Para ficarem de pé (Lucas 21,34-36)
30 de novembro de 2013Lucas 10,21-24
3 de dezembro de 2013Naquele tempo, quando Jesus entrou em Cafarnaum, um oficial romano aproximou-se dele, suplicando: ‘Senhor, o meu empregado está de cama, lá em casa, sofrendo terrivelmente com uma paralisia.’ Jesus respondeu: ‘Vou curá-lo.’ O oficial disse: ‘Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado. Pois eu também sou subordinado e tenho soldados debaixo de minhas ordens. E digo a um: ‘Vai!’, e ele vai; e a outro: ‘Vem!’, e ele vem; e digo ao meu escravo: ‘Faze isto!’, e ele faz.’ Quando ouviu isso, Jesus ficou admirado, e disse aos que o seguiam: ‘Em verdade, vos digo: nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé.
Para refletir…
Se lermos este acontecimento pelo evangelista Lucas (Lc 7, 1-10), veremos que este oficial romano era querido pelos judeus, pois tinha construído uma sinagoga para eles. Membro inferior na hierarquia do exército romano, o centurião, embora militar romano, certamente era próximo tanto do povo judeu quanto dos seus servos. Esse homem nos dá uma aula de oração. Seria bom passarmos por três pontos de seu ensinamento…
Em primeiro lugar, devemos ter em mente a razão pela qual o centurião se aproxima de Jesus: suplicar-lhe que cure seu servo, pois gostava muito dele (Lc 7, 2). Em nossa vida, o encontro com Deus passa, necessariamente, pelo cuidado com aqueles que amamos. A oração, que é esta conversa que o centurião teve com Jesus, não faz sentido no isolamento. O amor a Deus nos leva ao próximo; o caminho inverso também é verdadeiro: o amor ao próximo nos leva a Deus.
Em segundo lugar, seria interessante pensar neste contraste: de um lado, a estima que os judeus tinham por esse homem; do outro lado, a humildade desse militar, que diz a Jesus de sua indignidade para recebê-lo. Por mais que nos admirem as pessoas, só há uma postura possível diante de Deus, se quisermos uma conversa franca: a postura da humildade. Isso não significa acharmo-nos inferiores, miseráveis ou insignificantes, pois Deus mesmo nos tem em alta conta; significa, tão só, colocarmo-nos como pequenos filhos nos braços de um Pai cuja grandeza não podemos alcançar. Esse militar, sem deixar-se enganar pela admiração dos judeus, enxerga sua pequenez e, por isso, consegue conversar com Jesus com sinceridade.
O terceiro ponto para pensar é o argumento do centurião: para convencer Jesus da possibilidade de seu servo ser curado, mesmo que Jesus não entrasse em sua casa, que ele julgava indigna de recebê-Lo, o centurião lança mão de um raciocínio baseado em sua realidade. “Pois eu também sou subordinado e tenho soldados debaixo de minhas ordens. E digo a um : ‘Vai!’, e ele vai”. Jesus, ao invés de desmerecer o argumento, exalta a fé do homem. Como é difícil, tantas vezes, entender que a oração não requer palavras diferentes, linguajar rebuscado, raciocínios teológicos difíceis… A oração – esta que de Jesus arrancou admiração – é feita com o raciocínio do cotidiano, com as palavras de uma conversa de amigos, com a engenhosidade que temos para resolver nossos problemas mais comuns.
Nossa oração, a de hoje e a de sempre, seja como a do centurião, de quem se disse ser de uma fé rara de se encontrar.
João Gustavo – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte