A César o que é de César e a Deus o que é de Deus (Marcos 12, 13-17)
2 de junho de 2015Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo (Marcos 14,12-16.22-26)
4 de junho de 2015“Vieram ter com Jesus alguns saduceus, os quais afirmam que não existe ressurreição e lhe propuseram este caso: ‘Mestre, Moisés deu-nos esta prescrição: ‘Se morrer o irmão de alguém, e deixar a esposa sem filhos, o irmão desse homem deve casar-se com a viúva, a fim de garantir a descendência de seu irmão.’ Ora, havia sete irmãos: o mais velho casou-se, e morreu sem deixar descendência. O segundo casou-se com a viúva, e morreu sem deixar descendência. E a mesma coisa aconteceu com o terceiro. E nenhum dos sete deixou descendência. Por último, morreu também a mulher. Na ressurreição, quando eles ressuscitarem, de quem será esta mulher? Porque os sete se casaram com ela!’
Jesus respondeu: ‘Acaso, vós não estais enganados, por não conhecerdes as Escrituras, nem o poder de Deus? Com efeito, quando os mortos ressuscitarem, os homens e as mulheres não se casarão, pois serão como os anjos do céu.
Quanto ao fato da ressurreição dos mortos, não lestes, no livro de Moisés, na passagem da sarça ardente, como Deus lhe falou: ‘Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó’? Ora, ele não é Deus de mortos, mas de vivos! Vós estais muito enganados.’.”
Os saduceus apresentam uma questão de fé a Jesus, mais no intuito de zombar dele do que de esclarecer, dado o exagero do caso. De qualquer forma, mostra aqui, como em toda a sua vida, quem é verdadeiramente Deus, o Deus vivo e verdadeiro. Primeiro questiona: “Acaso vós não estais enganados por não conhecerdes as Escrituras nem o poder de Deus?”
Tantas coisas abalam a nossa fé! Podemos ouvir também esta resposta. Afinal, o que é impossível para Deus?
Especificamente sobre a ressurreição, o problema que os saduceus apresentaram é absurdo. Trata-se de uma vida outra, não da mesma vida. Com efeito, quando os mortos ressuscitarem, os homens e as mulheres não se casarão, pois serão como os anjos do céu.
Sem a fé na ressurreição, numa vida que vai além, a nossa vida fica absurda. Que sentido tem tanto empenho e esforço no dia a dia, se de uma hora pra outra tudo acaba e ficamos em nada? Para que lutar pela justiça, fazer o bem se, além de mal colher os frutos no aqui agora, não vemos nenhuma transcendência nisso? “Se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos, que amanhã morreremos”, já dizia São Paulo (1 Cor 15, 32) Sem a fé na ressurreição, vivamos o “Carpe Diem”, aproveitar o dia com seus prazeres efêmeros.
Por isso, mais que uma questão de fé, é uma questão de vida. A chave do que Jesus fala é: “Ele não é Deus de mortos, mas de vivos!” Um mundo onde a desigualdade social condena a muitos a uma miséria extrema; onde a juventude pobre e negra é assassinada a cada dia, sob a vista grossa das autoridades; onde a maior preocupação das pessoas é com o status, o consumo e a estética, independentemente do que professa, não revela a presença do Deus da vida.
Um mundo onde há pessoas que se entregam pelo bem de outras, onde a Ciência está a favor da vida, onde muitos se doam em suas profissões, onde há instituições que promovem a educação e a profissionalização de jovens e há muitos que buscam uma melhor distribuição da renda, sendo capazes para isso de abrir mão de privilégios próprios revela o Deus da vida, independentemente da profissão de fé. Essas pessoas são sinais de Deus ao gerar vida ao seu redor.
A ambiguidade faz parte do nosso mundo no momento presente.
Cabe a cada um de nós questionar-se, na presença de Deus em oração:
– E a minha vida, mais revela ou mais esconde a presença do Deus da vida?
– Minhas prioridades mostram a fé na ressurreição ou absolutizam o aqui e agora?
– Minhas ansiedades e preocupações são pelo que passa ou pelo que não passa? Revelam a fé no poder de Deus?
– O que muda para mim optar por viver plenamente e gerar vida, alicerçada no Deus da vida, que tem poder até sobre a morte?
Peçamos ao Senhor que nos introduza na profundidade da Sua resposta e à Sua luz nos ajude a optar.
Tania Pulier, comunicadora social – Palavra Acesa Editora – Família Missionária Verbum Dei e pré-CVX Cardoner