Senhor, se queres…(Lc 5,12-16)
8 de janeiro de 2016Solenidade do Batismo do Senhor – Ano C
10 de janeiro de 2016Depois disso, Jesus e os seus discípulos foram para a região da Judeia. Ele ficou algum tempo com eles ali e batizava as pessoas. João também estava batizando em Enom, perto de Salim, porque lá havia muita água. (João ainda não tinha sido preso.)
Alguns discípulos de João tiveram uma discussão com um judeu sobre a cerimônia de purificação. Eles foram dizer a João:
— Mestre, aquele homem que estava com o senhor no outro lado do rio Jordão está batizando as pessoas. O senhor falou sobre ele, lembra? E todos estão indo atrás dele.
João respondeu:
— Ninguém pode ter alguma coisa se ela não for dada por Deus. Vocês são testemunhas de que eu disse: “Eu não sou o Messias, mas fui enviado adiante dele.” Num casamento, o noivo é aquele a quem a noiva pertence. O amigo do noivo está ali, e o escuta, e se alegra quando ouve a voz dele. Assim também o que está acontecendo com Jesus me faz ficar completamente alegre. Ele tem de ficar cada vez mais importante, e eu, menos importante.
Hoje podemos aprofundar em nossa oração contemplando a postura de João Batista diante do sucesso de Jesus. Ela me chamou a atenção principalmente por dois pontos, que normalmente é difícil para nós aceitarmos, quando estamos envolvidos em situações semelhantes.
Um dos pontos que chama minha atenção é a clareza e a firmeza do discernimento de João Batista. Ele sabe exatamente qual é o seu papel. Não se confunde e não busca tirar proveito de sua situação.
Quando lemos rapidamente o evangelho, podemos nos enganar a respeito da dificuldade de João Batista para ter esta postura. Pode nos parecer que tudo aconteceu assim porque já estava traçado para ser assim e pronto. Contudo devemos levar em consideração que João Batista era um homem como qualquer um de nós. Afinal, qual de nós não recebeu de Deus a mesma missão? Qual de nós não foi chamado para preparar os caminhos do Senhor?
A missão de João Batista é missão de todos nós. Pregar a conversão, o arrependimento dos pecados e preparar o caminho para que Jesus chegue no coração de todas pessoas é nossa missão. Depois o que importa é que Jesus cresça na vida daqueles para quem pregamos e que nossa importância diminua, afinal Ele é o Mestre, Ele é o caminho, a verdade e a vida.
No nosso dia-a-dia também confrontamos com situações semelhantes em relação a nossos colegas de trabalho, de escola ou de comunidade. Quantas vezes alguém que chegou depois de nós começa a despontar e ser mais elogiado que nós mesmos e isto nos causa inveja?
Podemos trazer à memória situações parecidas que já vivemos, ou, quem sabe, algumas que estamos vivendo e apresentá-las ao Senhor em nossa oração. Podemos dizer assim: aí estão Jesus, eu apresento ao Senhor minhas dificuldades para saber o lugar que devo ocupar. Ajuda-me a ter o discernimento de João Batista.
O outro ponto que chamou minha atenção é a alegria de João Batista por saber que Jesus estava sendo bem sucedido.
João Batista não só aceitava ser menor que Jesus, como também se alegrava em saber que todos estavam indo atrás dele.
Alegrarmo-nos é superar em muito o simples fato de aceitar nossa condição de coadjuvante. Alegrar com o sucesso do amigo é sentir-se abençoado porque ele alcançou os objetivos dele, não importando se seremos esquecidos. Lógico que não seremos esquecidos, porque se ocupamos o lugar que devemos ocupar, seremos lembrados na medida que necessitamos para nossa felicidade, porém o tentador se utiliza deste sofisma para nos fazer cair na tentação do egoísmo.
Também podemos trazer à memória nossos sentimentos de medo de sermos esquecidos pelos outros, de sermos rejeitados ou menosprezados, e apresentá-los ao Senhor em nossa oração. Da mesma forma podemos dizer assim: Senhor Jesus, aí estão os medos que dificultam meu discernimento mais puro, ajuda-me a enfrentá-los.
Que o Espírito Santo nos dê luz para discernir e força para trilhar os caminhos do Senhor. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte