Mateus 7,1-5 – Convertido e, então, conversor
23 de junho de 2014Mateus 7,15-20 – Frutos que nos orientam
25 de junho de 2014LEITURA
“Completando-se para Isabel o tempo de dar à luz, teve um filho.
Os seus vizinhos e parentes souberam que o Senhor lhe manifestara a sua misericórdia, e congratulavam-se com ela.
No oitavo dia, foram circuncidar o menino e o queriam chamar pelo nome de seu pai, Zacarias.
Mas sua mãe interveio: ‘Não’, disse ela, ‘ele se chamará João’.
Replicaram-lhe: ‘Não há ninguém na tua família que se chame por este nome’.
E perguntavam por acenos ao seu pai como queria que se chamasse.
Ele, pedindo uma tabuinha, escreveu nela as palavras: ‘João é o seu nome’. Todos ficaram pasmados.
E logo se lhe abriu a boca e soltou-se-lhe a língua e ele falou, bendizendo a Deus.
O temor apoderou-se de todos os seus vizinhos; o fato divulgou-se por todas as montanhas da Judéia.
Todos os que o ouviam conservavam-no no coração, dizendo: ‘Que será este menino?’ Porque a mão do Senhor estava com ele.
O menino foi crescendo e fortificava-se em espírito, e viveu nos desertos até o dia em que se apresentou diante de Israel”.
REFLEXÃO
A vida de João, o primo de Jesus, começa cercada de sinais incomuns: seu pai, quando do anúncio de seu nascimento, emudece; para definir-lhe o nome, volta a falar. Sua própria vida é surpresa, pois sua mãe era estéril, e ambos os genitores, de idade avançada. Quando adulto, João “prepara o caminho do Senhor, torna retas suas veredas”, a fim de que “cresça Aquele cujas correias das sandálias ele não é digno de desatar”.
A narração do Evangelho de Lucas sobre a vida de João Batista talvez nos faça crer que o Pai toque com especial atenção a vida de alguns filhos, a fim de que realizem missões especiais. A verdade é que o nível da influência de Deus na história – de cada ser humano e da humanidade – é imensurável; talvez nem faça sentido falar nesses termos, uma vez que Deus vê o tempo por inteiro.
Uma coisa, contudo, é certa: a vida de cada um de nós é cheia de coisas incomuns. Embora aos olhos da fé não seja tão ilustrativa a dicotomia entre ordinário e extraodinário, podemos dizer que, tal qual na vida de João Batista, a vida de cada ser humano está recheada de fatos fora do ordinário. Hoje, questionemos: que é vida na minha esterilidade? Que é vida nova na minha idade avançada? Qual voz sai do meu silêncio?
O olhar sobre a vida de João nos convida a perceber que o incomum da minha vida é sinal da minha missão de preparar o caminho do Senhor. As estranhezas da minha história são indicativos da minha missão de atenceder Aquele que “cresce quando eu diminuo”. As surpresas e sustos da minha vida apontam para minha missão de clarear o caminho e dizer que o tempo é chegado.
Por que então poucos “Batistas” se veem pelo mundo e, por isso, pouco Jesus se revela? Porque nem sempre vivemos nos desertos que preparam nosso espírito. Em tantas vidas, os sinais, as surpresas, o incomum e o extraordinário acabam desperdiçados. O Pai apontou: o filho não viu; ou viu e não quis; ou viu e correu…
Olhemos, pela oração, para os sinais de amor do Pai por nossa vida. Confiemos na profecia que o incomum guarda. Que nosso extraordinário abra o caminho para o que é mais ordinário d’Ele, que é o Amor.
João Gustavo – Fraternidade Missionária Verbum Dei de Belo Horizonte – MG.