a Escritura. E como diz o Salmo 40 “Até meu amigo, no qual eu confiava, que comia à minha mesa, levantou o calcanhar contra mim” (v.10), alguém faz parte do processo da paixão como personagem não convertido, mas incrédulo e incapaz de ver a Deus, vivendo somente pelas coisas do mundo.
Cuidado para não estar de tal modo, vivendo por aquilo que acaba, por aquilo que perece. Se recebemos o dom de Cristo pelo batismo junto com isso veio uma responsabilidade. É fácil deixar de lado a amizade com Deus, traí-Lo. Porém Ele não acusa, não se irrita, mas permanece manso. A misericórdia derramada na Cruz é maior e acolhe o pecador, mesmo sendo indigno.
Cumprir a Escritura é viver plenamente a Palavra. O sacrifício de Cristo já havia sido prefigurado em diversas passagens do Antigo Testamento. No sacrifício de Isac ele foi substituído por um cordeiro que Cristo em sua mansidão e escolha da parte de Deus; na sarça ardente que, sendo queimada, não se consumia era Cristo que mesmo passando pela destruição do corpo, permanece intacto; nas profecias de Isaías a respeito do sofrimento do Servo do Senhor que passa por escárnios, abandono e humilhação, mas na presença de Deus em favor de muitos. A Palavra indica a Jesus como o último sacrifício e o mais perfeito. Deus mesmo quis entregar-se por amor de Sua criação.
Não fiquemos diante da traição, especialmente as nossas, mas diante do Amor de Deus. Só o Amor de Cristo é capaz de fazer converter um coração, de purificar e renovar. Jesus sempre deixa a oportunidade de penitenciar, ou seja, de mudar o rumo das coisas. Eles perguntavam a Jesus “serei eu?” como se questionando as próprias decisões, mas Judas recebe uma última chance de decidir o certo. Jesus não o acusa, mas oculta dos outros a decisão que já estava tomada.
- Oração: O que o texto me faz dizer a Deus?
Jesus, manso de coração e humilde, sei de minhas limitações e de minhas diversas traições a Ti e ao projeto ao qual me chamaste. Mas também sei do amor por mim e do conhecimento de tens dos meus pensamentos e desejos. Inspirai minha decisões, especialmente para que me conduzam em teus passos. Quero permanecer contigo não banquete preparado e na tua amizade. Não permita que eu me separe de Ti.
- Contemplação: O que Deus, através do texto, faz em mim?
Esse tempo de penitência mexe com o coração de quem se deixa conduzir pela Palavra. Parece que vamos nos entregando junto com Jesus, sentindo o mesmo que Ele diante de uma traição da confiança, de uma amizade desfeita, de um relacionamento as vezes falsificado e interesseiro. Jesus ensina sua mansidão, não entregando o bandido, mas deixando que o mesmo se acuse e tome consciência de suas ações. É mansidão de coração que Jesus coloca no coração de seus seguidores.
- Ação: O que o texto me impulsiona a fazer?
Que tal perdoar a si mesmo e perdoar aqueles que ofendem? Que tal praticar a mansidão e a misericórdia?
Irmãos, perseverança no seguimento!
Antonio C. dos Santos Jr. – Seminarista diocesano da etapa da Configuração e membro da Equipe Diocesana da Animação Bíblico-Catequética da Diocese de Ponta Grossa-PR.