O que o Pai e o Filho fazem (João 5, 17-19)
29 de março de 2017João 7,1-2.10.25-30
31 de março de 2017— Se eu dou testemunho a favor de mim mesmo, então o que digo não tem valor. Mas existe outro que testemunha a meu favor, e eu sei que o que ele diz a respeito de mim é verdade. Vocês mandaram fazer perguntas a João, e o testemunho que ele deu é verdadeiro. Eu não preciso que ninguém dê testemunho a meu favor, mas digo essas coisas para que vocês sejam salvos.
— João era como uma lamparina que estava acesa e brilhava, e por algum tempo vocês se alegraram com a luz dele. Mas eu tenho um testemunho a meu favor ainda mais forte do que o que João deu: são as coisas que eu faço, as quais o meu Pai me mandou fazer. Elas dão testemunho a favor de mim e provam que o Pai me enviou. Também o Pai, que me enviou, testemunha a meu favor. Vocês nunca ouviram a voz dele, nem viram o seu rosto. As palavras dele não estão no coração de vocês porque vocês não creem naquele que ele enviou. Vocês estudam as Escrituras Sagradas porque pensam que vão encontrar nelas a vida eterna. E são elas mesmas que dão testemunho a meu favor. Mas vocês não querem vir para mim a fim de ter vida.
— Eu não procuro ser elogiado pelas pessoas. Quanto a vocês, eu os conheço e sei que não amam a Deus com sinceridade. Eu vim com a autoridade do meu Pai, e vocês não me recebem. Quando alguém vem com a sua própria autoridade, esse vocês recebem. Como é que vocês podem crer, se aceitam ser elogiados pelos outros e não tentam conseguir os elogios que somente o único Deus pode dar? Não pensem que sou eu que vou acusá-los diante do Pai; quem vai acusá-los é Moisés, que é aquele em quem vocês confiam. Se vocês acreditassem em Moisés, acreditariam também em mim, pois ele escreveu a meu respeito. Mas, se vocês não acreditam no que ele escreveu, como vão acreditar no que eu digo?
Trindade Santa, doce presença a habitar-me, concede-me a luz da sabedoria para eu fazer um momento de oração diante da verdade e que possa colher os frutos de que necessito.
Senhor, certa vez você disse: “cada árvore é conhecida pelas frutas que ela produz. Não é possível colher figos de espinheiros, nem colher uvas de pés de urtiga” (Lc 6,44). Pois bem, hoje estamos diante de uma cena em que você se esforça para mostrar sua identidade aos líderes dos judeus. Mas eles se prendem à dureza da lei para irem contra, para não acreditarem.
Porque você cura um paralítico em dia de sábado, eles o perseguem. Porque você explica que assim como o seu Pai continua trabalhando você também continua (Jo 5, 17), eles ficam ainda mais raivosos e querem matá-lo. Não conseguem compreender que o amor nunca para de trabalhar.
Àquele que tinha consciência de sua paralisia há 38 anos, você diz para pegar a cama e andar (Jo 5, 8), e ele fica curado. Porém, a estes outros paralisados no amor, presos à letra da lei, você não consegue libertar. Falta-lhes a consciência de que estão presos, de que estão paralisados.
Eles não querem colher seus bons frutos. Na verdade, procuram ignorá-los. Talvez por saberem que, se os reconhecerem como bons, serão questionados a abandonar suas práticas atuais. Mas isto eles não querem, não lhes é conveniente. Há sempre uma tensão entre a verdade que liberta e o comodismo que aprisiona.
Realmente, o Senhor não necessita de outros para dar testemunho a seu favor. Basta reconhecer seus frutos e saberemos que procedem de Deus, contudo, vejo que também preciso estar muito atento. A linguagem do amor é muito desafiadora. Sempre está nos retirando do lugar de conforto e nos fazendo caminhar um pouco mais. Às vezes é tão difícil, que acabo cedendo ao conforto de apenas seguir a lei e não vou um pouco mais adiante.
Engraçado, Senhor, os líderes dos judeus se baseavam nas escrituras, que falavam de você, para, apoiados nelas, não aceitá-lo.
Vejo que preciso manter meu coração aberto para ouvir o que Deus me fala no amor. Somente com o filtro do amor é possível separar o que vem de Deus e o que não vem.
Achei muito interessante você explicando que eles não vão encontrar a vida eterna nas escrituras, uma vez que elas apontam para você e é em você que encontramos a vida. Sim, Senhor, de que poderá me valer conhecer muito bem tudo o que está escrito, se eu não puder viver com o Espírito que procede da Palavra? Se eu não colocar em prática o que você tem me ensinado?
Hoje, Senhor, eu desejo e lhe peço: ajude-me a estar sempre atento e saber discernir o que provém e o que leva ao amor daquilo que parece justo porque vem da lei, mas que somente está camuflando minha preguiça, minha paralisia e meus medos. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte