28º Domingo do Tempo Comum – Ano B
10 de outubro de 2015Lado de fora, lado de dentro (Lc 11,37-41)
13 de outubro de 2015Houve um casamento em Caná da Galileia. A mãe de Jesus estava presente. Também Jesus e seus discípulos tinham sido convidados para o casamento. Como o vinho veio a faltar, a mãe de Jesus lhe disse: “Eles não têm mais vinho”.
Jesus respondeu-lhe: “Mulher, por que dizes isto a mim? Minha hora ainda não chegou”.
Sua mãe disse aos que estavam servindo: “Fazei o que ele vos disser!”.
Estavam seis talhas de pedra colocadas aí para a purificação que os judeus costumam fazer. Em cada uma delas cabiam mais ou menos cem litros.
Jesus disse aos que estavam servindo: “Enchei as talhas de água!”. Encheram-nas até a boca. Jesus disse: “Agora tirai e levai ao mestre-sala!”. E eles levaram. O mestre-sala experimentou a água, que se tinha transformado em vinho. Ele não sabia de onde vinha, mas os que estavam servindo sabiam, pois eram eles que tinham tirado a água.
O mestre-sala chamou então o noivo e lhe disse: “Todo mundo serve primeiro o vinho melhor e, quando os convidados já estão embriagados, serve o vinho menos bom. Mas tu guardaste o vinho bom até agora!”
Este foi o início dos sinais de Jesus. Ele o realizou em Caná da Galileia e manifestou a sua glória, e seus discípulos creram nele.
Para nossa vocação, de sermos lectionautas, Maria é uma grande mestra. Ela é um exemplo e nos inspira no caminho de rezar com a palavra.
Maria desenvolveu o dom de uma escuta atenta. Ela escutou e acolheu a Palavra de Deus. Seu sim é o exemplo para o sim que devemos praticar.
Nem sempre podemos, ou conseguimos entender detalhadamente como tudo irá acontecer. Escutamos a palavra e a questionamos. Damos espaço para Deus falar e nos indicar o caminho a seguir, porém, quase sempre, há uma nuvem cobrindo o entendimento de como aquilo será realizado. No trato com Deus há um mistério sempre presente, algo que ultrapassa nosso entendimento. Nós não o vemos, mas falamos com Ele. Não o ouvimos dizer nada, mas podemos escutá-lo em plenitude. Um diálogo que se dá no mais absoluto silêncio, porém cheio de palavras vivas.
Mesmo sem poder entender como conceberia sendo virgem, Maria ofereceu seu sim para gerar a Palavra de Deus. Cuidou da Palavra e permitiu que Ela crescesse em graça, sabedoria e força.
Lógico que a experiência de Maria foi única, no sentido de que com o seu sim a Palavra de Deus se encarnou literalmente e gerou Jesus, mas em nossa oração também somos convidados a dar nosso sim para que a Palavra encarne em nossas vidas, formando o Corpo Místico de Cristo.
A Palavra de Deus transformou a vida de Maria. Nada que ela pudesse imaginar seria tão espetacular como tudo que vivenciou cuidando de Jesus, presenciando seu crescimento e confirmando no cotidiano de sua vida, dia após dia, o sim que foi dado ao convite do anjo Gabriel.
Penso que nossa oração hoje poderia iniciar pela constatação das mudanças que a adesão à Palavra de Deus causou em nossas vidas. Como a oração diária com a Palavra tem nos transformado? Percebo a Palavra transformando meu ser? Remodelando o vaso na mão do oleiro?
O trecho do evangelho de hoje apresenta Maria inserida no cotidiano da vida de sua comunidade. Ela participava, junto com Jesus, de uma festa de casamento. Nesse contexto de inserção no cotidiano é que somos chamados a dar testemunho do que a Palavra de Deus é capaz em nossas vidas. Quando situações adversas se apresentam, precisamos confiar que a obediência à Palavra é a possibilidade que temos para transformar a realidade.
Maria tinha a mais absoluta certeza de que a obediência à Palavra de Deus tem o poder de transformação da realidade.
Isto pode ser o segundo passo da nossa oração de hoje. Depois de iniciá-la, percebendo as mudanças que o contato diário com a Palavra provoca em nossas vidas, podemos nos perguntar: como tem crescido em mim a confiança de que obedecê-la é o primeiro e necessário passo para experimentar as transformações?
Maria, então, traz o centro da nossa oração para hoje, pois somos convidados a desenvolver nossa vocação de discípulos e apóstolos da Palavra e, como ela, podermos apresentar Jesus e, com muita confiança, dizer: “Fazei o que ele vos disser!”.
Não é Maria que diz o que tem que ser feito. Sua missão é apresentar Jesus, colocar as pessoas em Sua presença e, com seu testemunho, incentivá-las a obedecer. Ela sabe que assim haverá transformação.
Hoje, celebramos o dia de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a Padroeira do Brasil, cuja história está diretamente relacionada com transformação da realidade: três pescadores não estavam tendo êxito na pesca, porém, depois de “pescarem” a imagem da Santa, tiveram uma pesca abundante.
Neste momento histórico que estamos vivendo em nosso país, cujas dificuldades político sociais nos têm desafiado enormemente, ouçamos e confiemos no pedido de Nossa Senhora: “Fazei o que ele vos disser!”. Assim, assumindo em nosso cotidiano a misericórdia e a fraternidade, poderemos ver transformada a realidade. Amém!
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João Batista Pereira Ferreira – Família Missionária Verbum Dei – Belo Horizonte