Vocês estão admirando essas coisas? (Lucas 21,5-11)
26 de novembro de 2013As minhas palavras não desaparecerão (Lucas 21,29-33)
29 de novembro de 2013“Quando vocês virem Jerusalém cercada de acampamentos, fiquem sabendo que a destruição dela está próxima. Então, os que estiverem na Judéia, devem fugir para as montanhas; os que estiverem no meio da cidade, devem afastar-se; os que estiverem no campo, não entrem na cidade. Pois esses dias são de vingança, para que se cumpra tudo o que dizem as Escrituras. Infelizes das mulheres grávidas e daquelas que estiverem amamentando nesses dias, pois haverá uma grande desgraça nessa terra e uma ira contra esse povo. Serão mortos pela espada e levados presos para todas as nações. Jerusalém será pisada pelos pagãos, até que o tempo dos pagãos se complete. “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. E na terra, as nações cairão no desespero, apavoradas com o barulho do mar e das ondas. Os homens desmaiarão de medo e ansiedade, pelo que vai acontecer ao universo, porque os poderes do espaço ficarão abalados. Então eles verão o Filho do Homem vindo sobre uma nuvem, com poder e grande glória.Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se e ergam a cabeça, porque a libertação de vocês está próxima.”
Continuamos no trecho apocalíptico do Evangelho de Lucas. Falamos deste gênero literário no comentário da terça-feira. Nos anos 70 d.C., Jerusalém foi tomada pelas forças romanas, depois da Grande Revolta Judaica. As muralhas e o Templo foram destruídos e a cidade ficou em ruínas. A este estado se refere o evangelista Lucas, que escreve por volta dos anos 80. Apesar de tantos símbolos catastróficos, próprios deste gênero, este trecho é um chamado à esperança, a acreditar e ver a ação de Deus nesta história marcada pela opressão. Ação que é libertação.
Na oração de ontem, fomos convidados a contemplar nossa própria vida imersa no sistema atual. Hoje podemos contemplar nossa sociedade, as diversas realidades de nosso mundo. Pedir a graça de sentir da dor das pessoas em tantas situações de violência, de injustiça, de depressão, de solidão, de abandono… Ver cada rosto, tantos! Percorrer cada rua, beco, o campo e a cidade, os conflitos de terra, as crianças…
Em meio a tudo isso, a Palavra de Deus vem trazer esperança: “Os poderes do espaço ficarão abalados. Então eles verão o Filho do Homem vindo sobre uma nuvem, com poder e grande glória.” A literatura apocalíptica opõe dois mundos, um caduco, que deve desaparecer, e o novo mundo, que o deve substituir ou já está substituindo. São dois mundos que se digladiam num espaço onde vivem os eleitos. Daí as expressões cósmicas para dizer da vitória do Senhor, do seu poder maior que qualquer outro que se manifesta em nosso meio oprimindo.
Se abrirmos nossos olhos da fé, já podemos reconhecer tantas situações em que o poder de Deus, manifestado no Amor, atravessa a nossa realidade. Quantos gestos de solidariedade em meio às injustiças! Quantos gritos corajosos que protestam enfrentando armas para transformar a realidade! Quantas mãos estendidas ao longo do caminho! Quantas pessoas entregando dons, talentos e inteligências em projetos de transformação! Quantas escolhas tomadas pelo bem comum em vez do interesse próprio! Quantos anônimos, Marias, Terezas, Josés, Pedros que se colocam ao lado dos sofredores e ajudam-lhes a carregar suas cruzes!
“Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se e ergam a cabeça, porque a libertação de vocês está próxima.” O que esperamos não está distante, mas próximo, por isso o chamado à esperança, que já leva a levantar-se e erguer a cabeça, a não perder a coragem, não desanimar no caminho, não desacreditar do amor. Nós também podemos ser sinal de esperança para muitas pessoas em pequenos gestos e opções. Somos chamados a disponibilizar nossa vida para que a libertação que o Senhor traz se torne próxima por ela também. Agradecer a tantas vidas que fazem o Reino, a vitória do amor, próxima.
Oração de dor pela compaixão, mas sobretudo de deixar-nos recarregar de esperança. Há uma resposta para tanta dor, e nós podemos também levar esta resposta. “A esperança tem nome, o futuro tem voz. Nosso grito uma resposta e é Jesus”.
Tania Pulier, comunicadora social – Palavra Acesa Editora – Família Missionária Verbum Dei