15º Domingo do Tempo Comum – Ano B
12 de julho de 2015“Que pena de você, pois não quer o meu Amor”
14 de julho de 2015Leitura: Mateus 10,34-11,1
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer a paz, mas sim a espada. De fato, vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra. E os inimigos do homem serão os seus próprios familiares. Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim, não é digno de mim. Quem ama seu filho ou sua filha mais do que a mim, não é digno de mim. Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. Quem procura conservar a sua vida vai perdê-la. E quem perde a sua vida por causa de mim, vai encontrá-la. Quem vos recebe, a mim recebe; e quem me recebe, recebe aquele que me enviou. Quem recebe um profeta, por ser profeta, receberá a recompensa de profeta. E quem recebe um justo, por ser justo, receberá a recompensa de justo. Quem der, ainda que seja apenas um copo de água fresca, a um desses pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo: não perderá a sua recompensa.’ Quando Jesus acabou de dar essas instruções aos doze discípulos, partiu daí, a fim de ensinar e pregar nas cidades deles.
Oração:
A fala inicial de Jesus é desconcertante à primeira vista. “Não vim trazer a paz, mas sim a espada. De fato, vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra”.
Jesus está dizendo, com exemplo, que a paz que Ele veio trazer não é igual à paz segundo qualquer entendimento do mundo (Jo 14, 27). A paz que Ele traz tem conteúdo muito específico e não se confunde com a paz que se insinua com o silêncio dos oprimidos, com a contenção dos excluídos, com a sobrevivência dos miseráveis, com as migalhas dadas aos discriminados. A paz d’Ele às vezes tem cenário de luta, e das piores: pai contra filho, filha contra mãe…
Nora contra sogra, governados contra governantes, honestos contra desonestos… o desconforto da paz d’Ele não se restringe, porém, ao exterior. A Palavra é ferramenta tão cortante (Hb 4, 12) que, além de indispor teorias, ideologias, pessoas e instituições, provoca divisões internas; chega à alma do homem e lhe pergunta, como se a resposta não fosse das mais difíceis de dar: “Quem você mais ama? Seu pai ou a mim? Sua mãe ou a mim? As expectativas que eles têm sobre você ou a que eu tenho? O destino que eles traçaram ou a estrada que eu o convido a percorrer comigo? O que sua educação definiu ou a que eu lhe dou?” Ele nos pergunta porque sabe da impossibilidade de percorrer dois caminhos (Mt 6, 24).
A oração nos leve à paz inquieta, que confronta nossas vontades, desejos, planos, possibilidades, previsões, influências, tendências e expectativas. Ela nos leve a decidir internamente e agir conforme essa determinação. A oração seja nossa força nos confrontos externos, os mais aparentes e os mais discretos. E ela seja nosso modo de caminhar até a paz final, que é o Reino construído.
João Gustavo H. M. Fonseca, graduando em Direito na UFMG, membro da Família Verbum Dei de Belo Horizonte