Nova Arca da Aliança (Mc 6,53-56)
8 de fevereiro de 2016Quem quiser a vida verdadeira (Lucas 9 22-25)
11 de fevereiro de 2016“Alguns fariseus e alguns mestres da Lei que tinham vindo de Jerusalém reuniram-se em volta de Jesus. Eles viram que alguns dos discípulos dele estavam comendo com mãos impuras, quer dizer, não tinham lavado as mãos como os fariseus mandavam o povo fazer.
(Os judeus, e especialmente os fariseus, seguem os ensinamentos que receberam dos antigos: eles só comem depois de lavar as mãos com bastante cuidado. E, antes de comer, lavam tudo o que vem do mercado. Seguem ainda muitos outros costumes, como a maneira certa de lavar copos, jarros, vasilhas de metal e camas.)
Os fariseus e os mestres da Lei perguntaram a Jesus:
— Por que é que os seus discípulos não obedecem aos ensinamentos dos antigos e comem sem lavar as mãos?
Jesus respondeu:
— Hipócritas! Como Isaías estava certo quando falou a respeito de vocês! Ele escreveu assim:
“Deus disse:
Este povo com a sua boca diz
que me respeita,
mas na verdade o seu coração
está longe de mim.
A adoração deste povo é inútil,
pois eles ensinam leis humanas
como se fossem mandamentos de Deus.”
E continuou:
— Vocês abandonam o mandamento de Deus e obedecem a ensinamentos humanos.
E Jesus terminou, dizendo:
— Vocês arranjam sempre um jeito de pôr de lado o mandamento de Deus, para seguir os seus próprios ensinamentos. Pois Moisés ordenou: “Respeite o seu pai e a sua mãe.” E disse também: “Que seja morto aquele que amaldiçoar o seu pai ou a sua mãe!” Mas vocês ensinam que, se alguém tem alguma coisa que poderia usar para ajudar os seus pais, mas diz: “Eu dediquei isto a Deus”, então ele não precisa ajudar os seus pais. Assim vocês desprezam a palavra de Deus, trocando-a por ensinamentos que passam de pais para filhos. E vocês fazem muitas outras coisas como esta.”
A pergunta dos fariseus e mestres da lei neste Evangelho é maliciosa: “Por que é que os seus discípulos não obedecem aos ensinamentos dos antigos e comem sem lavar as mãos?” Eles pegam um preceito humano, um costume, e generalizam: “Não obedecem aos ensinamentos dos antigos.” Ora, havia vários ensinamentos, desde esses mais triviais até os essenciais!
No entanto, a resposta de Jesus é ainda mais sagaz. De cara os repreende: “Hipócritas!” E vai ao cerne do que há por trás da malícia deles: “Este povo com a sua boca diz que me respeita, mas na verdade o seu coração está longe de mim.” As palavras e os preceitos não correspondem a um desejo profundo do coração de ser fiel a Deus. “A adoração deste povo é inútil, pois eles ensinam leis humanas como se fossem mandamentos de Deus.” Ainda por cima colocam na boca de Deus o que Ele não falou e acabam deixando essas normas com o mesmo peso do que de fato Deus revelou como importante, como Sua vontade e preceito.
“Vocês arranjam sempre um jeito de pôr de lado o mandamento de Deus, para seguir os seus próprios ensinamentos.” Aqui está o centro da crítica que Jesus faz a eles. E, como exemplo, cita a falta de caridade com os pais que necessitam de ajuda, o que faz parte do ensinamento da Palavra de Deus, ainda usando Seu nome em vão para se retirarem desta.
Agora que estamos para iniciar a Quaresma, a Igreja nos convida a fazer jejum e penitência, ou seja, algum sacrifício que nos leve a reequilibrar nossas relações conosco mesmos, com os outros e com Deus. O que pretendo oferecer me levará a amar mais a Deus e ao próximo? Ou também é algo meramente “humano”, que não me leva ao caminho que Jesus ensinou?
Vamos pedir a luz do Espírito para olhar nossas vidas e ver onde precisam de equilíbrio, de ser ordenadas no sentido de dar mais importância ao que de fato é essencial e o Pai ensinou pelo Filho. A oração de Salomão, da primeira leitura (1 Rs 8, 22-30), pode nos ajudar, pois ele começa admitindo: “Se os mais altos céus não te podem conter, muito menos esta casa que eu construí!” Eu não posso, Senhor, te conter, te limitar dentro da minha compreensão e das minhas ofertas e sacrifícios. “Ouve as súplicas de teu servo e de teu povo Israel, quando aqui orarem.” Ele inclui ao povo em sua oração e por ele faz intercessão, o que torna sua oração agradável a Deus. “Escuta-os do alto da tua morada, no céu, escuta-os e perdoa!” Pede a Deus que escute e perdoe, que se faça dom para eles e eles possam acolher esse dom na sua pequenez. Assim seja!
Tania Pulier, comunicadora social, membro da Família Missionária Verbum Dei e da pré-CVX Cardoner.